Como é comum todos os anos, o Benfica tem jovens ao longo dos vários escalões da sua academia com aspirações realistas e prováveis de chegar à equipa principal. Aliás, a larga maioria dos campeonatos de escalões de formação da época passada foram conquistados pelo Benfica. Ainda, a maioria dos jogadores campeões do Europeu sub-17, ao serviço de Portugal, fazem parte da formação das águias.
Não obstante, todos sabemos do cuidado a ter aquando da aposta em jovens e, ao passo que uns são o futuro, outros podem ser o agora. Na verdade, todos os jogadores de que falo hoje já se estrearam pela equipa principal do Benfica, mas há uma diferença entre dar uns minutos ao jogador e apostar firmemente num jovem.
5.
Joshua Wynder – O Benfica deve olhar para o setor de defesas centrais com os olhos postos no futuro. Otamendi estendeu a sua ligação ao clube por mais um ano e o clube precisa de um sucessor ao capitão. Não há garantias de que o Benfica deseje vender António Silva e a condição física de Tomás Araújo é incerta, o que abre, pelo menos, duas vagas no plantel. Antes de ir ao mercado encontrar uma garantia, o Benfica deve procurar uma solução ao problema internamente.
A altura para fazer valer Joshua Wynder é agora. O central norte-americano de 20 anos mostrou maturidade no passe ao longo da sua formação e tem-se mostrado difícil de ultrapassar na Liga 2. Tenho dúvidas se tem qualidade para ser titular num clube da dimensão do Benfica, mas pode aproveitar o contexto geral desta época para ganhar oportunidades na equipa principal.
4.
Rafael Luís – Os encarnados mudaram a forma como pensam o meio-campo. Há três anos que Florentino destruía e Enzo/ Kokçu construíam, o que deixou de ser verdade este ano. Com as entradas de Enzo Barrenechea e ainda Manu por fazer valer o investimento, o Benfica aposta em médios defensivos capazes de reter bola, sair de pressão e quebrar linhas de pressão – um perfil comum no futebol moderno e que corresponde a Rafael Luís.
Com uma eventual saída de Florentino, o jovem poderá assumir-se como o terceiro médio defensivo do plantel, ainda com Manu ainda a recuperar de lesão, o ‘miúdo’ pode ganhar espaço e aproveitar as oportunidades para convencer Bruno Lage.
3.

Henrique Araújo – Henrique tem sido emprestado ano após ano e tem visto o seu lugar no plantel ser usurpado por pontas de lança que não só não são melhores que ele, como não conhecem nem de perto, nem de longe o Benfica como ele. No entanto, aproveitou minutos na Eusébio Cup para decidir o troféu (mais uma vez).
Pavlidis é, argumentavelmente, o melhor ponta de lança a jogar em Portugal. Ivanović promete, mas o Benfica tem, nos últimos anos, apresentado plantéis com três pontas de lança. Henrique Araújo é um avançado oportunista, com faro de golo e tecnicamente adequado e o seu lugar no plantel é mais barato do que era o de Belotti, e dá mais garantias.
2.
João Veloso – Voltando ao tema da reformulação no meio-campo, perceba-se que a única solução para render Aursnes ou Richard Ríos é Leandro Barreiro, cujas mais-valias são a sua capacidade de chegada à área adversária e os metros no terreno que percorre; por essa lógica, é uma alternativa mais plausível a Richard Ríos, uma vez que o papel de Aursnes é mais exigente do ponto de vista tático. João Veloso, por outro lado, pensa o jogo de outra maneira e faz-se valer pelo que consegue fazer com bola e não sem ela.
Ao momento, João Veloso é a solução mais confiável do banco do Benfica com bola nos pés – é um médio que entende os momentos do jogo, que consegue encontrar bons passes verticais (como mostrou na Eusébio Cup) e, a par de Enzo, é o único jogador do plantel do Benfica capaz de ditar o tempo do jogo e a velocidade em que a equipa joga. É forte no momento da pressão e tem recursos no que toca à finalização – em condições normais, é a sua época de afirmação, ganhando minutos a partir do banco.
1.

Prestianni – Se há um plano para Prestianni no Benfica, não há melhor altura para o colocar em marcha. O jovem argentino chegou com a premissa de ser o próximo herdeiro da linhagem de craques argentinos que já passaram pelo Benfica e foi até acolhido por Otamendi e Di María, levando-se a acreditar que seria o sucessor do corredor direito quando Di María saísse do Benfica. No entanto, tal não aconteceu e o percurso de Prestianni no Benfica é constrangedor, mas o jogador tem qualidades que o Benfica precisa.
Neste momento, a equipa do Benfica carece de criatividade e há um lugar no onze para um ‘10’ que goste de jogar entre linhas, com capacidade de definição e decisão no último terço, que seja forte no drible e explosivo em aceleração. Neste sentido, o Benfica namora astros como João Félix, Dybala e Brahim Díaz, mas não tem argumentos financeiros que sustentem estas paixonetas e não percebe que o seu criativo irreverente já está no plantel.
Prestianni é jogador de corredor central, é um jovem irrequieto, forte no 1×1, bom com ambos os pés e faz-se valer pelos momentos no último terço. A contratação de um criativo ainda faz sentido, mas seria um crime não aproveitar (novamente) as virtudes de Prestianni.