Del Potro soma e segue no deserto

Realizou-se na passada semana o primeiro de dois ATP Masters 1000 que se disputam em Março em solo dos Estados Unidos. O primeiro, e que já tem fama de ser considerado (de forma oficiosa claro está) o 5º Grand Slam, realizou-se como de costume no Indian Wells Tennis Garden, no deserto da Califórnia. À cabeça estavam praticamente os mesmos dos últimos meses, Roger Federer, Novak Djokovic (que fez o seu regresso à competição), Grigor Dimitrov, Del Potro, Alexander Zverev entre outros, fazendo-se sempre notar a ausência de Rafa Nadal, Murray ou Stan “The Man” Wawrinka – todos afastados devido a lesões.

Numa primeira semana com pouca emoção de uma forma geral, houve um nome a fazer sensação entre os demais: depois de levar de vencido o veterano russo Mikhail Youzhny em três duros sets, o (cada vez mais) imprevisível João Sousa fez o melhor jogo da sua época para, num terceiro set épico, vencer o número 5 do mundo Sascha Zverev (Sousa d. Zverev 7/5, 5/7, 6/4). João Sousa continua a mostrar que, quando tudo indica que o vimaranense está num péssimo momento de forma (Sousa vinha de 4 derrotas consecutivas em primeiras rondas frente a adversários bem mais modestos que o alemão), o português supera-se e é capaz de manter a consistência naquela sua cadência de direitas infernais. No entanto, o estado de graça do Português não durou mais do que dois encontros, graças à boa prestação do canadiano Milos Raonic que conseguiu reproduzir um bom ténis (algo que, nos últimos meses, não tem sido muito frequente) e acabou por confirmar que mesmo assim, o favoritismo tinha razão de existir e eliminou o português ao cabo de 3 sets bem disputados (Raonic d. Sousa 7/5, 4/6, 6/2).

O resto da semana acabou por ocorrer com maior ou menor naturalidade, com Roger Federer a passear pelos courts até à meia-final, e um super-Del Potro (tal como já tínhamos abordado no artigo da semana passada) a superar jogos difíceis frente a David Ferrer (tal como havia acontecido em Acapulco, na semana passada) e Philipp Kohlschreiber que obrigou o gigante de Tandil a disputar 3 sets, tal como o também argentino Leo Mayer. Mas com maior ou menor tranquilidade, Delpo e Federer eram mesmo os melhores em prova. Nas meias-finais, Roger Federer teve a derrota ao virar da esquina, num jogo frente ao mentalmente renovado jovem Borna Coric. O jovem croata de 21 anos apenas fez um torneio absolutamente espetacular, derrotando consecutivamente Bautista Agut, Taylor Fritz e o 8º do ranking Kevin Anderson. E só não juntou a esta lista o nome do Roger Federer porque… é Roger Federer. Num terceiro set atípico, cheio de breaks e surpresas, Coric cedeu quando servia para se manter no encontro, e o suíço “cheirou o sangue” e não perdoou, concluindo a partida com os parciais de 5/7, 6/4, 6/4. Já na conferência de imprensa, o próprio maestro helvético admitiu “Coric foi melhor hoje, eu deveria ter perdido” naquele que foi “o encontro mais difícil do ano”. Mal sabia Federer – que contava então com o melhor arranque de sempre de temporada com 21 vitórias em 21 encontros disputados até então – o que o esperava no Domingo.

Federer mostrou-se permanentemente zangado com o árbitro do encontro
Fonte: BNP Paribas Open

Chegou o dia da Final e Juan Martin Del Potro parecia ser o underdog – como é qualquer jogador que defronte Roger Federer, ainda mais na final de um Masters 1000. A somar a esta condição “inevitável”, o argentino afirmou recentemente que “não há dia em que não sinta dores nos pulsos” – o seu “calcanhar de Aquiles”. Não obstante a Torre de Tandil afirmava-se confiante na véspera da Final e disse saber o que ter de fazer para derrotar Federer novamente (recorde-se que em 2009 Delpo venceu Federer para vencer o US Open bem como nos quartos-de-final do mesmo Grand Slam, no ano passado).

As expetativas eram elevadas para este 25º embate entre Federer e Del Potro e os artistas… não defraudaram os fãs. Num encontro épico, ao nível dos melhores embates de sempre entre estes dois craques, o nível raramente abrandou. Se no primeiro set foi um break solitário no 5º jogo a favor de Del Potro que acabou por ditar o 6/4 a favor do argentino, já no segundo set a história foi diferente. Foi um dos sets mais tensos dos últimos anos para Federer, polvilhado aqui e ali com bate-bocas entre o suíço e o árbitro Fergus Murphy e com um comportamento hostil por parte do público americano para com Del Potro (o fanatismo mundial por Federer mostrou novamente que não tem a mesma classe do suíço, de todo). Neste clima, os jogadores mantiveram o equilíbrio e o set desembocou num natural tie-break – e que tie-break que foi! O suíço adiantou-se no marcador e, com 6-5 no marcador a seu favor, o suíço disparou um primeiro serviço que Del Potro não controlou e o suíço festejou com o público. Cedo demais. O resultado do hawk-eye pedido pelo argentino deu bola fora do suíço – segundo serviço. O suíço não queria acreditar, e serviu a segunda bola que caiu quase um metro para lá dos limites. Tensão ao rubro em Indian Wells. Del Potro dispôs depois de um match-point e, com 8-8 no marcador, o suíço voltou a quebrar o serviço de Delpo fechando o segundo set com 10-8 no tie-break. O terceiro set foi mais do mesmo – ténis da mais alta qualidade para brindar os espetadores – e incerteza até ao final. O set decidiu-se mesmo num novo tie-break mas desta feita Del Potro entrou de forma explosiva adiantando-se por 5-0 no marcador e a partir daí foi uma questão de manter o seu serviço e vencer o seu primeiro troféu Masters 1000 da carreira, derrotando o detentor do título até então e colocando um ponto final na sua série invencível.

Juan Martin Del Potro foi o merecido vencedor
Fonte: BNP Paribas Open

Del Potro surge hoje então na 6ª posição do ranking ATP, a sua melhor classificação desde Fevereiro de 2014 e, se os pulsos o permitirem, o argentino estará seguramente no top-4 no final do ano. Para já, vem aí o ATP Masters 1000 de Miami, será que Del Potro consegue estender a sua série de 11 vitórias consecutivas? Provavelmente, sim.

Foto de Capa: BNP Paribas Open

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Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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