Roland Garros (WTA): E assim se confirma uma estrela

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Após uma semana de torneio, chegavamos à fase mais aliciante com apenas uma top dez no elenco, no caso a tenista mais conceituada do momento: a polaca Iga Swiatek, que levava uma série de mais de 30 encontros sem conhecer o gosto amargo da derrota. Um feito que lhe havia possibilitado vencer, pela primeira vez na história, os três eventos prévios a Roland Garros. Com uma primeira semana imaculada, e com as principais rivais a não escaparem ao desaire, era a grande favorita a reconquistar algo que conseguira em 2020.

QINWEN ZHENG: UM NOME A RETER

A ronda dos oitavos de final, via nomes como Sloane Stephens, Cori Gauff, Daria Kasatkina, Veronika Kudermetova, Leylah Fernandez ou Jessica Pegula progredir no torneio. Mas teria, no duelo entre Iga Swiatek, que destilara classe até ao momento, e a novata chinesa, de 19 anos, Qinwen Zheng (74ª WTA), aquele que foi, na minha opinião, o encontro mais agradável de acompanhar de toda a competição.

Com a líder incontestada da tabela, desde a retirada da australiana Ashleigh Barty, Iga Swiatek partia, claramente, como grande favorita para uma vitória simples. No entanto, cedo se percebeu que isso estaria longe de acontecer, pois a jovem asiática, recorrendo a grandes variações de jogo, ia conseguindo desregular o ténis super assertivo da polaca. E, demonstrando um incrível espírito de luta, anularia cinco pontos de set. Mesmo perante os milhares de espectadores que compunham o maior court do mundo, e com uma adversária que arrasara tudo o que lhe aparecera no caminho, ninguém seria capaz, por um instante que fosse, de afetar a mente de Zheng. Ela que recuperaria de um déficit de 5-2, ‘roubando’, no tie-break, o set à categorizada antagonista. Um parcial que poderia ter lançado a dúvida no jogo de Swiatek que  salvo melhor opinião, rubricava o set menos bem conseguido de todo o evento. A partir daí, e limitada da coxa direita, Zheng acabaria por ser presa fácil para a polaca, que venceria os sets seguintes, por 6-0 e 6-2. Não se pense, contudo, que o resultado reflete a exibição da asiática. Foi, isso sim, a líder da hierarquia quem se revelou capaz de subir, e muito, o nível, confirmando, assim, a razão de tamanho domínio no ténis mundial.

Depois de 2h40m, ficou a certeza de que Qinwen Zheng, caso mantenha este nível de jogo, e dotando-o de maior potência, poderá e deverá ser um nome grado da modalidade, ela que está radicada em Barcelona. Um nome a fixar por parte dos amantes do desporto.

DEPOIS DE UM PESADELO, MARTINA VIVIA UM SONHO

Pela primeira vez presente numa fase tão adiantada de torneios do Grand Slam (quartos de final), a transalpina, de 28 anos, e 59ª no ranking WTA, Martina Trevisan, encontrava a 18ª da tabela e vice-campeã do Open dos EUA, a canadiana Leylah Fernandez, nove anos mais nova. Com Fernandez a surgir na refrega com a coxa direita enfaixada, a atleta tinha de alterar o plano de jogo habitual e procurar terminar o ponto o mais rápido possível. E com tal estratégia a ser uma espécie de ‘tiro no pé’, pois os erros foram em grande escala e levaram-na a ceder o primeiro parcial, por 6-2. Já no segundo set, confirmou-se que o duelo apenas está verdadeiramente fechado e resolvido quando o ponto de encontro está concretizado. É que Trevisan serviu em três ocasiões consecutivas para assegurar a passagem, sucumbindo à solenidade do momento, visto ter cedido num tie-break incrivelmente bem jogado. Com a tensão a apoderar-se de ambas, e não obstante todo o esforço da canadiana, seria ao cabo de 2h15m de disputa, e após superar uma depressão devido a uma anorexia nervosa, que a colocara mais de quatro anos fora do circuito, que Martina Trevisan seguia rumo às meias.

De salientar ainda que Swiatek, Kasatkina e Gauff, todas vitoriosas em sets diretos, eram as demais semifinalistas do certame.

FAVORITAS PREVALECEM COM AUTORIDADE

O primeiro duelo das meias finais  seria protagonizado por Iga Swiatek e pela russa Daria Kasatkina. Desde o começo se percebia que as dificuldades da soviética, de 25 anos (21ªWTA), seriam mais que muitas, visto não possuir armas capazes de causar dano no jogo da polaca. Ela que comandava, assim, a seu bel-prazer, resultando num contundente 6-2. Ao contrário do que acontecera no primeiro set, Daria já mais conseguiu desmontar o serviço da ‘menina prodígio’ e cairia, sem apelo nem agravo, em 66 minutos, com um 6-1, na despedida da prova. Já a segunda meia final, entre Cori Gauff e Martina Trevisan, seria favorável à norte americana. Depois de um começo nervoso de ambas, notou-se que era ela quem estava sempre mais calma, confiante e convicta. Após um parcial conquistado por 6-3, cederia apenas mais um jogo, ainda para mais contando com uma Trevisan, ela que era a única fora do lote de cabeças-de-série aqui chegada, a acusar fisicamente – por infortúnio, seria incapaz de defender as suas chances convenientemente.

UMA FINAL DEMASIADAMENTE “IGOCÊNTRICA”!

Chegados ao grande dia, eis que se encontravam as duas mais fortes da quinzena: Swiatek procurava a reconquista, bem como tentava alargar a sua série vitoriosa para 35 duelos, enquanto Gauff pretendia tornar-se na terceira mais jovem de sempre a vencer na cidade-luz.

As coisas começavam, desde cedo, a sorrir à “rainha” Iga, que parecia entrar em modo “rolo compressor”, como fez a tantas e tantas adversárias no decurso da temporada. De resto, o set inaugural seria uma lição de Swiatek, que não acusava, nem por nada, a pressão de ter todo o favoritismo do seu lado. E era sem oferecer nada a Gauff que ‘despachava’ o primeiro set em 35 minutos, por 6-1. O início do segundo set trazia um erro no sistema, que é como quem diz que finalmente Iga parecia dar mostras de ser humana. Um apático primeiro jogo via Gauff avançar para 0-2. Só que essa quebra seria mesmo coisa rápida, com Swiatek a voltar ao nível do primeiro set, permitindo apenas mais um jogo à opositora que, já desnorteada, desmoralizada e descrente, acabou por soçobrar de forma rápida. E, em apenas 68 minutos, Swiatek somaria o sexto troféu da época, assim como recebia o segundo de Roland Garros, algo incrível, pois estamos perante uma rapariga que, aos 21 anos, ameaça quebrar records históricos. Se o conseguirá? Não adivinhamos. Mas algo é claro: não será por falta de potencial.

Foto de Capa: Roland Garros

Artigo revisto por Gonçalo Tristão Santos

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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.

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