Enzo, o motor encarnado

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Enzo Pérez enganou-nos. A todos. Como aconteceu com Cardozo este ano, também o médio argentino endereçou as suas desculpas ao clube da Luz, instituição e massa associativa, através da Benfica TV no início de 2012. Uma lesão no joelho direito, problemas pessoais, um processo disciplinar e “maus conselhos”, como lhes chamou Enzo em entrevista ao canal da Luz, ditaram um primeiro ano infeliz do argentino em Lisboa. Apareceu numa altura em que Salvio regressava a Madrid e em que se procurava preencher um espaço que Ramires havia deixado quando rumou a Londres. Perdi a crença na promessa talentosa que o médio constituía aquando da sua chegada, que custou 5,5 milhões ao Benfica em 2011, e fiquei até indignado com a situação. Hoje, Salvio está de volta (e que falta faz, desde que se lesionou no início de Setembro, frente ao Sporting), o meio-campo está de novo bem entregue, e eu estou completamente rendido e não quero imaginar Enzo Pérez sem a águia ao peito.

Se é inegável que uma dupla como Enzo e Matic oferece a qualquer defesa confiança e segurança no meio-campo, quer a nível de organização de jogo, quer a nível de posicionamento e eficácia defensivos, dificilmente se discordará de que o “motor” Benfica se encontra também no “miolo”. Um motor Enzo que não é Ferrari, mas sim Pérez, um jogador versátil e completo. Tecnicamente avançado, o médio encarnado tem uma visão de jogo e sentido de organização táctica acima da média. Isto para não referir a componente anímica, que segura o argentino ao jogo de forma voraz e com vontade de desempenhar o seu papel com futebol do mais alto nível. Quando digo que Enzo é tacticamente acima da média não exagero: o argentino prevê o jogo com muita antecedência e em muitos movimentos não é acompanhado no seu génio. Elemento indispensável no actual modelo de jogo do Benfica, o número 35 promove a circulação de bola, imprime velocidade ao jogo – sendo fulcral na transição para o último terço do campo – e preenche os espaços vazios com astúcia, tendo sempre em vista a mobilidade da equipa.

Numa altura em que os sistemas do futebol europeu estão já tão avançados, é cada vez mais difícil existir um futebol feito de individualidades. É claro que os craques existem e continuarão a existir, mas têm nestes dias o espaço mais condicionado pela crescente cultura táctica que faz do futebol europeu o mais estratégico e mais explorado a todos os níveis. Neste contexto, é delicioso ver jogadores como Enzo Pérez, Iniesta, Gerrard e tantos outros, verdadeiros sábios do futebol, autênticos estrategas, com a bola nos pés.

Enzo Pérez dedica golo ao lesionado Salvio / Fonte: abola.pt
Enzo Pérez dedica golo ao lesionado Salvio
Fonte: A Bola

Por fim mas não menos importante, Enzo Pérez tem no seu perfil algo por que é conhecido e que me diz muito: a raça. Lutador, empenhado e decidido, o argentino não nega que nasceu para o futebol. A forma como vive o jogo caracteriza-o e quem o viu inconsolável na final da Liga Europa frente ao Chelsea na época passada não pode ter dúvidas de que com Enzo as cores do Benfica são e serão sempre bem defendidas. Com um extra: o bom futebol.

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