Ora, isso no SL Benfica toma proporções muito maiores e muito mais destruidoras do que noutra instituição portuguesa, seja ela desportiva ou de outra área qualquer. E aqui falo-vos de forma mais específica da dupla Jorge Jesus (JJ) e Luís Filipe Vieira (LFV) que, apoiados na 1.ª época do treinador português na Luz, vivem ainda em Estado de Graça. Veremos por quanto tempo.
O jogo de ontem frente ao Paris Saint-Germain FC mostrou a antítese do que era o futebol do Benfica em épocas anteriores: falta de intensidade, falta de magia, falta de classe, falta de talento e, principalmente e cada vez mais, falta de união. E todos estes pergaminhos não deveriam faltar porque supostamente estará lá tudo: nenhum jogador saiu, a equipa técnica está lá, os adeptos são os mesmos e a equipa directiva também. Então o que se passa?
Serei provavelmente “lapaliciano” mas parece óbvio que mais de metade do plantel já não está com JJ e com o seu estado de graça. Pior do que isso, já não está com o Benfica, pelo menos enquanto a equipa continuar a ser orientada por ele. Causas? À cabeça, o final da época passada, o caso Cardozo fragilizou JJ e dividiu claramente o plantel, para além disso, raras não foram as vezes em que vimos jogadores como Enzo, Rodrigo, Gaitán, mal dispostos ou a discutir com o técnico.
Bem sei que são jogadores com feitios complicados, mas faz-me crer que as relações não seriam já as melhores, principalmente no caso dos argentinos, que são dois jogadores decisivos na equipa e influentes no balneário. Depois a falência táctica de JJ: o treinador encarnado não consegue ir mais longe e os jogadores sentem isso.
Sempre fui adepto de Jorge Jesus, sempre gostei da forma ofensiva como o Benfica foi jogando ao longo dos anos, mas a forma como a equipa se afunda contra equipas mais evoluídas a esse nível é inacreditável e a frustração do plantel parece também ser cada vez maior.
Para terminar, a falta de recuperação anímica da equipa, depois de uma temporada desgastante em termos físicos, mas principalmente psicológicos. O caso Cardozo, os festejos na Madeira, o empate com o GD Estoril-Praia, as derrotas com FC Porto, Chelsea FC e Vitória SC são feridas que ainda estão abertas e que desde a pré-época se vão abrindo cada vez mais.
Soluções para tudo isto? Não será fácil! LFV terá em mãos provavelmente a decisão mais complicada dos seus mandatos. Pinto da Costa fez com que o presidente do Benfica tenha pavor em libertar Jesus e os oito Milhões que acordou com JJ farão com que pense muitas vezes antes de tomar uma decisão.

Na minha opinião, tudo continuará como está e o futebol do Benfica permanecerá sofrível, apenas abrilhantado pelas inúmeras estrelas que compõem o plantel encarnado mais forte dos últimos 25 anos.
Para finalizar duas notas. Não referi aqui a “armada sérvia” como um ponto de desagregação do plantel. Ainda não vi nenhuma razão para tal e até prova em contrário, penso que não será decisivo para o momento do Benfica.
A segunda nota passa por LFV, se porventura o presidente despedir Jorge Jesus. Poucos caminhos irão sobrar para além da demissão o que poderá aproximar o Benfica de uma crise financeira obrigatória por tudo aquilo que de forma pouco clara se vai passando nas contas do clube.
Espero estar enganado!
Foto de Capa: Carlos Silva/Bola na Rede