Estamos a pôr-nos a jeito

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Hoje, na véspera de um entusiasmante Benfica vs Estoril, aproveito a oportunidade de escrever sobre o meu Benfica para lançar um repto ao plantel encarnado.

Ao contrário de alguns benfiquistas, que legitimamente se atormentam com os fantasmas do passado, eu não sou daqueles adeptos que dão elevada importância ao passado, às estatísticas ou aos números. Sou mais de valorizar o momento actual das equipas e a sua performance nos últimos jogos. Olhando para aquilo que o Benfica tem vindo a demonstrar neste últimos jogos, é justo elogiar as prestações da equipa, sobretudo pela sua consistência, confiança e assertividade defensiva. Este Benfica, como já se percebeu, não está em campo para dar espectáculo, mas sim para amealhar pontos, e eu não condeno esta postura. De todo. Os adeptos querem vitórias que consequentemente lhe dêem títulos. São esses que ficam para a História do nosso grandioso clube. Aliás, no futebol actual o pragmatismo é um conceito cada vez mais valorizado pelas grandes equipas e parte dos melhores (veja-se Mourinho) é guiada por esse chavão.

Quem me conhece sabe que sou fã incondicional do futebol de posse. Delicio-me a ver o Barcelona a jogar e passei a idolatrar o Bayern de Guardiola. São equipas que, na grande maioria dos jogos, não tremem em campo. Não se sentem vulneráveis, pressionadas e sem confiança. A naturalidade com que os golos vão aparecendo faz com que os adversários se vão resignando aos poucos e que desejem que o massacre termine. Como já se percebeu, era um rapaz inteiramente feliz se o Benfica praticasse tal futebol. No entanto, sou consciente ao ponto de saber que tal desejo é utópico. Não porque o nosso plantel não tenha qualidade, mas porque não temos jogadores suficientes com essas características.

Benfica procura amanhã, diante do Estoril, a quinta vitória consecutiva para o campeonato Fonte: ZeroZero
Benfica procura amanhã, diante do Estoril, a quinta vitória consecutiva para o campeonato
Fonte: ZeroZero

Contudo, o facto de o Benfica não poder implantar tal futebol não significa que não possa ter a personalidade que está inerente a essas equipas. Esta personalidade a que me refiro não se prende com a gestão de jogo que a equipa tem feito nos últimos jogos, e que tem resultado, mas sim à forma como essa mesma gestão não é feita da forma mais correcta e ajustável.

Qualquer que seja, o adepto encarnado não pode aceitar que um clube como o Benfica se acomode com a vantagem mínima em quase todos os jogos, mesmo que seja em casa ou contra adversários visivelmente mais débeis. Enquanto o 1-0 se mantiver, os tais fantasmas do passado vão estar sempre presentes na mente dos adeptos e dos próprios jogadores e esse é um factor sempre prejudicial. Analisando, por exemplo, os últimos jogos para o campeonato- frente a Guimarães e Belenenses-, essa gestão de que falava foi cegamente seguida e as coisas poderiam ter seguido outro rumo. A justiça dos resultados é inquestionável, mas no mundo do futebol nem sempre é ela que impera. Como se diz na gíria popular: “estamo-nos a pôr a jeito” e só os benfiquistas sabem como é perigosa uma escorregadela nesta fase da temporada.

Assim sendo, aqui vai o meu apelo para as hostes encarnadas: meus amigos, não tirem o pé do acelerador. A jogar constantemente para segurar a vantagem, os empates vão acabar por aparecer e as possibilidades de entramos numa espiral recessiva são elevadas. A gestão dos jogos também se faz com investidas ofensivas que resultem em golos e que por sua vez garantam vantagens folgadas. Com as devidas diferenças, temos sempre o exemplo da época em que vencemos o último campeonato nacional. Os massacres que o Benfica impunha aos adversários deixavam-nos completamente de rastos e desacreditados. Hoje em dia, o contexto é diferente e, por isso, não estou a apelar a goleadas consecutivas. Estou sim a pedir vantagens mais folgadas e uma gestão do jogo baseada nos golos e não numa posse de bola muitas vezes desgarrada e periclitante. O pragmatismo a que me refiro também se aplica a esta filosofia. Uma equipa pode perfeitamente estar a controlar o jogo, mas ao mesmo tempo ganhar metros no terreno e assustar o adversário, sobretudo quando este é bem mais fraco que o Benfica. Naturalmente, quando faço este apelo não espero que seja aplicado em jogos contra oponentes da mesma valia que os encarnados, mas sim em jogos contra equipas de quem não se esperam grandes dificuldades.

Quem vê alguns do Benfica fica com a ideia de que se o adversário fosse mais forte poderia ter roubado pontos aos encarnados. De facto, essa análise não me parece tão descabida, sobretudo se recordamos alguns jogos desta temporada. Se é certo que o desacerto do adversário é muitas vezes motivado pela excelente organização defensiva da equipa – e esse  é um factor a ter em conta-, também é correcto afirmar que a equipa do Benfica têm de ser mais incisiva ofensivamente e criar mais oportunidades de golo que evitem o sobressalto constante em certos momento do jogo. Na verdade, Jorge Jesus parece partilhar desta mesma opinião e já alertou a equipa para o excesso de confiança, esperando que a mensagem tenha chegado ao jogadores.

Deste modo, e para terminar, espero este repto seja considerado já no jogo de amanhã com o Estoril e que o resultado seja uma vitória justa, mas simultaneamente convincente e autoritária para mostrar aos nossos perseguidores que este é o ano do glorioso.

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