Vingança que deu lugar na final da Taça da Liga | Benfica

Quatro dias depois do encontro na Luz, Benfica e SC Braga voltavam a medir forças, desta feita em Leiria, para a segunda meia-final da Taça da Liga.

Ora, o Benfica chegava à meia-final da Taça da Liga com muitas dúvidas e interrogações, mas com uma certeza absoluta: voltar a perder com o SC Braga era proibido, falhar a final era proibido e abrir a porta a mais incertezas era proibido. Isto porque a equipa vinha de duas derrotas consecutivas e de um primeiro lugar perdido, ou seja, vivia a fase mais instável desde que Bruno Lage regressou à Luz.

Do outro lado, estava um Braga acabado de vencer na Luz — e de convencer, num jogo onde o Benfica só acordou depois do intervalo, tal como já tinha acontecido em Alvalade, contra o Sporting.

Assim, tendo em conta este historial recente, os últimos dias trouxeram várias críticas às escolhas, aos jogadores eleitos e às opções táticas de Bruno Lage. Mas não era por isso que o treinador encarnado perdia a confiança nas suas escolhas, nos seus jogadores e nas suas opções táticas.

Ora, esta quarta-feira e já depois de o Sporting ter derrotado o FC Porto e garantido a presença na final do próximo sábado, o treinador encarnado confirmava a ideia de que “conta com todos” e fazia várias alterações ao onze inicial, nomeadamente com a entrada de Andreas Schjelderup para o lugar de Kerem Akturkoglu.

O Benfica entrou muito melhor do que o SC Braga e os primeiros instantes da partida permitiram perceber, desde logo, que esta meia-final da Taça da Liga pouco ou nada teria a ver com a 17.ª jornada do Campeonato.

No fundo, a meu ver, o problema nunca foi de atitude (pelo menos na totalidade), faltava era retirar elementos que não estavam a contribuir positivamente. Bah e Akturkoglu são, muita vezes, destaque pelas imensas perdas de bola e pelas más decisões.

Logo, o que fez (e bem) Bruno Lage foi retirar esses jogadores e acrescentar um Kokçu mais confortável e um Schjelderup que trouxe desequilíbrio e outro tipo de critério nas decisões. Assim, a equipa cresceu naturalmente, tendo em conta o contexto deste jogo.

Além do mais, a agressividade de Florentino e de Fredrik Aursnes ia fazendo a diferença no meio-campo. Tomás Araújo era um bom complemento para Di María na direita e Álvaro Carreras ia realizando uma exibição bem acima da média na ala esquerda.

Aliás, caro leitor, a verdade é que a primeira parte encarnada foi, no geral, um recital encarnado. É que, do primeiro ao 45.º minuto só deu Benfica. Florentino, Kokçu e Aursnes superiorizaram-se a Vítor Carvalho e Gorby. Di Maria deu soluções por dentro e várias dores de cabeça aos defesas contrários. Tomás Araujo, mesmo adaptado, deu largura pela direita. No corredor contrário, Carreras assumiu por dentro, tendo mesmo feito um golo dessa forma, enquanto o «menino nórdico» ocupou o corredor.

A muralha bracarense, montada em 5-4-1 na hora de defender, com os extremos a baixar, aguentou-se até ao minuto 27, momento em que a dupla Angel & Tomás fez das suas. O argentino tabelou com o jovem defesa e, já dentro da área do SC Braga, disparou forte ao poste mais perto. Matheus foi apanhado em contra pé, mas não fica isento de culpas.

Para resumir a fome do Benfica, basta ver que, logo depois do 1-0, veio rapidamente o 2-0. Bola ao centro e, como quase todas as bolas que o SC Braga foi jogando, bola rapidamente recuperada pelo Benfica. Orkun Kökçü dá para Álvaro Carreras, que tira Vítor Carvalho — uma sombra do que fez na Luz — da frente e atira para o golo.

A equipa de Carlos Carvalhal, no reencontro com o ex-adjunto Bruno Lage, foi quase sempre um conjunto perdido em campo. Com os problemas defensivos do costume, com enormes problemas para chegar perto de Trubin.

Um bom exemplo da vontade do Benfica foi, por exemplo, Vangelis Pavlidis. O grego voltou a não marcar, apesar das várias chances de que dispôs. Tentou uma e outra vez, mas ou não tinha pontaria, ou Matheus defendia, ou chegava atrasado, terminando sempre essas jogadas com o mesmo ar triste, mas resiliente.

