A juntar a toda esta carga sobre a bola, o espanhol coloca a esmagadora maioria das bolas com mais de um metro de segurança acima da rede o que, tomando todo o efeito imprimido por Nadal, faz com que a bola caia abruptamente no solo e ressalte a mais de 1,60 metros de altura, no momento em que o adversário bate a bola – os “livros” do ténis dizem que o sweet spot é atingido quando o jogador bate na bola com esta a rondar os 1,25 até 1,35m de altura. 30 centímetros a mais faz com que jogadores de estatura média-alta como Federer batam recorrentemente a bola ao nível do peito/ombros, tornando-se assim muito difícil (não esquecendo o efeito que a bola traz) de controlar a devolução e, consequentemente, o ponto frente ao espanhol.
De ressalvar ainda que todas estas nuances técnicas ganham expressão quando o clima é quente e seco – exemplos de Monte-Carlo e Barcelona -, pois quando o mesmo não acontece e tanto a terra como a bola se encontram mais húmidas – exemplos de Roma em que o torneio se disputa muitas vezes ao fim de tarde/noite, ou mesmo Madrid em que devido à estrutura da Caja Magica, o court central passa a maioria do tempo escondido do sol – ganham peso, e isso anula parte do efeito que Rafa imprime em cada golpe, sendo assim possível para os adversários encontrarem um ponto de encontro com a bola mais regular e mais baixo, podendo assim disputar os pontos de forma mais equilibrada.
Em tempos julgava-se ser impossível contrariar este estilo de jogo de Rafa. Porém com o passar dos tempos, Federer (e alguns outros, seguindo as pegadas do suíço) lá foram encontrando atalhos para anular esta vantagem do maiorquino (começando, por exemplo, a avançar no court procurando encontrar a bola ainda no seu trajeto ascendente depois de bater no solo, roubando tempo e espaço ao espanhol).
Certo é que Rafa parece ter encontrado novamente antídoto (técnico, tático, mas acima de tudo psicológico e emocional) para qualquer tipo de barreira e fruto disso mesmo são as constantes (desculpem-me a expressão) “sovas” que tem pregado a muito craque no circuito desde Thiem – último a conseguir derrotar Rafa em terra batida – a Zverev passando por Dimitrov.
Irá alguém a tempo de roubar um set sequer ao espanhol durante este ano? Irá ele continuar a “limpar” os troféus da primavera europeia até se retirar? Os meus prognósticos? Não, ninguém conseguirá roubar um set este ano a Nadal em encontros disputados em terra batida e, sim, parece-me que todos os recordes possíveis e imaginários desta superfície serão batidos por Rafa, chegando ele provavelmente à marca dos 13 ou 14 vitórias no principal palco de terra batida, Roland Garros.
Foto de Capa: Roland-Garros
Artigo revisto por: Rita Asseiceiro