ATP Masters 1000 Miami | «You’re not a human, man»

Jogou-se em Miami o primeiro torneio Masters 1000 do ano. Devido à situação pandémica, este foi um dos primeiros torneios a ser cancelado em 2020. Num momento em que os torneios se dividiam entre a América do Sul e Europa, foram muitos os jogadores que desistiram de participar no torneio porque não se quiseram deslocar aos EUA, o que abriu alas a muitos outsiders. As características do piso rápido nos EUA são quase sempre especialmente rápidas e, por isso, os principais favoritos a vencer o torneio seriam dois dos melhores jogadores a jogar neste piso, Medvedev e Rublev.

Muito por causa das desistências no Quadro Principal (QP), tivemos a oportunidade de ver em ação dois portugueses, João e Pedro Sousa, o último estreava-se num QP de um torneio deste nível.

João Sousa, praticamente um ano e meio depois, voltou a vencer um encontro num QP de um torneio ATP. Precisou de quase três horas, mas acabou por conseguir ultrapassar Christopher O’Connel e exibir-se a um bom nível, como, aliás, fez questão de referir ao Bola Amarela, “Estou muito feliz pela vitória. Consegui jogar ao nível a que sempre me habituei e voltar a exibir-me assim depois de algum tempo aquém do que sei que posso jogar deixa-me muito feliz”. Na segunda ronda, teve pela frente um jogador bem mais cotado, Ugo Humbert, e acabou por perder 6-1 6-4, num segundo set bem mais conseguido do que o primeiro em praticamente todos os aspetos.

Pedro Sousa ia estrear-se num QP de um Masters 1000 frente a Pierre-Hugues Herbert, sendo um excelente jogador de pares, o francês é um jogador muito completo e difícil de enfrentar. Não foi, por isso, surpreendente vermos o português a ceder em parciais diretos perante Herbert.

Ainda na primeira ronda, é importante destacar um duelo que vai, provavelmente, marcar uma geração, Carlos Alcaraz vs Emil Ruusuvuori. Os dois jogadores são muito novos e, considerados por todos como dois dos maiores prodígios da sua geração, acabaram por proporcionar um duelo épico decidido apenas na terceira partida com a vitória a cair para o lado do finlandês, Ruusuvuori.

De resto, Ruusuvuori acabou mesmo por ser uma das maiores surpresas do torneio. Numa segunda ronda com algumas surpresas, o finlandês não se deixou intimidar por Zverev e, mesmo depois de ter perdido o primeiro set por 6-1, continuou a acreditar e deu a volta ao encontro. Na terceira ronda, venceu novamente em três parciais frente ao, também jovem escandinavo, Mikael Ymer. O excelente percurso do finlandês acabou por cair por terra apenas nos oitavos-de-final, quando defrontou uma das sensações do circuito, Jannik Sinner.

Na primeira metade acabou mesmo por prevalecer Jannik Sinner, o italiano teve de derrotar Khachanov e Bublik para chegar às meias-finais e defrontar Bautista Agut. No caminho para esta meia-final, no final do jogo contra Bublik, o italiano acabou por ouvir rasgados elogios do tenista cazaque: “You’re not human, man. You’re like 15 years old and you’re playing like this?!”. Nas meias tinha pela frente um jogador que, em teoria, teria armas para lhe fazer frente. Um jogador que obriga o adversário a errar, Bautista Agut era o último entrave à chegada à tão desejada final.

Da teoria à prática foi um tirinho, Bautista Agut jogou na expectativa e deu, desde o início, uma mensagem de que não seria ele a perder o encontro, teria mesmo de ser o italiano a correr atrás e arriscar. O primeiro set correu como o espanhol queria e o break acabou por surgir na última vez que Sinner serviu no primeiro set. A partir do final do primeiro set, Sinner tornou-se mais assertivo e acabou por conseguir imprimir melhor o seu estilo de jogo, quer seja porque errou menos, quer seja porque os seus ataques tornaram-se mais difíceis de contrariar. Com isto, o italiano acabou por dar a volta ao encontro e vencer as duas partidas para garantir a passagem à final.