Não obstante, Pavlidis não saiu do jogo sem contribuir. Mais lesto a combinar do que em partidas recentes, teve uma grande jogada rumo ao 3-0, num lance que sintetizou boa parte da partida: houve erros defensivos do SC Braga, com más abordagens de João Ferreira e Robson Bambu, houve energia do Benfica, com Pavlidis a correr metros e metros, houve precisão, num belo cruzamento do helénico, e houve, claro, como não poderia deixar de ser, Di María, que finalizou com carinho, suavemente. 3-0 e a meia-final praticamente decidida ao intervalo.

Como seria de esperar, perante tamanha desvantagem, Carlos Carvalhal mexeu no SC Braga ao intervalo, lançando Roger e Diego para os lugares de Ricardo Horta e Gabri Martínez. Estas alterações levaram também a mudanças no sistema tático, com os minhotos a passarem para uma linha de quatro na defesa e para um 4-2-3-1, no geral.

Com isso, os minhotos conseguiram nos primeiros minutos da etapa complementar aquilo não conseguiram ao longo de toda a primeira parte: criar perigo, neste caso através de Roger, mas a bola saiu ao lado.

Apesar da tentativa de reação bracarenses, cedo se percebeu que a toada da partida não mudaria de sobremaneira. Com efeito, o Benfica mostrou estar sempre com o controlo das operações, podendo dar-se ao luxo de baixar um pouco o ritmo e até conceder mais iniciativa ao adversário.

Ainda assim, Schjelderup, com bons pormenores técnicos pelo meio, esteve quase a marcar depois do descanso, quando foi servido por Pavlidis e contornou Matheus, mas viu João Ferreira evitar o 4-0 em cima da linha.

Foi um lance que fez lembrar Nani e Ronaldo, mas, mais do que isso, pode ser o lance que deu vida a Schjelderup no Benfica. Fez por merecer e mostrou que, na ala esquerda, há vida além de Akturkoglu.

Tecnicamente refinado na receção e no drible, leitura apurada para combinar com a equipa e a baliza sempre na mira. Schjelderup abriu o livro na meia-final da Taça da Liga, tornando-se evidente que merecia uma oportunidade a titular há mais tempo.

Bruno Lage começou a poupar esforços à passagem da hora de jogo, lançando Renato Sanches e Akturkoglu nos lugares de Kokçu e Schjelderup, e a partida foi entrando numa lógica de algum conformismo: o SC Braga não tinha capacidade para chegar perto da baliza de Trubin, o Benfica não tinha necessidade de acelerar demasiado.

Carlos Carvalhal fez uma espécie de «all-in» à entrada para os últimos 20 minutos, com Jónatas Noro e Gharbi, mas o jovem central até acabou por ser expulso com cartão vermelho direto depois de uma entrada dura sobre Carreras.

O técnico das águias ainda teve tempo para dar minutos a João Rego, Arthur Cabral e Beste, e os últimos dez minutos foram de quase ausência de acontecimentos, com o resultado já totalmente definido, sem que os minhotos conseguissem mostrar, de todo, um ar da sua graça.

Os encarnados calmos, seguros e confiantes com bola, controlaram por completo a partida para regozijo dos adeptos presentes. É caso para dizer que não fosse o relaxamento na frente e o resultado teria sido, certamente, mais avultado.

De facto, a equipa precisava de vencer e de convencer. E conseguiu concretizar esses dois objetivos no jogo de hoje. Lage corrigiu e voltou a um modelo que a equipa já tinha dado uma resposta positiva no passado, especialmente na goleada imposta ao Atlético de Madrid, para a Liga dos Campeões, sendo que, em momento defensivo, baixava Schjelderup para fazer uma linha de cinco com Kokçu, Aursnes, Florentino e Di Maria à frente.

O Benfica venceu, assim, o SC Braga em Leiria e garantiu a presença na final da Taça da Liga, onde vai defrontar o Sporting, assegurando a possibilidade de recuperar um troféu que escapa desde 2016. O primeiro troféu de 2025 será, por isso, decidido com um dérbi eterno.

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Raul Saraiva
Raul Saraiva
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