A segunda crise Rogeriana | SL Benfica

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Ter um período menos positivo é algo completamente normal e recorrente no futebol. Mas, no caso do SL Benfica, se na temporada passada esse período se deu numa altura em que os encarnados seguiam isolados na frente do campeonato, e, nos quartos de final da liga dos campeões, este ano a crise encarnada veio mais cedo e com isso torna-se mais problemática.

Depois de uma derrota na abertura do campeonato, e de zero pontos e zero golos marcados em três partidas europeias, as águias voltaram a perder pontos em casa, desta vez frente ao Casa Pia AC, colocando assim o clube numa conjuntura menos positiva.

Tendo isso em conta, é preciso analisar que aspectos trouxeram o conjunto de Roger Schmidt até este momento.

Como um todo, uma das principais diferenças relativamente à temporada passada é a própria identidade da equipa do Benfica, o estilo de jogo que impunha, o famoso gegenpress. Os comandados de Roger Schmidt representavam sempre uma equipa muito pressionante que procurava dominar o adversário, mesmo quando não detinha a posse de bola. Para além da força de pressão, os encarnados procuravam constantes combinações que levavam muito facilmente o conjunto à baliza adversária.

Nesta temporada, essa identidade perdeu-se e com ela a fluidez com que a equipa jogava também.

O futebol apresentado esta época pelo clube da Luz é sem dúvida inferior àquele que o treinador alemão habituou os adeptos anteriormente, e é sobretudo por isso que se nota uma diferença tão assombrosa.

No entanto, as circunstâncias do ano passado também diferiam imenso para o panorama atual do clube.

Peguemos então, em dois aspetos negativos retirados da noite de ontem, o problema na concretização/eficácia e o mau funcionamento da lateral esquerda, por exemplo.

Pois bem, de acordo com a estatística e com aquilo que foi possível ver no decorrer do encontro, o Benfica acabou a partida com um total de sete remates à baliza e treze oportunidades de golo, tendo marcado apenas um.

Isto deve-se em muito àquele que ocupa a posição mais adiantada no terreno, Arthur Cabral, mas, também, àqueles que tanto criaram, mas pouco concretizaram, Rafa e David Neres nomeadamente.

Na temporada passada, a posição de número 9 era ocupada por Gonçalo Ramos, que, na sua terceira época ao serviço da equipa principal, foi o melhor marcador do clube e acabou por ser vendido. Para além de concretizar de forma muito mais regular, Gonçalo destacava-se também por ser sempre o primeiro elemento da equipa a defender. Para além de avançado goleador, o português trazia essa mais-valia diferenciadora ao jogo dos encarnados.

Arthur Cabral num jogo entre o Gil Vicente FC e o SL Benfica
Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

Olhando para essas questões, percebemos, em grande parte, aquilo que se tem vindo a passar com o ponta de lança encarnado de momento. Sendo estes os primeiros jogos de águia ao peito, nota-se claramente uma falta de noção de jogo e de adaptação ao mesmo por parte do brasileiro. Contudo, excluindo o reforço que custou cerca de vinte milhões aos cofres encarnados, Roger Schmidt tem ainda à sua disposição Musa, Tengsted e Gonçalo Guedes para ocupar aquela mesma posição.

Musa, apesar de tudo, sempre mostrou ter um maior rendimento vindo do banco do que a titular. Já Casper Tengsted, tem rendido muito pouco no tempo que lhe é concedido, por isso, é muito difícil olhar para o dinamarquês como a solução para o problema que se enfrenta de momento. Posto isto, fica a sobrar Gonçalo Guedes. Um jogador com mais experiência, com características fascinantes, e que, quando está saudável, é um jogador diferenciador. Não se percebe a falta de utilização de Guedes por parte do técnico alemão. Olhando para aquele que é o estilo de jogo encarnado e os jogadores que rodeiam aquela posição, Guedes é aquele que se enquadra melhor no contexto. Face à crise que os encarnados enfrentam atualmente, a utilização de Gonçalo Guedes poderia ser a solução para os problemas deste capítulo. Falta apenas a confiança do técnico alemão no jogador.

No que diz respeito à lateral esquerda, o problema mostra-se semelhante. Na temporada passada, o Benfica usufruía de um dos melhores alas do mundo na sua equipa. Grimaldo, apresentava o equilíbrio perfeito entre a manobra ofensiva e a recuperação defensiva. Isso fez com que muito do jogo vermelho e branco passasse pelo lateral espanhol, algo que agora não é possível. O seu substituto direto, Ristic, que se assemelhava bastante ao colega de posição, saiu também e com isto o Benfica perdeu os hábitos e as rotinas que havia conquistado até então naquele corredor.

No jogo de ontem, percebeu-se claramente a falta de confiança na lateral esquerda. Na primeira parte, apenas 14% dos ataques surgiram desse lado. Já no segundo tempo, o problema passou pela dificuldade defensiva no mesmo corredor. Jurasek, que entrou para o lugar de Bernat, perdeu a posse de bola várias vezes seguidas e permitiu que o ataque casapiano explorasse de forma regular as suas costas e a profundidade, tendo o golo do empate, surgido exatamente de uma situação desse tipo.

Agora, neste que é o segundo período de crise desde que Roger Schmidt está ao leme dos encarnados, resta saber como é que o técnico alemão e a equipa vão corresponder aos recentes resultados. É preciso ter em atenção que uma resposta imediata será sempre a mais ambicionada, mas nem sempre é a mais realista.

Guilherme Terras Marques
Guilherme Terras Marques
Orgulhoso estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, vê no futebol e na sua cultura uma paixão. É apenas mais um jovem ambicioso que sonha fazer do jornalismo desportivo a sua vida. Escreve com o novo acordo ortográfico

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