Não rasguem a receita!

    Para atingirmos este ponto foi necessário fortalecer os alicerces com segurança, numa cadência regular e constante, por vezes sabiamente discreta e surpreendente mas sempre com consistência e qualidade. Não foi necessário, por outro lado, abanar a estrutura de todo o edifício, despachar com ruído e aparato treinadores ou plantéis inteiros, em busca de soluções milagrosas que, à lei da força e dos berros, não podem nunca existir. Há trabalhos para os quais a sublevação ou a revolução não servem, resultando, apenas e só, na criação de um caos contraproducente, incapaz de granjear bons resultados para o presente e, sobretudo, para o futuro do clube e da própria modalidade. O ambiente de estabilidade vivido no Benfica permitiu realizar, a cada época, acertos cirúrgicos capazes de transformar todas as modalidades em projectos desportivos de sucesso, liderados por dirigentes e treinadores competentes e atletas comprometidos com os objectivos colectivos – desta forma, a vitória, quando não está certa, estará sempre muito mais próxima.

    Qual o real valor dos 32 golos e 11 assistências de Jonas? Fonte: SL Benfica
    Qual o real valor dos 32 golos e 11 assistências de Jonas?
    Fonte: SL Benfica

    A direcção do Benfica (e Luís Filipe Vieira, na qualidade de presidente) tem a maior fatia do mérito. Recuso, todavia, a criação de mitos em torno do sucesso: no Benfica não existem reis Midas. Cabe, em primeiro lugar, aos sócios e adeptos recordar que tudo aquilo já alcançado é apenas fruto da receita redigida e colocada em prática, na última década, por um conjunto de pessoas competentes e bem-intencionadas. O Benfica encontrou uma fórmula sem drama, nem histerismos; sem demagogia ou populismo. A receita resulta – e convirá a todos os interessados evitar que a rasguem, em nome de uma invencibilidade ilusória que a vitória pode criar, mas que, ausente de realidade, resultaria, invariavelmente, em maus cozinhados.

    Artigo revisto por Bárbara Mota

    Foto de capa: SL Benfica

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    João Amaral Santos
    João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
    O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.