É claro que depois também houve a pontinha de sorte. Mas, caro leitor, o futebol (também) nos mostrou que sem trabalho não há sorte que chegue. O Benfica, atordoado e errático no passe – Pizzi teve sempre algumas dificuldades no capítulo do passe -, foi, aos poucos, empurrando a organização defensiva boavisteira para terrenos menos confortáveis para os comandados de Miguel Leal. O resultado? Uma ou outra oportunidade, e um golo, por Mitroglou – começou o jogo no banco -, antes de o intervalo chegar.
A segunda parte trouxe Cervi para o encontro. O argentino revolucionou-o. Jogando no papel de lateral esquerdo, mas com total liberdade para atacar, o argentino criou vários desequilíbrios e arrancou uma grande penalidade. Jonas voltou a marcar e a Luz acreditava. O Boavista duvidava de si próprio e o Benfica ainda tinha algumas energias para procurar a igualdade. Pelo menos. Ela chegou pouco depois. Com mais um esquerdino na jogada (Zivkovic) e um auto-golo. Uma ironia, depois de o Boavista ter mostrado, quase sempre, uma boa organização defensiva. A partir daí o jogo partiu-se. E a equipa do Benfica também.
Os encarnados dividiam-se entre a falta de forças – alguns jogadores acabaram o encontro no “red line” – e a crença de que a vitória ainda seria possível. O Boavista ainda espreitou o quarto golo, aproveitando todo e qualquer deslize da (des)organização encarnada. Ederson, nessa fase, foi decisivo. Com algumas cenas tristes à mistura, o jogo acabou e os protagonistas poderiam respirar de alívio. Por razões diferentes. O Benfica vacilou e fez uma recuperação difícil. O Boavista esteve perto do sonho mas morreu na praia. Fossem todos os autocarros assim.
Foto de Capa: SL Benfica