Segundas voltas do SL Benfica: os 3 melhores exemplos

Benfica

O recorde da melhor primeira volta de sempre, em termos de percentagem pontual, pertence a Jimmy Hagan, na invencível época de 1972-73 – num campeonato onde o SL Benfica só perdeu pontos em dois empates, consentiu-os quando já a vitória final era dado assegurado para si e adversários, como se fosse fruto dum relaxamento natural resultado de distância tão acentuada na tabela.

Roger Schmidt, apesar do espectacular inicio de temporada e série invencível só interrompida no último sábado, deixou de o conseguir replicar quando empatou em Guimarães (0-0) na jornada 8. E, apesar do campeonato quase irrepreensível dos encarnados até ao momento, o qual lideram com cinco pontos de vantagem para o segundo classificado, a derrota recente atira para debaixo do tapete quaisquer ambições de cimentar nomes a letras de ouro no Guinness encarnado – resta a oportunidade de cumprir segunda volta (ou segunda metade de temporada) ainda mais exorbitante que a primeira, sem qualquer acidente de percurso ou perda de pontos forçada.

Nos últimos anos de Liga Portuguesa, são tendências as recuperações na tabela no sprint para o título – o Benfica fê-lo com Bruno Lage, recuperando sete pontos, feito que Conceição vingou na temporada exactamente a seguir – e convém ao Benfica não relaxar na almofada de cinco pontitos que têm para os competidores directos: o Bola na Rede, num esforço motivacional, recupera as três melhores segundas voltas de sempre do Benfica, para exemplificar a Schmidt e à equipa benfiquista o que têm de fazer para atingir a imortalidade e evitar ultrapassagens de última hora.

1962-63

FERNANDO RIERA: 12 VITÓRIAS E 1 EMPATE

Bicampeão europeu, Béla Guttmann dissera não poder treinar 11 comendattori – depois de Salazar ter agraciado os jogadores com o título, no pós-cinco a três de Amesterdão – e então à sua vida foi, obrigando o Benfica a encontrar-lhe substituto: no Mundial de 62, naquele em que Pélé se lesiona e deixa o palco para Garrincha, Riera comandara a sua nação (que era anfitriã) a um inédito 3.º posto. Trabalho meritório, iniciado em 58 – quando havia saído… do Restelo, onde comandou o Belenenses desde 1954. Em 1955, perde o célebre campeonato em cima da linha de meta para Otto Glória, quando sofre um 2-2 aos 86’ em jogo da última jornada contra o Sporting. Portanto, havia méritos que convenciam responsáveis e adeptos a concordarem com a troca. Pelos resultados não ficou a perder o Benfica.

Campeonato com ainda melhor percentagem de pontos conquistados (só dois empates e uma derrota em 26 jogos) e a melhor segunda volta de sempre, com apenas um empate concedido (à 16.ª jornada, quando se recebeu o Olhanense na Luz). A equipa fulgurou na 1.ª Divisão, Torres substituiu Águas de forma exemplar – foi melhor marcador à frente de Eusébio, 26 contra 23 – mas as exibições deixaram sempre a desejar em terreno internacional, mesmo apesar de se alcançar a final da Taça dos Campeões Europeus. Em Wembley, o Benfica viu-se invadido por arrepiante onda de azares – Germano indisponível, Coluna e Santana figuras de corpo presente desde muito cedo – e o Milan aproveitou para levar o troféu, com um 1-2. Soube a muito pouco e Riera, eficiente e competente apesar de nunca deslumbrar na abordagem tática, viu-se desvalorizado. Saiu sem grande impedimento, dando lugar a Czeizler.  

2015-16

RUI VITÓRIA: 16 VITÓRIAS E 1 DERROTA

Três derrotas em cinco jogos de pré-época (e nenhuma vitória), derrota na Supertaça frente ao Sporting de Jesus, e três derrotas nas primeiras sete jornadas: a 25 de Outubro de 2015, quando Jesus vai à Luz dar um recital de futebol (0-3), o novo projecto do SL Benfica mostrava ser uma fraude de proporções inimagináveis. Rui Vitória tinha sido incapaz de cunhar a equipa com as suas ideias, tinha desperdiçado as rotinas deixadas pelo antecessor e não mostrava arcaboiço para inverter o mau futebol.

Cinco dias depois dessa catástrofe no derby, ia-se a Aveiro defrontar o Tondela e Rui Vitória saca finalmente o coelho da cartola aos 48 minutos, quando faz estrear um miúdo que andava a divertir-se nos Bês: é Renato Sanches, que com 18 anos assume-se como homem de barba rija e a partir daí relega Pizzi para o lado direito do meio-campo, ficando todos a ganhar com a troca: o carrossel começou a engrenar e até ao final da Liga o Benfica faz 22 vitórias em 24 jogos – na segunda volta, só uma derrota inusitada estraga uma série perfeita de 16 vitórias e golos às resmas (47, média de 2,76 por jogo, mais que em… 2009/10, por exemplo), obra duma equipa que cumpre também uma Champions League de alto nível, disputando de peito aberto uns Quartos de Final contra o Bayern de Guardiola (3-2 no agregado).

53 anos depois, Rui Vitória ameaçava Riera – mas ainda não era ele que conseguia atingir o mesmo registo, apesar de igualar o de Jimmy Hagan em 1970-71 (apenas uma derrota a interromper mar de vitórias).

2018-19

BRUNO LAGE: 16 VITÓRIAS E 1 EMPATE

Não era preciso esperar muito. Rui Vitória leva o seu reinado até final de 2018, quando a falência total das suas ideias para o futebol do SL Benfica são expostas ao ridículo num mau começo de temporada e numa derrota em Portimão. A solução imediata de Luis Filipe Vieira é subir o treinador da equipa secundária, Bruno Lage, e escolher o sucessor com muita ponderação.

Contudo, enquanto ponderava e fazia contas, Bruno Lage recupera ideias antigas de vertigem continuada produzida em duas linhas de quatro, um trequartista e um avançado possante – as vitórias começam a sair, o futebol de gala acumula-se e surge a cada quatro dias, o calendário infernal com visitas aos campos dos seis primeiros classificados também (Porto, Sporting, Braga, Guimarães e Moreirense) mas é ultrapassado com uma perna às costas (e em grande estilo com os quatro golos em Alvalade ou a recuperação da liderança em pleno Dragão) e o único percalço é um jogo pateta em plena Luz, contra o… BSAD, o qual chegou a estar ganho por dois golos.

Baldes de goleadas (quatro ou mais golos em 12 dos 19 jogos) elevaram a contagem para 103 finalizações certeiras no final do Campeonato (média de 3,03, melhor que Eriksson ou Jesus), sendo a maioria no reinado de Lage (72 nos tais 19 jogos) que resulta numa média abismal de 3,78 por jogo. Um fartote de bom futebol e registo igualado de melhor volta de sempre, sendo mesmo a mais bem conseguida desde que se introduziram os três pontos por vitória em 1995.    

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