O Estádio da Luz foi palco de um jogo que tinha tudo para terminar com triunfo encarnado, mas que acabou com um empate amargo, a 1-1, para o Benfica. Frente ao Santa Clara, reduzido a dez desde a primeira parte, os encarnados dominaram, criaram ocasiões e até se adiantaram no marcador, mas um erro crasso de Otamendi nos descontos ofereceu o golo que permitiu aos açorianos sair de Lisboa com um ponto precioso.
O encontro começou com um Benfica em 4-4-2, imagem de marca de Bruno Lage, apostado em assumir o jogo desde cedo.
Pavlidis e Ivanovic procuraram espaços na frente, enquanto Richard Ríos (que ainda tarda em provar o seu valor), muito ativo no meio-campo, tentava romper a muralha visitante com remates de fora da área. O colombiano chegou a obrigar Gabriel Batista a defesas atentas e manteve índices de acerto elevados nos passes, mas a finalização encarnada teimava em não aparecer.
Seria este um aviso do que estava para acontecer?

O jogo ganhou outro rumo aos 34 minutos, quando Paulo Victor viu cartão vermelho por uma entrada dura sobre Tomás Araújo. Inicialmente sancionada com amarelo, a falta acabou revista pelo VAR e deixou o Santa Clara em inferioridade numérica durante mais de uma hora de jogo.
Intenções à parte, o jogo parecia destinado.
Ainda assim, a equipa açoriana, organizada em bloco baixo com cinco defesas, mostrou estofo defensivo e conseguiu travar grande parte das tentativas do Benfica. O guarda-redes Gabriel Batista, sempre seguro, foi peça fundamental para manter a clean sheet até ao intervalo.
O Santa Clara estava a surpreender por se aguentarem de pé contra um Benfica que andava com a potência ligada. Talvez a pausa das seleções e a preparação para as Champions estejam na origem de umas águias fragilizadas.
Na segunda parte, os encarnados intensificaram a pressão e chegaram, finalmente, ao golo aos 59 minutos. Um livre lateral de Aursnes encontrou Otamendi na área, o argentino ganhou a bola no ar e obrigou Batista a defesa apertada. Na recarga, Pavlidis apareceu oportuno para empurrar para o 1-0, dando vantagem ao Benfica.
Parecia o desfecho natural do jogo. O Benfica estava em vantagem, com um homem a mais e o controlo da posse de bola no jogo.

No entanto, nos instantes finais, a concentração vacilou. Já em tempo de compensação, Otamendi, que tinha sido decisivo no golo encarnado, transformou-se em vilão. Num atraso mal calculado, deixou a bola à mercê de Vinícius Lopes, que não perdoou e empatou a partida aos 92 minutos.
O erro do capitão encarnado caiu como um balde de água fria na Luz. O Benfica, que parecia ter o triunfo assegurado, acabou por ceder pontos de forma inesperada. Do outro lado, o Santa Clara festejou como uma vitória.
Mas este erro nada mais foi do que um resumo do que o Benfica estava a ser no jogo: apagado, a jogar para manter, e sem grande vontade de rematar à baliza e aumentar a distância no marcador.
Nas palavras do treinador, que mesmo assumindo a culpa, afirmou que só teve os jogadores todos disponíveis no dia anterior, fica a questão: estará o Benfica a depender de apenas alguns jogadores para criar uma ofensiva que faz tremer? E, se for esse caso, será uma boa tática para os encarnados?

O campeonato ainda está no início, mas as oscilações do Benfica já se começam a mostrar. Sendo que o problema continua o mesmo: as coisas más acontecem, mas é sempre a mea culpa.
No rescaldo, fica a sensação de que o Benfica pagou caro pela ineficácia e pela falta de killer instinct para matar o jogo. O Santa Clara, mesmo com menos um, mostrou organização e solidez defensiva, levando da Luz um empate que sabe a ouro.