– Os palcos europeus: uma realidade próxima –
«Tínhamos isto tudo, que se calhar não vamos ter mais nenhuma vez, e acabámos por falhar perante um público fantástico»
BnR: Era um desejo de muitas seleções, sobretudo a Portuguesa, de haver um Europeu Feminino. Como viu, enquanto jogadora, a decisão da UEFA de organizar esta competição?
SF: Fiquei muito feliz. Era uma aposta que já devia ter sido feita há algum tempo. Fico feliz por ter chegado agora e fico ainda mais por ter tido a oportunidade de ter representado a seleção nacional no Europeu. Fico triste pelo desfecho que acabou por acontecer, porque fomos vice-campeãs. Mas isso não quer dizer nada. Porque temos muita qualidade e demonstrámos isso no torneio Vitória, na Rússia. Ganhámos à Espanha, à Rússia e ao Irão. Só mostra que temos muita qualidade e muito valor. O futsal português e os clubes portugueses estão de parabéns pela aposta que houve nesta competição e não só.
BnR: Na final do Europeu foi uma das jogadoras mais inconformadas com a derrota. O que sentiu e pensou naquele momento?
SF: Pensei que se calhar não vamos ter uma oportunidade tão boa como que a tivemos este ano. Ser em nossa casa, ter as pessoas de que mais gostamos na bancada a apoiar-nos, ter um público português fantástico nas bancadas, ter transmissão televisiva. Tínhamos isto tudo, que se calhar não vamos ter mais nenhuma vez, e acabámos por falhar perante um público fantástico. Falhámos e isso é o que custa mais. Termos desiludido as pessoas que tanto apostaram em nós. Sabemos que o jogo é assim, porque umas vezes ganhamos e outras vezes perdemos. Mas, fica este sentimento de desilusão por não termos conseguido. Ainda hoje isso ainda me custa e não sei até quando isso vai-me custar.
BnR: Pensou em alguma coisa para o futuro em relação à seleção naquele momento?
SF: Não, não pensei em nada. Simplesmente quero jogar futsal e divertir-me. Claro que quero ganhar, tanto pelo clube como pela seleção, mas isso não é o principal objetivo. O principal objetivo é mesmo divertir a jogar porque se assim for tudo vai acabar por sair naturalmente.
BnR: O SL Benfica foi há pouco tempo a Múrcia (Espanha) jogar a European Women’s Futsal Tournament. Acredita que este torneio pode vir a ser a génese de uma possível competição de clubes da UEFA e que falta uma no panorama europeu?
SF: Sim, sem dúvida. A UEFA já devia ter criado. O SL Benfica acabou por ir jogar a Múrcia para representar Portugal no estrangeiro e depois voltámos para disputar o nosso grande objetivo, que é ganhar o campeonato. Mas, se a UEFA criasse uma competição seria muito mais fácil a todos os níveis, principalmente, em termos de calendários. Seria uma prova oficial onde as equipas se preparavam ainda melhor para essa mesma competição.
BnR: Acha que ainda falta muito para que se possa vir a criar esta tal competição?
SF: Não, penso que não. Mais cedo ou mais tarde, a UEFA vai fazer uma Liga dos Campeões Feminina, nos mesmos moldes do que a masculina.
BnR: O cansaço acrescido de ter jogado a European Women’s Futsal Tournament acabou por se tornar uma motivação extra para vencer o jogo seguinte contra a Novasemente GD?
SF: Claro que sim. São jogos sempre complicado quando se joga contra a Novasemente GD. Têm uma grande equipa com muita qualidade e acabou por ser uma motivação porque sabíamos que não podíamos falhar. Tivemos que nos unir ainda mais para puder vencer. Fico feliz por ter sido esse o desfecho. Ganhámos, mas, como disse anteriormente, não basta ganhar este jogo, porque temos de ganhar os outros jogos para sermos campeões.