A nova rivalidade do ténis mundial: Mais um capítulo

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    Estamos perante uma nova era do ténis mundial e os rostos dessa nova geração são o italiano Jannik Sinner (atual número um mundial) e o espanhol Carlos Alcaraz, que têm protagonizado duelos muito intensos nos últimos anos.

    Durante algum tempo, os fãs do ténis estavam mais saudosistas pelo contínuo desaparecimento do Big 3 (composto por Federer, Nadal e Djokovic), do que verdadeiramente entusiasmados com outros jogadores que pudessem chegar ao circuito, como foi o caso do alemão Alexander Zverev e do grego Stefanos Tsitsipas, que têm falhado constantemente nos grandes torneios e ainda estão aquém das expectativas neles depositadas.

    Já são 10 os encontros disputados entre Sinner e Alcaraz e certamente que muitos se sucederão, pois o seu talento é indiscutível e a sua margem de progressão é enorme.

    Sinner tem 23 anos e Alcaraz tem 21 anos, têm pelo menos mais de uma década de carreira ao mais alto nível e certamente que nos continuarão a brindar com jogos épicos, como foi a final do ATP 500 de Pequim ganha com os parciais de 6-7 (6), 6-4 e 7-6 (3) ao fim de mais de três horas de jogo, na qual se voltou a superiorizar Alcaraz num encontro em que ficou provado que o futuro do ténis está garantido e em muito boas mãos.

    No confronto direto, o equilíbrio é a nota dominante. Seis vitórias de Alcaraz (três de forma consecutiva) e quatro vitórias de Sinner. 

    O tenista espanhol é um dos jogadores mais imprevisíveis da história do ténis. Um arsenal vasto de pancadas e um grande jogo defensivo, que fazem com que consiga devolver bolas praticamente impossíveis.

    Tem obviamente que melhorar o seu serviço e não ter tantos momentos de desconcentração durante os jogos. A sua superioridade sobre os seus adversários chega a ser insultante e acaba por relaxar demasiado por vezes, vendo-se em apuros e já sofrendo derrotas pesadas por esse mesmo motivo. 

    Mas é sempre importante realçar que tem apenas 21 anos.

    A sensação que dá quando vemos Alcaraz é que pode ganhar todos os seus jogos, inclusive contra Sinner. O tenista espanhol quando está no máximo das suas capacidades, é quase imbatível.

    É um tenista muito completo que joga bem em todas as superfícies, bem demonstrativo de já ter ganho Grand Slams em piso rápido, relva e terra batida.

    Por sua vez, Sinner não deixa de ser um jogador igualmente completo mas ainda não conseguiu dar o salto para se tornar um jogador que consiga ganhar torneios relevantes, fora do piso rápido.

    O tenista italiano tem um excelente serviço, é extremamente consistente, tem um jogo defensivo soberbo mas precisa melhorar o seu jogo de rede, o seu toque de bola e ter uma esquerda mais agressiva.

    A sua pancada de direita é das mais potentes do circuito e é dotado de uma excelente resposta ao serviço. Um jogador que tenha uma baixa percentagem de primeiros serviços, está quase sempre condenado a ser derrotado por Sinner, que parte logo em vantagem na discussão do ponto a partir da resposta ao serviço.

    A sua profundidade de bola e a sua solidez em longas trocas de bolas, desgasta os seus adversários. O peso da sua bola é muito grande e a velocidade com que joga é absolutamente frenética.

    Alcaraz tem mais classe no seu jogo, um jogo de rede maravilhoso (para além de um dos melhores jogos de pés de sempre), e tem-no sabido aplicar na perfeição contra Sinner.

    Nos três jogos disputados este ano (Alcaraz foi responsável por 50% das derrotas de Sinner), apesar de serem jogos bastante equilibrados, Alcaraz soube aguentar fisicamente a exigência de jogar com um jogador que joga sempre a alta voltagem. Alcaraz também está sempre muito presente fisicamente e tem uma grande força mental, sendo que a sua versatilidade tem acabado por levar a melhor nos pontos mais importantes.

    O nível exibicional de Sinner é sempre muito constante, já Alcaraz tem várias oscilações a nível exibicional e mesmo assim, tem conseguido levar de vencida o tenista transalpino.

