O plantel (quase) perfeito

    André Horta tem inegável qualidade; todavia, a titularidade no Benfica soa a precipitação Fonte: SL Benfica
    André Horta tem inegável qualidade; todavia, a titularidade no Benfica soa a precipitação
    Fonte: SL Benfica

     

    Sucedeu com Enzo Perez; com Pizzi e Renato Sanches. Em todos estes casos, foi a necessidade – ou, se o leitor preferir, a falta de soluções de raiz – a estimular a veia criativa do treinador. Felizmente, estes exemplos, um por ano, um por cada título de campeão, culminaram em histórias com final feliz, de gordos triunfos de bola e tesouraria. Estes desfechos não impedem, todavia, que se ignorem certas lacunas individuais, próprias de quem aprendeu, num par de meses, a ocupar o centro nevrálgico colectivo. Problemas de carácter técnico e táctico – defeitos que, ainda assim, não superaram as virtudes –, mas que contribuíram, a determinada altura, para que o jogador do momento fosse capaz, sem reservas ou excepção, de fazer mais e melhor, relegando o seu antecessor a uma recordação suave e doce.

    Num plantel tão rico, tão unanimemente elogiado, não existem, neste momento, elementos capazes de fazer esquecer Renato Sanches, nem qualquer um dos outros médios enumerados. Essa vaga fundamental continua ocupada por jogadores interessantes, jovens de grande qualidade e futuro, embora, a bem da verdade, nenhum destes atributos – a que se soma o muito querer – possa dar, a este nível, garantias absolutas e imediatas.

    André Horta não engana; correm-lhe nas veias futebol e benfiquismo. O seu jogo, porém, é (ainda) demasiado curto; falta-lhe a verticalidade, a explosão, a capacidade de criar rupturas, de galgar metros com a bola, de provocar desequilíbrios, em força e velocidade – características indesmentíveis de Renato Sanches. Foi a sua postura (mais) passiva, de médio de bola no pé, que privilegia a circulação, bem ao jeito de André Gomes, que retirou ao Benfica capacidade de dominar o Sporting de Braga, de controlar os acontecimentos, durante longos 60 minutos e até à chegada do tranquilizador segundo golo. Não duvido, por um segundo, da sua qualidade, do papel que, mais cedo ou mais tarde, ocupará na equipa. No entanto, para já, é ainda demasiado cedo para André Horta – e a pressão a que está sujeito só lhe poderá fazer mal.

    Quando se consegue oferecer a Rui Vitória um super plantel, com titulares e alternativas – sejam eles quem forem – de grande categoria, não se pode deixar o trabalho a meio; não é possível esquecer o reforço da posição que, no esquema utilizado pelo Benfica, é, mais que nenhuma outra, basilar.

     

    Foto de Capa: SL Benfica

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    João Amaral Santos
    João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
    O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.