📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Porque o futebol me conquista uma e outra vez

- Advertisement -

A primeira vez que me lembro de sonhar, recordo-me que o sonho era o de ser jogador de futebol. Queria jogar à bola, divertir-me dentro de quatro linhas e fazer disso vida. Brilhavam-me os olhos quando ouvia o apito inicial, fosse do jogo da minha equipa, vestida de vermelho e branco com a águia ao peito, ou daquelas que ainda nem conhecia e apenas sabia qual era qual quando uma marcava golo e via o marcador subir para um do lado de um dos emblemas. Ia para o sofá ver televisão, quando ninguém estava lá, metia em canais onde se jogava futebol e via a bola a rolar, chegando até a ver partidas em que a imagem desfocava devido à fraqueza do sinal na antena parabólica.

As primeiras lágrimas que me lembro de deixar cair – que não fossem relacionadas com birras de criança – foram pelo Simão Sabrosa, quando noticiavam uma possível despedida do glorioso ou a derrota de Portugal frente à Grécia na final do Europeu de 2004.

Orgulhosamente vestia os mantos sagrados – e não via aquelas camisolas como sagradas só pela expressão – do Benfica e da seleção nacional e passeava-os na escola com uma alegria extra que fazia o coração mais palpitante que o normal.

Jogava futebol nos intervalos das aulas, nos treinos do meu clube depois da escola e, em dias que não havia treino, juntava-me com os meus amigos para uma partida feita com uma bola e duas balizas cujos postes eram feitos de mochilas ou de camisolas que as nossas mães nos tinham obrigado a vestir por cima das t-shirts do Benfica, Sporting, FC Porto, Barcelona, Real Madrid, Manchester United, Juventus ou até de mais modestos, como o Boavista.

Milhares de pessoas também são apaixonadas pelo futebol
Fonte: Seleções de Portugal

Esta felicidade, este modo de transe acompanhou-me, não só a mim, como a milhões de outras crianças deste mundo. Uma emoção que quase chega a ser viciante. A bola a rolar na relva, os cânticos da nossa equipa que são mais altos que os da outra, os equipamentos que são mais bonitos que no ano anterior, as botas de futebol que desejamos ter nos pés para fazer inveja aos amigos no treino – dormindo com elas nos pés, no caso de ter a sorte de as receber como prenda de aniversário –, o grande drible do nosso jogador favorito, o remate que tirou tinta ao poste, o “hino ao futebol” que o comentador diz na televisão, o “mas que perigo” que o comentador diz no FIFA, o “atenção ao livre” que avisa antes da bola ser rematada pelo jogador mais habilidoso para o fazer. E depois… depois acontece isto:

A trajetória da bola desde que sai do impulso do atleta, enquanto avanço lentamente no sofá em forma de antecipação; a bola avança lentamente em direção à baliza, mas ainda tem de ultrapassar o guarda redes; parece que a bola está fora do seu alcance, e eu a erguer-me da cadeira a prever o desfecho; a bola a chegar à linha de baliza, passou as mãos do último homem adversário, então olho frenético para os que me acompanham; o esférico toca nas redes e tudo deixa de estar em câmara lenta; grito para a televisão, abraço os meus companheiros, ergo os braços em celebração; estou em pé, senão a saltar em euforia; fecho com firmeza os punhos e saboreio o momento que me leva de volta à minha infância.

Não há explicação para gostar deste desporto da maneira que gosto. Não há uma razão lógica que consiga dar. É belo, entusiasmante, toda a rotina, toda a festa que está envolta nesta atividade. O convívio, o espetáculo nas quatro linhas, a derrota que nos faz ferver, a vitória que nos faz sorrir. O perder que nos faz melhorar, o vencer que nos faz sentir recompensados. A magia dos que por ali andam a dançar com a bola nos pés e nos enfeitiçam por curtos 90 minutos de show de bola.

Se abriram e leram este texto à espera de que nele estivesse a resposta à pergunta que vocês próprios têm na cabeça e não conseguem responder, lamento ter-vos induzido em erro, mas não o consigo fazer. Na verdade, não encontro razão. Simplesmente adoro isto. Tal como vocês. E é algo que vos vai acompanhar até ao fim dos nossos tempos, sem nunca sabermos bem porque adoramos tanto isto. Mas adoramos, e, assim que uma época termina, estamos prontos para o adorar uma e outra vez.

Foto de Capa: Seleções de Portugal

Pedro Afonso
Pedro Afonsohttp://www.bolanarede.pt
Foi com o Portugal x Inglaterra do Euro 2000 que descobriu um dos maiores amores da sua vida: o futebol. Natural de Lisboa, teve a primeira experiência profissional na Abola TV e agora é jornalista da ELEVEN

Subscreve!

Artigos Populares

Arsenal atento a antigo alvo do Manchester United de Ruben Amorim

O Arsenal está interessado em Zion Suzuki. Guarda-redes do Parma já foi muito associado ao Manchester United.

River Plate quer Gianluca Prestianni e não só: jogador do Manchester City na mira

O River Plate está em busca de reforços de peso para a próxima temporada, de maneira a poder lutar por títulos em 2026.

Pedro Gonçalves volta a ganhar e está no pódio da Liga da Tanzânia

O Young Africans de Pedro Gonçalves venceu em casa o Fountain Gate por 2-0 e saltou assim para o 3.º lugar da Liga da Tanzânia.

Benfica x Sporting: leões contam no plantel com um jogador que já passou pelas águias

Geovany Quenda é uma das estrelas do Sporting. Porém, o atleta realizou parte da sua formação ao serviço do Benfica.

PUB

Mais Artigos Populares

Antiga promessa do Benfica procura minutos na Primera RFEF e marcou na última jornada

João Resende representa o Pontevedra por empréstimo do Estrela da Amadora. O avançado já passou pelo Benfica.

Reinaldo Teixeira após 16.ª Cimeira de Presidentes: «Tudo foi debatido e participado com grande cordialidade»

Decorreu esta quinta-feira a 16.ª Cimeira de Presidentes da Liga Portugal. Reinaldo Teixeira, presidente da Liga, já reagiu.

Liga Portugal: Já terminou a 16.ª Cimeira de Presidentes

Decorreu esta quinta-feira a 16.ª Cimeira de Presidentes da Liga Portugal. Encontro ocorreu no Porto e já terminou.