Bola para a frente é o que é preciso, costuma escutar-se. Fica a ideia da necessidade de progressão da bola, em constante movimento, porque parar é morrer. Nem sempre é o caso. Não raras vezes, a bola parada é a que mais avança e parar por vezes dá vida. Pelo menos, é o que tem acontecido ao Benfica desde o regresso de Jedi… Lage, perdão.
Com Roger Schmidt, a bola parada das águias era uma absoluta nulidade. Nulidade mesmo. Absoluta mesmo. Sem qualquer termo de comparação. Quando comparada, por exemplo, com o que sucede há algum tempo no Sporting, escasseiam palavras para minimamente explicar aquilo que sucedia – ou não sucedia – no Benfica de Schmidt.
As coisas ainda não estão nos píncaros, mas a diferença é já abismal. O Benfica cria cada vez mais perigo nas bolas paradas ofensivas e sofre cada vez menos calafrios nas defensivas. E já marca de bola parada. E já vira jogos de bola parada. Não há uma única alma no mundo do futebol que desvalorize a importância da bola parada, sobretudo em jogos disputados até ao mais ínfimo detalhe.
Era, por isso, ainda mais aterradora a clara falta de trabalho neste capítulo da anterior equipa técnica encarnada. Repito, ainda não está tudo bem neste parâmetro, mas a diferença, repito também, é notória. E, diga-se, não era difícil. Atentando na qualidade de batedores que o Benfica tem e na capacidade que alguns dos seus jogadores têm no jogo aéreo, com Otamendi à cabeça, não era de todo difícil fazer melhor.
O trabalho, por fim, está a ser feito e reflete-se nas movimentações na área, nas zonas para onde a bola é batida, na forma como as águias exploram quer o primeiro, quer o segundo poste, na forma como desmancham o adversário quando este defende à zona ganhando uma primeira bola de cabeça e finalizando com um segundo toque – veja-se o golo de Florentino. É trabalho aliado à qualidade. Um deles sempre esteve lá, o outro começa a aparecer. Até que enfim, deve ouvir-se por essa Luz fora.