📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

A serenidade no inferno | Fenerbahce Sk 0-0 Benfica

- Advertisement -

Continua a revelar Bruno Lage o mais profundo dos pragmatismos: respondendo ao 3-5-2 de Mourinho, com Szymansky no apoio à parelha de latagões El-Nesyri-Durán, o Benfica actuou, no papel, num 4-3-3 de contenção; mas quando atentámos que Aursnes era sobretudo mais ala que extremo, percebeu-se que a intenção era a linha de cinco atrás, com Dedic a juntar-se aos centrais para criar a superioridade numérica.

Florentino surgiu atrás da dupla habitual para meter trancas na porta – e na intermediária viu-se acesa batalha de homem a homem, desaguisado que influenciou todo o resto do jogo e o tornou num morninho duelo tático, sem espectáculo nem coisa memorável.

Talvez o preço do bilhete não tenha valido a pena para os 41 mil turcos, e por isso mesmo há que valorizar certos pormenores: como o Benfica demonstra, numa fase tão crucial e sem pré-época, tão acertado discernimento posicional e defensivo, por exemplo. Lage conseguiu a sua quinta clean sheet seguida à base de muita manha, cautela na altura da linha defensiva e atenção aos espaços possíveis em zona central.

 Szymansky só recebeu entre-linhas uma vez e o jogo do Fenerbahce resumiu-se à solicitação das motas laterais, Brown e Semedo, para cruzarem, fosse de onde fosse, na procura do cabeceamento dos tais latagões, tão encafuados entre um imperial Otamendi e um perspicaz António, que coisa de registo só um único cabeceamento à figura.

Além disso, o inteligente e matreiro recurso à falta. Tanto o Benfica utilizou esse método que começaram desde cedo os jogadores do Fenerbahce em desespero, contabilizando-as na cara do árbitro. A irritação dos jogadores acabou por passar para as bancadas e a certa altura o inferno do Sukru Saracoglu era o habitual caos, mas pouco se percebia o intuito de tanto barulho – se assobiar o adversário e sobretudo Akturkoglu, se contestar decisões do árbitro, se apoiar ou até ralhar com a própria equipa.

O Benfica aguentou a barulheira e, adulto, foi, sem nunca controlar totalmente a posse, domando os seus próprios nervos, assumindo-se sempre como um conjunto calmo de jogadores totalmente concentrados e cientes de qual era a sua missão.

Não se jogou muito, tecnicamente e decorativamente falando, mas assistiu-se a mais um desempenho sólido dum conjunto que se inspira nos seus dois destacados líderes: na combatividade e ímpeto do capitão e na transcendência de Fredrik Aursnes, omnipresente, omnipotente, indecifrável nas intenções e inabalável do ponto de vista emocional.

Fredrik Aursnes Benfica
Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

Anatoliy Trubin foi dos melhores e tentaremos aqui andar à volta daquilo que afinal não se passou, apesar de todos termos visto e levado as mãos à cabeça. Não há provas de que aquilo tenha realmente acontecido, a jogada já nem era válida, talvez o ucraniano já nem estivesse interessado no lance, não é verdade?

Sabemos como é Talisca quando a apanha a jeito, sabemos dos efeitos que ela leva, mas seguramente que um Trubin compenetrado naquilo que estava a fazer nunca demoraria tanto tempo a reagir, correcto? É que nem tem sentido na história do jogo, já que, nas poucas, mas inevitáveis vezes que foi chamado a depor, se portou impecavelmente. Um susto desnecessário; uma assombração que, se nunca mais a mencionarmos, mais longe estará de reacender-se na memória colectiva.

A entrada de Talisca foi a morte do artista para José Mourinho, apesar do espadaúdo brasileiro ter entrado a todo o gás. Mas esvaiu-se rápido. Quando, para o meter, o português tira Durán, o Fenerbahçe meio que… desistiu. Perdeu o norte a equipa – talvez construída para um tipo de jogo mais directo, o fio à meada perdeu-se, a coisa nunca mais fluiu.

Quando foi preciso compreender Talisca, menos adepto da bola aérea e mais invasivo das entre-linhas, e quando se pensava que a avalanche vinha aí – especialmente quando Florentino, fruto daquela tendência das faltas e faltinhas que até Mourinho elogiou na conferência, é expulso a vinte minutos do fim – a montanha amarela pariu um rato.

O Benfica acantonou-se, Lage meteu Barreiro junto a Ríos e Gouveia para soltar Aursnes e os turcos pouco mais fizeram que tentar descobrir espaços, lateralizando eternamente até ao apito final.

No fundo: houve sim mais espectáculo nas bancadas que no relvado e continua vivíssimo da vida Bruno Lage, sobrevivendo à custa dum novo eu.

Pedro Cantoneiro
Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, de opinião que o futebol é a arte suprema.

Subscreve!

Artigos Populares

Hora de dar a volta por cima | Moreirense x FC Porto

O início da época foi brilhante para Moreirense e FC Porto, mas as adversidades começam agora a surgir.

Sanjoanense e Varzim empatam a três bolas e Mafra volta a vencer: Eis os resultados de domingo na Liga 3

Este domingo, na oitava ronda da Liga 3, a Sanjoanense empatou a três bolas com o Varzim e o Mafra venceu o Santarém por 2-1.

João Diogo Manteigas vai apoiar João Noronha Lopes na segunda volta das eleições do Benfica

João Diogo Manteigas vai apelar ao voto em João Noronha Lopes na segunda volta das eleições do Benfica.

Ivo Vieira resignado: «Tentámos e quisemos, mas não tivemos argumentos para contrariar o Sporting»

Ivo Vieira analisou o duelo entre o Tondela e o Sporting na Primeira Liga. Jogo marcou o regresso dos grandes ao Estádio João Cardoso.

PUB

Mais Artigos Populares

Bernardo Fontes fez 13 defesas e foi melhor em campo: «O Sporting é uma equipa melhor que nós»

Bernardo Fontes analisou o duelo entre o Tondela e o Sporting na Primeira Liga. Jogo marcou o regresso dos grandes ao Estádio João Cardoso.

João Simões: «Sou adepto do Sporting e além de adepto sou atleta e jogador»

João Simões analisou o duelo entre o Tondela e o Sporting na Primeira Liga. Jogo marcou o regresso dos grandes ao Estádio João Cardoso.

Esteghlal de Ricardo Sá Pinto é novo líder da Liga do Irão

Após vencer o Fajr Sepasi por 3-0, este domingo, o Esteghlal de Ricardo Sá Pinto chegou ao primeiro lugar da Liga do Irão.