    Isto quer dizer que apesar de Sinner ter a capacidade de colocar quase sempre Alcaraz em dificuldades, o espanhol acaba por encontrar as soluções necessárias que lhe permitam encontrar o caminho da vitória.

    Esta final em Pequim seguiu essa mesma tónica e Alcaraz podia inclusive ter ganho o jogo mais facilmente e não ser forçado a jogar um terceiro set, como acabou por se verificar.

    Alcaraz serviu para fechar o primeiro set, dispôs de três pontos de set (um deles no seu serviço) mas não os conseguiu capitalizar e Sinner sendo muito frio e pragmático, aproveitou a sua primeira oportunidade para ganhar o primeiro set.

    Sinner vinha de 15 vitórias consecutivas. Outro jogador ter-se-ia ido abaixo mentalmente e deixado de acreditar na possibilidade de dar a volta ao jogo, mas apesar da sua tenra idade, Alcaraz é muito forte mentalmente e é muito consciente do seu valor e do ténis que tem dentro de si.

    Apesar de ter voltado a desperdiçar várias oportunidades de quebra de serviço durante o segundo set e de ter que ter jogado um oitavo jogo interminável (onde teve que salvar dois break points), Alcaraz conseguiu sobreviver, quebrar o serviço de Sinner de seguida e fechou o segundo set com um jogo de serviço em branco com o parcial de 6-4.

    O terceiro set foi um autêntico hino ao ténis. Os dois jogadores com um ritmo frenético, ambos a jogar simultaneamente ao seu melhor nível e foi um regalo para os olhos de todos os adeptos presentes e para os espectadores deste encontro memorável, como foi o meu caso.

    Alcaraz foi o primeiro a quebrar o serviço, teve dois pontos para dupla quebra de serviço mas Sinner soube sobrepor-se às adversidades, conseguiu manter-se vivo no set e aproveitar a sua oportunidade para quebrar o serviço do tenista espanhol em mais um daqueles já célebres momentos de desconcentração.

    O set acabou por se decidir num tiebreak e chegados ao desempate, as estatísticas não eram nada animadoras para Alcaraz. Sinner tinha ganho 18 (!) dos últimos 19 tiebreaks que tinha jogado, algo indescritível.

    O início do tiebreak parecia ser mais uma comprovação dessa estatística brutal. Rapidamente, Sinner fez uso da sua grande resposta ao serviço e profundidade de bola, para tomar conta dos pontos e ficar em vantagem no tiebreak com dois mini-breaks (3-0) e parecia encaminhado para defender o título em Pequim e somar a 16ª vitória seguida.

    Mas Carlitos Alcaraz é uma força da natureza e mais uma vez voltou a demonstrar toda a sua classe e talento, ganhando sete (!) pontos seguidos e somando mais um título ao seu palmarés incrível.

    De destacar que seis desses sete pontos foram winners de Alcaraz, alguns desses pontos foram assombrosos e só ao alcance dos elegidos e dos predestinados, como é o caso do tenista de Murcia.

    Apesar de ser um ATP 500 (terceira categoria dos torneios ATP), o nível desta final foi digno de um torneio do Grand Slam.

    O respeito de ambos um pelo outro é algo admirável e digno de todos os elogios. Nos discursos de comemoração ficou evidente a admiração que ambos têm um pelo outro.

    Sinner tem vivido momentos muito difíceis ultimamente, estando inclusive em risco de ser suspenso durante um ano pela Agência Mundial Anti-Dopagem (AMA) por ter falhado dois controlos anti-doping no início do ano, e Alcaraz tem lidado com a situação com uma maturidade e inteligência emocional assinaláveis.

    A par de Djokovic, é o seu grande rival mas Carlitos (contrariamente a outros dos seus colegas do circuito) é sabedor do enorme talento de Sinner e confia na sua inocência, nunca deixando de enaltecer a sua qualidade tenística mas principalmente a sua dimensão humana.

    Rivalidades como estas são um exemplo para todos os desportistas e amantes do desporto e não deveriam ser a exceção, mas sim a norma.

    Inclusive, os tenistas viajaram em conjunto para Shangai, onde irão disputar um torneio da categoria Masters 1000 daqui a uns dias.

    Certamente que vêm aí mais duras batalhas entre estes dois talentos geracionais. O ténis está muito bem entregue.

    E este foi mais um brilhante capítulo desta rivalidade histórica.

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