22 anos ao pontapé

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Nestas últimas semanas tenho andado nostálgico. De alguma forma a (falta de) idade está a levar consigo a sanidade que sempre pautou a minha vida e as minhas escolhas. Todos passamos por isso, mais cedo ou mais tarde. Até o Benfica. E hoje é dia de pensar nisso mesmo: em escolhas.

Para os que já soltaram o primeiro suspiro, com medo e certeza de que estão prestes a ler mais um queixume anti-Jesus, aproveito para esclarecer imediatamente que não é o caso. Hoje é, isso sim, dia de partilhar memórias. É dia de voltar ao passado. Meus caros e minhas caras: hoje é dia de vos apresentar o onze que marcou a minha vida de Benfiquista.

O Onze Perfeito
O Onze Perfeito

Para que não haja confusões ou debates contraproducentes quero que fique bem explícito que tenho 22 anos e que, por isso mesmo, só aqui estarão jogadores que passaram pelo Benfica desde a época de 1992/1993 até à época actual. Sem mais demoras, comecemos pelo treinador de eleição: Giovanni Trapattoni. Esta é controversa. Mas quantos bons treinadores – tirando um Mourinho à experimentação – é que aqueceram o banco da Luz nestes 22 anos? Pois. Dessa forma, este título ou ia para Jesus ou para o italiano. ‘Trap’ acabou por levá-lo no bolso porque adoro futebol italiano e porque no espaço de um ano este senhor trouxe o Campeonato para casa e só não arrumou com a Taça de Portugal porque o Setúbal resolveu bater o pé – e bem. Sabendo que ainda não havia Taça da Liga na altura…o percurso não é semelhante ao de Jesus? Tire-se a valorização de jogadores, os percursos europeus e as excelentes contratações e a resposta é “sim”.

Guarda-redes? O melhor dos melhores: Michel Preud’homme. Fosse ele alemão e o Kahn nem nunca teria gastado o couro às luvas na selecção.

Defesa esquerdo? Stefan Schwarz. Não é a escolha de que mais me recorde, mas ou era ele ou era Léo. Léo deixou trabalho por fazer, muito em parte por causa de Quique Flores. Já Schwarz, em quatro anos de Benfica, ganhou dois Campeonatos e uma Taça de Portugal. Sai para o Arsenal em 1994, mas antes disso ainda ajudou no 6-3 ao Sporting.

Para a direita é António Veloso. Enorme. E pouco mais há a dizer. Faço apenas um mea culpa porque justifico a escolha com números que Veloso conseguiu principalmente antes do meu nascimento, a 11 de Julho de 1991: sete Campeonatos, seis Taças de Portugal e três Supertaças.

Dupla de centrais: Luisão e David Luiz. Jogaram juntos e, ainda que algumas coisas pudessem ter corrido melhor aqui ou ali – haveria 5-0 contra o Porto se David Luiz tivesse jogado ao lado do ‘Gigante’? –, não me lembro de ver melhor dupla. E isso justifica as duas escolhas. Depois, Luisão é um dos maiores elementos da história recente do Benfica, e David Luiz um dos melhores jogadores de sempre que passou por Lisboa.

Bola para o meio-campo que o texto já vai longo. Na esquerda o jogador que ‘aquece’ o coração de qualquer adepto do outro lado da 2ª Circular: Simão Sabrosa. Hoje no Espanyol, não há benfiquista que o esqueça ou que alguma vez lhe tenha perdoado a saída. Era, aliás, bastante comum ir ao estádio nos cinco anos seguintes à partida para o Atlético de Madrid e ouvir o famigerado “estivesse aqui o ‘pequenino’ que tratava-lhe logo dos rins e fazia golo!”.

Festejo à Rui / Fonte: desportugal.blogspot.com
Festejo à Rui
Fonte: desportugal.blogspot.com

Ao meio o lendário e único Rui Costa. Fosse o casamento homossexual legal em 2008 e muitas teriam sido as propostas aquando do jogo de despedida contra o Setúbal. De forma mais comedida, não houve no estádio quem não chorasse depois desse 3-0. Fui um deles e lembro-me que nunca mais senti o futebol da mesma forma depois disso. Há coisas que não se explicam. Uma delas foi o golo contra a Naval, a passe de Luís Filipe e depois de rodar sobre si mesmo. Taborda só não chorou porque ficava mal na fotografia. Junte-se ao Rui o ‘espartano grego’: Giorgos Karagounis. Um dos únicos jogadores que nunca ganhou nada no Benfica e que, só com três golos marcados em duas épocas, foi um dos médios mais fulminantes, exigentes e capazes a actuar em Portugal. Só desculpei a tragédia em 2004 porque ele estava no banco e Katsouranis estava em campo.

A fechar o círculo de estrelas, na direita, Karel Poborský. O checo jogava tanto que até metia pena olhar para os marcadores directos. Não houve finta que não fosse ridiculamente bem executada e cruzamento que não desse (quase) golo. Fazia de tudo na direita, mas curiosamente o melhor golo que me lembro de o ver marcar acontece pela esquerda, num jogo contra o Braga em 1998. Começou na área encarnada e só parou na baliza bracarense. Maldades…

Para acabar, porque o jantar já está na mesa, o ataque: Miccoli e Nuno Gomes. O português não chegou aos 400 jogos pelo Benfica – ficou a faltar um -, mas conseguiu a proeza de registar 166 golos de águia ao peito. Não é para todos. Infelizmente nunca levou o prémio de melhor marcador da Liga para casa, ainda que o tenha merecido em tantas épocas, ou não fosse ele o 9º melhor marcador da história do Benfica. Quanto ao ‘Rato Miccoli’: Liverpool, Anfield Road e pontapé de triciclo…dizem alguma coisa? Nesse ano só o Barcelona haveria de parar o Glorioso, fazendo ressuscitar o fantasma de Bella Guttman e sua promessa. Em Portugal não passámos do 3º lugar, mas não por culpa do italiano que, em somente duas épocas – ambas marcadas por algumas lesões -, ainda conseguiu fazer 19 golos.

Agora relaxem, terminem a vossa mini e pensem se este até nem é, apesar de tudo, o melhor ciclo do Benfica nos últimos 22 anos. Se continuarem a achar que não, então recomendo um passeio. Longo. Foi num assim que, graças a genialidade alheia, decidi vos presentear hoje com estas memórias.

O 4-4-2 dos sonhos
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