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Por onde pode evoluir o modelo de jogo ofensivo do Benfica de José Mourinho?

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Benfica

O plantel do Benfica, assim como José Mourinho e a restante equipa técnica, têm vivido semanas intensas e de grande exigência, face à densidade competitiva desde a chegada do treinador à Luz, a 18 de setembro de 2025. As contrariedades de um plantel que não foi construído por si e o pouco tempo para implementar dinâmicas consistentes nos microciclos de treino têm sido desafios constantes. Ainda assim, esses obstáculos têm sido disfarçados pelos resultados positivos recentes (com exceção da deslocação a Newcastle).

Numa tradicionalmente deslocação difícil à Cidade Berço, o Benfica sentiu dificuldades perante a postura pressionante do Vitória SC, sobretudo na primeira parte. Os vimaranenses pressionaram a saída de bola encarnada com quatro jogadores projetados (os três avançados mais Samu Silva) e mantiveram uma organização eficaz num 4-4-2 sempre que baixavam o bloco para o seu meio-campo. Assim, o Benfica teve dificuldades em chegar com perigo à área adversária, exceção feita aos rasgos de Gianluca Prestianni pelo corredor direito (apoiado por Samuel Dahl e Georgiy Sudakov, que derivava muitas vezes para a esquerda).

O argentino encontrava espaço para os duelos individuais com Miguel Maga, ainda que nem sempre tomasse as melhores decisões, como o próprio José Mourinho referiu em resposta ao Bola na Rede. Do lado oposto, Dodi Lukebakio, o grande desequilibrador da equipa, foi praticamente anulado por João Mendes na primeira metade, e nem as ligações e complementaridade com Fredrik Aursnes resultaram em ocasiões de perigo.

Dodi Lukebakio
Fonte: João Freitas / Bola na Rede

Ao intervalo, José Mourinho mexeu na equipa e, apesar de o mindset ter mudado, como o próprio sublinhou, os ajustes táticos foram determinantes. A entrada de Leandro Barreiro alterou por completo a dinâmica ofensiva, oferecendo maior presença em zonas de finalização e movimentos de trás para a frente que criaram desequilíbrios na linha defensiva do Vitória SC. Com isso, Lukebakio passou a encontrar o espaço que lhe faltara na primeira parte, tanto para criar a partir do cruzamento ou através do remate.

Ainda assim, o jogo do Benfica deixou sinais interessantes quanto ao processo ofensivo. A variabilidade posicional de Aursnes, que jogou a lateral-direito, permitiu à equipa encarnada colocar, em vários momentos, cinco jogadores no corredor central (não apenas os três médios, mas também o próprio Aursnes e Vangelis Pavlidis, que recuava frequentemente para se associar, tal como Prestianni, que surgiu em movimentos interiores). Com a inteligência tática do norueguês, que percebe muito bem quando deve pisar terrenos interiores ou abrir na linha para dar largura, poderá residir aqui uma das chaves para a evolução do modelo ofensivo do Benfica.

Fredrik Aursnes e Tomás Araújo
Fonte: João Freitas / Bola na Rede


Num plantel constituído maioritariamente por jogadores de bola no pé, o aproveitamento dessa superioridade numérica no meio-campo poderá ser o ponto de partida para construir as jogadas de ataque, ativando posteriormente os corredores e a velocidade de Lukebakio, bem como a irreverência de Prestianni ou Andreas Schjelderup. No encontro em Guimarães, Richard Ríos mostrou preocupação em fechar muitas vezes o lado direito quando Aursnes subia, mas, perante equipas que coloquem apenas um homem na frente, o risco poderá ser compensado. Se Richard Ríos assumir com mais confiança a zona central, o Benfica manterá superioridade numérica atrás (com Tomás Araújo, Otamendi e Dahl no lado esquerdo), desde que exista leitura e coordenação adequadas por parte dos defesas centrais.

A dúvida seguinte será perceber onde encaixar Aursnes com o regresso de Amar Dedić à direita, um jogador que também tem qualidade para avançar por terrenos interiores com bola e poderá ser importante nessa mesma dinâmica. Mesmo que Aursnes regresse ao lado esquerdo, a premissa mantém-se: continuar a gerar superioridade no meio. Também Samuel Dahl, embora menos arrojado nas suas ações, tem características que lhe permitem ocupar zonas interiores quando o extremo do Benfica abre na linha.

jogadores Benfica
Fonte: João Freitas / Bola na Rede

Uma peça essencial para desenvolver esta dinâmica central poderá ser Tomás Araújo. O central português, que recentemente consolidou a dupla com Otamendi, destaca-se pela qualidade com bola e será fundamental para assumir o risco nos passes verticais ou conduções progressivas, atraindo o adversário e lançando, a partir daí, o processo ofensivo.

