Alex Telles: doutorado em Lateral-esquerdismo com pós-graduação em Cruzamentos

 

Em semana de clássico, há rubricas com o cunho Bola na Rede que adquirem destaque nas redações de FC Porto e SL Benfica. “Jogador que mais admiro” do plantel adversário é uma delas e é no seu âmbito que escrevo sobre Alex Telles, na minha ótica, o melhor lateral-esquerdo a atuar em Portugal. Tem-no sido desde que chegou ao nosso país em 2016 para integrar o plantel azul e branco e tem-se revelado um dos melhores da Europa na sua posição.

Nada atesta a minha convicção como o facto de, pela quarta época consecutiva, o FC Porto não ter ninguém que sequer “mordisque” os calcanhares do brasileiro. É, quiçá, o único imprescindível do onze portista. Na primeira época de dragão ao peito esteve em 45 jogos, mimetizou esse número na segunda época e elevou-o para 53 na temporada transata. Esta (meia) época já leva 32 participações em jogos do vice-líder – que tem 37 jogos disputados.

Mérito de Alex Telles. A falta de uma alternativa ao ex-Galatasaray não é sintomática da incapacidade dos jogadores contratados para a posição; é, antes, um atestado da enorme competência do lateral de 27 anos. Tem tudo. É um lateral moderno que não descura as mais básicas competências de um defesa.

Importa ao jogo ofensivo portista uma enorme verticalidade e largura máxima, uma vez que se sente bem próximo das linhas – lateral e de baliza. Procura-as como poucos no nosso campeonato (melhor que muitos extremos). Ao contrário de Grimaldo, que preza o jogo interior (sobretudo com Cervi – um canhoto – na esquerda), Telles procura mais e melhor a linha de fundo.

O sistema do FC Porto permite-lhe fazê-lo, fruto dos três médios que garantem o jogo interior e do facto de ser um destro que habitualmente alinha como extremo na ala esquerda portista (Luis Díaz, por exemplo, “foge” muito da ala para dentro, dando esse espaço a Telles).

Na última jornada, em Setúbal, Telles apontou o seu sétimo golo da época – a mais produtiva da carreira do brasileiro
Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

Alex Telles procura também o acantonamento ofensivo esquerdo para tirar proveito de uma anormal capacidade de cruzamento. Cruza, bem, de qualquer ponto do terreno: mais atrasado, mais adiantado, mais dentro, mais fora, com mais espaço, com um, dois, três adversários “em cima”. De bola corrida e de bola parada, é do seu pé esquerdo que advém grande parte da ofensiva azul e branca.

Ataca muito e bem, sobe muito e bem, mas também defende e desce com qualidade. É também por aí que se diferencia de colegas de posição como Grimaldo, Acuña, Sequeira, entre outros bons laterais – uns de origem, outros adaptados – do nosso campeonato.

Alex Telles é muito forte nas transições defensivas. Quando a velocidade não o assiste, recorre à falta inteligentemente e com cuidado no timing e no local em que a comete. São raras as vezes em que o lateral portista permite uma transição rápida adversária. No momento defensivo, revela igualmente grandes atributos. Posiciona-se bem, regra geral, é forte e astuto no um-para-um defensivo e não costuma deixar-se bater nas bolas aéreas.

Aos atributos físicos, técnicos e táticos alia características pessoais de elevada importância: tem, de sobra, garra, crença e capacidade de luta e tem ainda alguma capacidade de liderança. Disputa todos os lances nos limites da agressividade desejável.

A tudo isto conjuga a enorme valia que lhe é reconhecida na cobrança de bolas paradas de todo o tipo. É dos melhores, se não o melhor, cobrador de livres diretos da Liga Portuguesa. Quando nada mais resulta ou quando o jogo coletivo falha, ter um elemento como Alex Telles dá um “jeitaço”.

Desde a chegada a terras lusitanas, foi titular e totalista nos oito clássicos realizados desde então. Não soma qualquer golo ou assistência em jogos frente ao SL Benfica, mas é sempre jogador em destaque. Espero que esse registo nulo se mantenha no sábado, mas desejo igualmente que Alex Telles corresponda aos seus pergaminhos de grande futebolista, porque um clássico é feito de e por jogadores da craveira do brasileiro.

Foto de capa: Diogo Cardoso/Bola na Rede

Artigo revisto por Diogo Teixeira

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Márcio Francisco Paiva
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