Para o momento de forma do suíço já poucos adjetivos existem, como é sabido, mas relativamente à forma como o croata se exibiu na Austrália podemos dizer que foi mesmo melhor do que aquela que levou o gigante de 1,98m a vencer o seu primeiro (e único) Grand Slam no US Open 2014. Cilic jogou como nunca, disparou autênticas balas de canhão ao longo das duas semanas em Melbourne, mostrou-se rápido e audaz na transição entre defesa e ataque e esteve visivelmente a desfrutar do seu momento ao longo dos encontros que disputou nesta 106ª edição do major australiano. Mas tudo isto não foi, mais uma vez, suficiente para ultrapassar Roger Federer e evitar que o suíço vencesse o seu 20º título do Grand Slam. Num encontro bem disputado e, a espaços, bem emotivo – ao contrários das duas meias-finais – o suíço viu o croata roubar-lhe dois sets e viu-se mesmo obrigado a soltar vários gritos (sim, ele também se enerva em alguns encontros!) para levar Marin Cilic de vencida pelos parciais de 6-2, 5-7, 6-3, 3-6 e 6-1.

Federer mostrou-se, já no discurso final ainda em pleno court, visivelmente comovido, mas extraordinariamente feliz por esta sua conquista: “Estou tão feliz. É inacreditável. É mais fácil quando as finais são de dia. Quando são à noite ficamos a pensar no encontro o dia todo e é mais complicado. Depois do grande ano que tive em 2017… é incrível.” Disse o suíço dirigindo-se ao público presente nas bancadas que o aplaudiu durante largos minutos (como de costume) de pé. Num Australian Open particularmente polémico (devido a algumas acusações de que a organização terá sido “mais simpática” com Roger do que com outros atletas, no que toca a proteção do calor intenso) nada pode retirar o mérito ao que Federer e a sua entourage fizeram e fazem, ano após ano. É absolutamente magnífico. Até quando veremos o suíço de 36 anos a “limpar” troféus com esta sua classe e a aparente facilidade que demonstra, ano após ano?
Foto de Capa: Australian Open