Na outra meia-final, o favorito à passagem era claramente Andrey Rublev. O russo tem tido prestações muito positivas, estando cada vez mais estabelecido dentro do TOP-10 e contra um jogador como Hurkacz, que goza de um estilo de jogo semelhante, previa-se que a maior capacidade do russo pudesse ser o fator decisivo neste encontro.

Ao passo que Hurkacz teve sempre encontros muito compridos, os dois anteriores em três sets, Rublev estava a ser bastante superior à concorrência e não estava a dar qualquer hipótese aos adversários de sonhar com outro resultado que não fosse a derrota. Apesar disto, quem pareceu sempre mais desgastado e no limite do seu esforço foi mesmo Rublev. O russo teve muitas dificuldades em impor o seu jogo e acabou por, por mérito de Hurkacz, deixar o polaco a comandar os pontos. Num encontro em que nenhum dos jogadores é um particular bom jogador defensivo, quem comanda as trocas de bolas está sempre mais perto de vencer os pontos e as partidas, e foi exatamente isso que aconteceu neste encontro. Hubert Hurkacz, que já tinha ganho a Tsitsipas nos quartos-de-final, confirma a grande semana que está a ter garantindo, pelo menos, o lugar na final.

Sinner e Hurkacz são dois jogadores que se conhecem muito bem, tanto os pontos fortes como os pontos fracos. Para além de serem amigos e companheiros de treinos, já jogaram pares lado a lado e, por isso, quem conseguisse expor melhor as fragilidades do adversário poderia ter vantagem e estar mais perto de vencer um Masters 1000, que seria o primeiro para qualquer um deles.

Mais novo e inexperiente, Sinner mostrou-se, durante praticamente todo o encontro, bastante nervoso, ao contrário do que estamos habituados. Entrou com o peso de ser favorito e isso notou-se. O italiano iniciou o encontro bastante preso e isso deu ao seu adversário o conforto que precisava para estar sempre à frente do encontro. Sinner estava, finalmente, a recompor-se e esteve a servir para fechar o primeiro set, foi nesse momento que os nervos se voltaram a intrometer e foi-se abaixo, acabando por perder o set no tie-break. No segundo set Hurkacz mostrou-se capaz de liderar o rumo dos acontecimentos e nunca deixou Sinner reentrar na luta pelo encontro.

Apesar desta derrota, a prestação de Sinner ao longo do Masters 1000 foi memorável e começa a ser difícil encontrar adjetivos para o jovem italiano, que vai surpreendendo tudo e todos. Agressivo, rápido, ágil e explosivo, é a melhor forma de descrever este italiano que vai marcar uma geração e vai ficar perto de se estrear no TOP-20 já na próxima semana.

Quanto a Hurkacz, conseguiu ser o primeiro polaco a vencer um Masters 1000. Este é apenas o seu terceiro título da carreira e o segundo da época (e o segundo na Flórida, já agora), depois de Delray Beach, em janeiro. Com este resultado, o polaco vai entrar no TOP-20 esta semana pela primeira vez na carreira, aos 24 anos.

Foto de Capa: ATP Tour

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José Maria Reis
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O Zé Maria é neste momento estudante daquele que ele espera ser o último ano de Economia no ISCTE. Desde muito cedo que começou a praticar vários desportos exceto, ao contrário da regra geral, futebol porque chamar pé esquerdo ao seu pé direito é um elogio. Mais tarde percebeu que era com uma raquete de ténis na mão que mais gostava de passar o tempo e foi aí que começou a crescer a grande paixão que tem pelo ténis. Vê e acompanha muito desporto, mas o ténis e o futebol, sobretudo o seu Sporting, são a sua perdição.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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