O Benfica da “Pedreira”: Sem canudo mas com telescópio

paixaovermelha
Ainda sobram muitos atritos do jogo de Braga e é importante analisar as razões que levaram à perda de três pontos. A primeira derrota da época para a Primeira Liga pôs a nu as características mais negativas do atual Benfica – e não falo apenas do plantel. Jorge Jesus é o principal culpado da derrota na “pedreira” e não faltam ilações a tirar das (péssimas) decisões do treinador encarnado.

Primeiro, ao organizar taticamente o seu onze, a condição física das duas equipas devia ter sido um fator determinante nas escolhas de Jorge Jesus. Como é habitual na Liga dos Campeões, o Benfica vinha de um jogo de alta intensidade frente ao Mónaco, realizado apenas quatro dias antes da derrota do passado domingo. O SC Braga, por seu turno, fez o seu último jogo perante o modesto Alcains, uma semana antes do jogo com o Benfica. Sabendo do estado físico das duas equipas, não teria sido mais inteligente optar por uma defesa rígida, com um bloco mais baixo, em vez de uma linha defensiva demasiado alta (quase ao meio-campo) e a oferecer claramente as costas aos rapidíssimos alas bracarenses? Foram incontáveis as vezes que Rafa, Pardo e, mais tarde, Salvador Agra exploraram o imenso espaço dado pelos defesas do Benfica.

Ainda antes do jogo se iniciar, o onze titular deixava bem vincada a ideia de Jorge Jesus: pressão alta e mobilidade na linha ofensiva. Nos primeiros minutos tudo correu bem, mas rapidamente a estratégia se desmoronou: Gaitán, que perfurou por completo a defesa do Braga nos minutos iniciais, não foi capaz de pegar no jogo; Talisca, à imagem dos últimos jogos, fez um golo e pouco mais; Salvio deambula entre o genial e o banal, sem nunca consolidar o seu futebol; Lima… bem, sobre o brasileiro os números dizem tudo: dois golos em 881 minutos. Parece-me evidente que há certos jogadores que, não descurando toda a sua qualidade e importância, podem (e devem) ter algum descanso. Falo especificamente de Lima e de Talisca, que, salvo um equivoco, adquiriram um lugar anual no plantel titular das águias. Não só permanecem no onze, independentemente do défice de rendimento, como raramente são substituídos no decorrer da partida. Aliás, alguém entende a razão para Jorge Jesus efetuar apena uma substituição (Jonas por Samaris) quando era perfeitamente visível a péssima condição física de vários jogadores do Benfica? Tiago, Pizzi ou Cristante são opções válidas e que dariam, pelo menos, fulgor físico.

A superioridade numérica do Braga no meio-campo foi sempre evidente Fonte: Zerozero
A superioridade numérica do Braga no meio-campo foi sempre evidente
Fonte: Zerozero

Mas, ainda assim, o grande problema do Benfica em Braga ocorreu durante o jogo e teve o mesmo Jorge Jesus como culpado. Após uma primeira parte bem dividida (o empate ao intervalo expressava na perfeição o desenrolar da partida), o Benfica entrou para os segundos quarenta cinco minutos totalmente dominado pelo Braga. De forma perspicaz, Sérgio Conceição desceu Tiba para junto de Danilo e o Benfica nunca mais se encontrou. Os três médios do Braga (com Rúben Micael a “10”) engoliram por completo a dupla Samaris e Enzo. A equipa benfiquista gritava por uma alteração tática que permitisse impedir a óbvia superação do Braga na zona central. Mais uma vez, Jorge Jesus mostrou-se incompetente na leitura do jogo e, quase escandalosamente, retirou Samaris (que já estava amarelado), desceu Enzo para a posição 6 e Talisca para a posição 8 e fez entrar Jonas para segundo-avançado. Como esperado, a alteração nas posições teve mais de negativo do que positivo. Se já era difícil a bola chegar aos avançados encarnados, a partir deste momento deixou de existir uma ligação mínima entre os setores, o que criou um autêntico buraco entre o meio-campo e a linha avançada.

Novamente vejo-me obrigado a questionar por que razão, ao ver a óbvia superioridade numérica do Braga no centro do terreno, Jorge Jesus não utilizou um meio-campo com três jogadores capazes de fazerem a devida contenção e obstruir, em grande parte, as transições rápidas do adversário?

O que é certo e fatual é que o Benfica, na presente temporada, ainda não conseguiu vencer um jogo de dificuldade média/elevada. Sporting, SC Braga, Zenit, Bayer Leverkusen e Mónaco – todos eles causaram sérios problemas e são a prova de que o Benfica não tem uma percentagem de sucesso elevada frente a equipas com recursos iguais ou superiores. Nestes duelos, o Benfica é quase sempre dominado. A lógica impera: quem domina tem maior probabilidade de vencer. Não foi por acaso que o Benfica de Jorge Jesus se tornou campeão nacional somente nas duas vezes em que, na mesma época, venceu pelo menos um jogo frente ao FC Porto, ao Sporting e ao SC Braga. Em toda as outras épocas, o Benfica não foi capaz de levar de vencida um ou mais dos principais adversários.

Cai um mito. Ou ainda alguém dúvida da importância dos jogos grandes?

Pedro Beleza
Pedro Beleza
Benfiquista até ao último osso, mudou-se do Norte para Lisboa para poder ver o seu Benfica e só depois estudar Jornalismo. O Pedro é, acima de tudo, apaixonado pelo desporto rei e não perde uma oportunidade de ver um bom jogo de futebol.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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