SL Benfica 4-3 Juventus FC: Atropelamento à «velha senhora» e fuga para os oitavos

A CRÓNICA: CONTAS DE CABEÇA CONFIRMAM APURAMENTO

O estatuto não é uma condição permanente e imutável que não possa ser conquistada por outros. Afinal, o SL Benfica estava inserido num grupo em que, pelo nome dos adversários, nem lhe era afincadamente exigido que passasse à fase a eliminar da Liga dos Campeões. Contudo, a superação é sobre deixar para trás algo mais forte e, como se a excelência, por uma vez, ficasse a viver na Terra e abandonasse os que não são deste mundo, os encarnados beberam o soro dos gigantes e apoderaram-se da sua força para se fazerem valer no grupo H.

Até que nem foi preciso calculadora. A uma jornada do fim da fase de grupos, bastaram contas de cabeça para medir que Juventus FC e Maccabi Haifa FC deixaram de ter hipóteses de alcançar os dois primeiros lugares.

A sensação atmosférica no Estádio da Luz era de final. Só vencendo, o SL Benfica assegurava, sem depender de terceiros, o apuramento e, só vencendo, a Juventus FC adiava a despedida da Liga dos Campeões. Os bianconeri tentaram então que o filme dos encarnados fosse a preto e branco e não tivesse um final feliz.

A noite começara a ficar colorida de vermelho e branco com um SL Benfica, à semelhança do que sugeria a coreografia que os adeptos fizeram antes do jogo, em chamas. A Juventus FC sofreu com a inalação de fumos desde o início e o efeito foi atordoador. António Silva, que aos 18 anos já mostra ter imunidade contra as coisas que amedrontam a maioria dos humanos, saltou alto e, lá em cima, sem ninguém incomodar a paz de espírito que obteve com a impulsão, anotou o primeiro golo.

Daí para a frente, aconteceram dez minutos intensos. Rapidamente, o SL Benfica perdeu a vantagem, mas nunca o sentido de domínio, visto a ausência de escolhos ofensivos por parte da Juventus FC. Exceção foi quando um rapaz, de seu nome Vlahovic, com algum jeito para isto de andar aos pontapés na bola, atacou o esférico de cabeça na área e empatou. Por pouco, a intromissão de Moise Kean não invalidava o lance, onde a tecnologia da linha de golo podia ter ajudado o VAR na celeridade da decisão.

A resposta encarnada não tardou. Se Vlahovic tem jeito para jogar com os pés, Cuadrado tentou mostrar o que sabia fazer com as mãos. Para infortúnio do colombiano, experimentou a habilidade dentro de área, levando João Mário para uma conversão bem-sucedida da grande penalidade a que teve direito.

Já havia vários candidatos a golo do jogo, mas a elegância com que Rafa finalizou o terceiro do SL Benfica tirou as dúvidas que existissem quanto à eleição. A assistência apetitosa de João Mário teve direito a um remate com algum mel de Rafa ou não tivesse sido executado de calcanhar.

Já se notava que as águias não iam seguir o cavalheirismo mesmo perante uma vecchia signora. Para quem com os anos passados já sofrem em carregar pesos, sofrer mais um golo foi um motivo de acrescida dor. Rafa, novamente, elevou o resultado a números pesados.

Logo após Rafa falhar o hat-trick, quem tinha pagado bilhete para ver futebol ia acabando por assistir a um golpe de teatro. A Juventus FC marcou dois golos em dois minutos por Milik e McKennie na sequência de dois cruzamentos bem medidos de Samuel Iling.

Não havia que tremer já que, em Paris, o PSG não dava hipóteses ao Maccabi Haifa FC e, consequentemente, o empate servia aos encarnados para garantirem a passagem. Rafa isolou-se e podia ter marcado o terceiro da conta pessoal e tranquilizado a Luz. O poste impediu que os nervos baixassem.

A verdade é que é impossível ganhar jogos na Champions sem sofrimento à mistura. No final, as águias conseguiram a vitória e corresponderam ao objetivo a que se tinham proposto. O SL Benfica superiorizou-se a qualquer impedimento que barrasse a passagem das águias aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões dado o mérito dos encarnados na obtenção do feito. A fase de grupos já está.

