Jupp Heynckes | O primeiro treinador alemão do SL Benfica

    Naturalmente, pois, volta no ano seguinte à La Liga, assentando as malas nas Ilhas Canárias com o Tenerife à sua espera. É o trabalho meritório – meias-finais da Taça UEFA, além dum 5º lugar – que lhe dá o emprego em Madrid. Portanto, até 1999, já fora campeão alemão e europeu, além de registos respeitáveis em clubes de segunda linha. Sabia o que era ganhar e manter-se no topo.

    Muitas bocas abriram-se de espanto então pelo coelho tirado da cartola por Vale e Azevedo, que conseguiu atrair para aquele Benfica moribundo alguém habituado a ganhar consecutivamente há duas décadas.

    O dinheiro em falta nos cofre não permitiu grandes remodelações de plantel, pelo que as adições feita cingiram-se a regressos de emprestados – Maniche, Marco Freitas e José Soares – , contratações a custo zero como Chano, de baixo custo como um ainda desconhecido Robert Enke ou empréstimos: Okunowo, vindo do Barça, Tote – e não Totti, como se pensou inicialmente na comunicação social – do Real Madrid.

    Preud’Homme despede-se no jogo de apresentação, entregando a baliza a Bossio e a um verdinho Enke. Um prenúncio do que aí viria – não levado a sério pelos adeptos, eufóricos pelas circunstâncias de início de época e por um começo de campeonato avassalador, com seis vitórias e um empate nos primeiros sete jogos – um recorde que só Jorge Jesus, em 2009-10, superou.

    O SL Benfica era primeiro no final de Outubro. Milagre. A equipa ia bem por cá e lá fora, com vitórias em Bucareste (0-2) frente ao Dynamo (que tinha como dupla atacante Marius Niculae e Adrian Mutu) e em Salónica (1-2) frente ao PAOK.

    Ia tudo de vento em popa até Jaime Pacheco pôr água na fervura e vir à Luz com o seu Boavista dividir pontos. Estávamos na 8ª jornada, a 24 de Outubro. O início do fim.

    Na noite de Halloween, o Benfica foi ao Ribatejo ser massacrado pelo Alverca. 1-3. A 4 de Novembro, recebe o PAOK para uma segunda mão que se pensava confortável – errado, que os gregos fizeram-se efectivamente gregos e arrancaram um resultado em espelho do da primeira mão, obrigando o jogo a ir para os penalties. O Benfica lá se safou com Enke em destaque: duas defesas, que não teriam sido feitas soubesse ele o que se seguiria.

    Mas antes, e dando fôlego para o ciclo infernal, vitória frente ao Braga (2-1) e ao Torres Novas (1-0) para a Taça. Ufa, fixe. Pena que o próximo passo fosse a visita às Antas, o que nos anos noventa significava quase sempre derrota: sim, outra, por 2-0. Nem foi preciso voltar a Sul a seguir que a meio da semana havia competições europeias ali perto. Em Vigo, nos Balaídos.

    E pronto, estávamos a 25 de Novembro com a época perdida. No final do pesadelo, Vale e Azevedo atira culpas para os jogadores, obrigando João Vieira Pinto a dar a cara em conferência de imprensa caricata. O clube estava em reboliço, o escândalo instalou-se e nunca  se vira algo assim. Era o fundo do poço para o Benfica, que ironicamente estava… em primeiro lugar do campeonato: 10ª jornada, mais quatro pontos que o FC Porto e cinco que o Sporting, que – spoilers – viria a ser campeão.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.