Terceira escolha do Draft 2018, Sam Darnold não teve dificuldades em afirmar-se como o quarterback titular dos New York Jets, mas, aos olhos de muitos, continua sem mostrar qualidade suficiente para justificar uma seleção tão madrugadora. Seria pouco sensato tentar argumentar que Darnold já demonstrou que vai ser uma estrela, mas também não faz sentido dar eco a visões de que a sua terceira época será de ‘tudo ou nada’.
Darnold tem progredido e, mesmo com lesões, as suas exibições vão ficando mais sólidas. Quem quer um quarterback já feito não o pode querer ir buscar ao Draft. Darnold é um projeto em desenvolvimento, tal como os Jets. E, o mais importante é que o crescimento, de jogador e equipa, seja sustentável e de longo prazo.
Obviamente que Darnold tem aspectos em que precisa de melhorar o quanto antes. Os dois principais aspectos em que tal se dá são as interceções e a corrida. No total das suas duas épocas na NFL, Darnold tem uma média de mais de uma interceção por jogo. Apesar de, no geral, os seus passes até serem bastante sólidos, com demasiada regularidade saem-lhe bolas que são verdadeiras ofertas ao adversário. Quanto à corrida, é uma arma que Darnold é muito relutante em usar, acabando por recorrer ao passe mesmo em situações em que se vê com via aberta para subir ele mesmo no terreno com a bola. Mesmo que esta não seja uma epecialidade sua, na NFL de hoje é fulcral que o QB não tenha receio de assumir essa responsabilidade de quando em vez e Darnold não o tem feito.
Contudo, Darnold ficaria certamente bem melhor na fotografia se a equipa em seu redor fosse de outro calibre, o que não tem sido o caso. A sua linha ofensiva é terrível e Darnold sofreu, respetivamente, 30 e 33 sacks nestes dois anos nos Jets e que até poderiam ser bem mais, mas Darnold resiste muito bem à pressão adversária, aliás, uma das suas melhores características. Por esse mesmo motivo, os Jets gastaram a sua escolha de primeira ronda no Draft deste ano num homem para o proteger, Mekhi Becton. Com este e mais um ou outro ajuste, esperemos que Darnold passe a ter maior tempo para definir jogadas.
Claro que o tempo para definir também é mais útil quando se tem opções para receber a bola e, nesse campo, os Jets fizeram uma revolução este ano, que poderá bem dar frutos. Para as jogadas de corrida, Bell tem agora a companhia de Gore e do versátil Perine, dando uma bem necessária profundidade de opções a RB.
E, para receber passes, os Jets também fizeram aquisições de qualidade. Escolhido na segunda ronda do Draft, Denzel Mims é a grande esperança para o futuro e há bastante entusiasmo com o que poderá dar aos Jets nos próximos anos. Mais experientes, Breshad Perriman e o duas vezes vencedor do Superbowl Chris Hogan, são contratações mais sonantes e que podem ter um impacto imediato. Nenhum dos dois é uma estrela, ainda que Hogan seja um jogador de grande calibre quando está num dia bom, mas em conjunto com Jamison Crowder dão a Darnold uma leque de opções de qualidade superior aquelas que tem tido até agora.
E não esqueçamos que Darnold é ainda bastante jovem, mais jovem, por exemplo, que a primeira escolha dos Drafts de 2020. Aos 23 anos, o QB dos Jets vai acumulando experiência, tem uma longa carreira pela frente e, acima de tudo, tem sempre mostrado progresso. Vivemos num tempo de imediatismo, mas, por vezes, as boas escolhas só se veem no longo prazo.
Com tempo, Darnold sorrirá. E, com ele, os fans dos Jets.
Foto de Capa: New York Jets