 

A FIGURA

SL Benfica
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Rafa Silva Aquiles ia querer dar o mesmo uso ao calcanhar que Rafa deu no lance do primeiro golo do antigo internacional português. Aliou a eficiência ao brilhantismo das ações que realizou e que, para além dos golos marcados, destabilizaram bastante a Juventus FC. Ficou a dever mais um golo aos adeptos. Saiu ovacionado.

 

O FORA DE JOGO

SL Benfica x Juventus FC
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Leonardo Bonucci Alguns erros no controlo de lances aéreos e uma má vigia do espaço nas costas da defesa italiana comprometeram uma exibição mais consistente. Uma má prestação que partilhou com o colega de setor, Federico Gatti.

 

ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA

Roger Schmidt, novamente a jogar em 4-2-3-1, optou por manter Aursnes no onze inicial e o norueguês fez de médio-ala pela esquerda, à semelhança do que João Mário fazia pela direita. Ambos procuraram bastante o jogo interior, em conjunto com Rafa. Por fora, Grimaldo foi o lateral que se mostrou mais combinativo.

Verificou-se uma especial preocupação em negar o jogo interior do adversário, mesmo que a Juventus FC não se sentisse particularmente mal com isso. Nesse sentido, o SL Benfica conseguiu evitar a influência de Locatelli na construção.

Atrás, o SL Benfica não teve receio de deixar os centrais, Otamendi e António Silva, em um para um com os pontas-de-lança da Juventus FC.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Odysseas Vlachodimos (5)

Alexander Bah (5)

António Silva (6)

Nicolás Otamendi (5)

Álex Grimaldo (6)

Florentino (6)

Enzo Fernández (7)

João Mário (7)

Fredrik Aursnes (7)

Rafa Silva (8)

Gonçalo Ramos (5)

SUBS UTILIZADOS

Gilberto (-)

David Neres (-)

Petar Musa (-)

Chiquinho (-)

 

ANÁLISE TÁTICA – JUVENTUS FC

A Juventus FC mostrou-se como uma equipa bastante trabalhada do ponto de vista tático. A equipa atuou num 3-5-2com uma matriz de jogo bem definida.

O posicionamento, em fase defensiva, dos três versáteis médios, Locatelli, Rabiot e McKennie, saltou à vista por ser feito numa linha horizontal. Esta forma de jogar permitiu que McKennie e Rabiot, jogadores exteriores do trio, ajudassem bastante os laterais, Cuadrado e Kostic, na defesa dos corredores exteriores. Locatelli ofereceu um forte auxílio aos centrais na vigia a Gonçalo Ramos e Rafa. Todo o sistema defensivo dos bianconeri era baseado em referências individuais.

Era aos laterais que a equipa italiana mais tentou fazer chegar a bola no desenvolvimento de jogadas ofensivas. Sendo Cuadrado e Kostic dos melhores jogadores do mundo a executar cruzamentos, pareceu sempre que a Juventus FC queria estimular o jogo pelas faixas para propiciar cruzamentos. A estratégia era complementada pela forte presença na área de Moise Keane e, principalmente, do jogo aéreo de Vlahovic.

Na saída de bola pelo guarda-redes, a equipa tentava desbloquear a circulação de uma maneira diferente. Danilo abria à esquerda e a Juventus FC disponha-se em 4-1-3-2.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Wojciech Szczesny (6)

Juan Cuadrado (6)

Danilo (5)

Leonardo Bonucci (4)

Federico Gatti (4)

Filip Kostic (6)

Manuel Locatelli (5)

Adrien Rabiot (4)

Weston McKennie (6)

Moise Kean (4)

Dusan Vlahovic (6)

SUBS UTILIZADOS

Arkadiusz Milik (6)

Alex Sandro (4)

Fabio Miretti (5)

Samuel Iling (7)

Matìas Soulé (5)

 

BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

SL BENFICA

O Bola na Rede foi impedido de colocar questões ao treinador do SL Benfica, Roger Schmidt.

 

JUVENTUS FC

Não foi possível colocar questões ao treinador da Juventus FC, Massimiliano Allegri.

Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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