O Benfica do 4-4-2 tinha mais sucesso porque havia por norma um jogador que estava num forte momento de forma e que acabava por desequilibrar ofensivamente, mais do que propriamente aquilo que a equipa era capaz de construir. Talvez seja esse o maior problema da equipa este ano. Depende demasiado daquilo que Jonas ou Pizzi fazem.
Esta adaptação, com a inclusão de mais um médio criativo como Krovinovic e abdicando de um dos jogadores da frente, é uma tentativa de implementar a construção do jogo de forma faseada e a começar desde a defesa. Os dois jogadores, Pizzi e Krovinovic, vão permitir ter superioridade numérica no miolo do terreno, criar apoios aos laterais e ao mesmo tempo avançar no terreno, seja numa aproximação aos extremos ou mesmo numa incursão pelo meio. Da mesma forma que ofensivamente vai ganhar por depender menos da inspiração dos jogadores da frente, na defesa vai ganhar mais um jogador no apoio às tarefas defensivas, nomeadamente quando é necessário compensar as laterais aquando da subida no terreno de um dos laterais.
Contudo, e pela lógica normal, se por um lado ganha mais um jogador no meio campo, por outro perde a influência na área adversária, o que naturalmente resultará numa quebra da eficácia dos avançados. Primeiro porque apenas vai estar na área um jogador e segundo porque a bola chegará menos vezes e com menos esclarecimento a Jonas, Jiménez ou Seferovic.

Fonte: SL Benfica
Os 72 golos marcados na temporada passada tornar-se-ão uma meta difícil de alcançar a jogar num sistema tático que conta apenas com três jogadores exclusivamente de ataque, bem como irá exigir ao avançado e aos extremos maior disponibilidade física para, caso seja necessário, pressionar a primeira linha de construção da equipa adversária. Sobretudo o jogador da frente, que se crê que nos próximos tempos continue a ser Jonas, ficará com um papel ingrato na estratégia da equipa.
Em qualquer tática, seja ela qual for, há pontos fortes e pontos fracos, no entanto é preciso é que em função das características dos jogadores que compõem o plantel o treinador saiba escolher o sistema que melhor se adequa à equipa. Rui Vitória apercebeu-se disso e optou pela consistência. Resta ver se a mudança não é apenas na forma como a equipa se dispõe em campo.
Foto de Capa: SL Benfica