Para o pouco tempo de trabalho de José Mourinho no comando técnico, seria injusto afirmar que o Benfica depende apenas de recuperações altas e transições rápidas. Para além disso, Lukebakio é o único jogador do plantel capaz de atacar o espaço e as costas da defesa adversária, o que restringe a variedade de soluções no último terço. Até ao mercado de verão, altura em que José Mourinho poderá reforçar o ataque com perfis complementares, o crescimento do Benfica poderá muito bem passar por este fortalecimento do corredor central. É a partir dele que a equipa poderá criar a base para, depois, acelerar pelos corredores e atacar a baliza adversária com mais objetividade e critério.

Benfica Jogadores
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: O Vitória SC, na primeira parte, foi uma equipa muito pressionante desde a saída de bola do Benfica, fazendo um 3+1 na frente. O próprio João Mendes chegou a pressionar o Aursnes, e em zonas mais baixas do terreno a equipa mostrou equilíbrio, formando um 4-4-2 a defender. Já com bola, conseguiu criar várias combinações desde trás e ativar bem os médios, sobretudo o Samu. Gostava de lhe perguntar, ao nível tático, o que é que faltou no início da segunda parte para a equipa conseguir manter a mesma qualidade de jogo apresentada na primeira?

Luís Pinto: O Telmo Arcanjo acabou por descer mais do que devia, por necessidade de proteção do Miguel Maga. Não era necessário ter sido tanto, mas ele fez aquilo que lhe foi pedido. Ou seja, aí a responsabilidade é totalmente minha. Para não expor tanto o Maga, tivemos de tentar defender por aquele lado. Isso fez com que não fôssemos tão pressionantes em zonas altas. Depois, o facto de estarmos a jogar contra uma equipa com valores individuais fortes, que sabia que tinha de entrar bem na segunda parte, também pesou. Acredito que o jogo seria totalmente diferente, quer não tivéssemos sofrido, quer não tivéssemos tido a expulsão. De resto, vocês já estão a dar a justificação toda para o que aconteceu no jogo.

Bola na Rede: O Benfica, na primeira parte, teve algumas dificuldades na chegada à área e a criar oportunidades de perigo. Já na segunda parte, com a entrada do Leandro Barreiro, notou-se uma maior presença do médio em zonas de finalização e de movimentos de trás para a frente que causaram muito perigo à linha defensiva do Vitória SC. Queria perguntar-lhe se a substituição do Sudakov pelo Leandro Barreiro ao intervalo teve precisamente esse objetivo: dar mais chegada à área a um dos médios e tentar arrastar a linha defensiva do Vitória para mais perto da sua baliza.

José Mourinho: Na 1.ª parte, o adversário também conta. O Vitória defendeu-se bem, compactou bem, deixou na frente um único jogador, e um jogador rápido, um jogador ágil, um jogador que atacava espaços profundos, que nos manteve de pé atrás, principalmente os nossos centrais. Compactaram ali, defenderam muito bem, e estou de acordo contigo. Não tivemos muita profundidade, o Sudakov caiu muito sobre a esquerda, havia muitas situações de superioridade ali na esquerda com o Dahl, o Sudakov e o Prestianni, e as decisões não foram boas. Encalhámos ali um bocado. E, do outro lado, o Lukebakio foi muito bem defendido, até talvez por estarem ali em frente ao banco, se calhar o treinador pôde ajudar também, e controlaram-nos bem, não conseguimos construir muito. Na 2.ª parte, o Barreiro entrou bem, o Schjelderup entrou bem também, mas a equipa, na sua globalidade, entrou completamente diferente. Fizemos alguns retoques ao nível tático, mas, fundamentalmente, acho que, ao nível emocional, os jogadores já entraram com outro mindset. Eu disse-lhes: da maneira como o jogo está, até podemos ganhar, mas o golo tem de sair quase numa situação ocasional e não forçada; temos de forçar, temos de forçar e forçar. E acho que os 15 minutos são, de facto, muito, muito, muito bons, muito bons.

Rodrigo Lima
Rodrigo Limahttp://www.bolanarede.pt
Rodrigo é licenciado em Ciências da Comunicação e trabalha atualmente na área do jornalismo desportivo. Apaixonado pelo mundo do desporto, tem no futebol a sua principal área de interesse e análise.

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