Até sempre, Neno

    Surgiu o Vitória de Guimarães, o grande amor da vida de Neno. Pimenta Machado fez questão de contar com o keeper em três fases distintas: 1984-85, de 1988 a 1990 e a partir de 1995. Estabeleceu-se no clube, a amabilidade e rigor da sua conduta fizeram-no director desportivo, secretário técnico, embaixador e treinador de guarda-redes. Uma vida ao dispor duma identidade marcante que o apaixonou já em adulto.

    A música veio enquanto paixão de menino baseada nos talentos de dois grandes ídolos: Roberto Carlos e Julio Iglesias. Do primeiro explica que, numa fase de Portugal fechado ás tendências globais, o mago brasileiro era aquele que lhe despertava o maior apreço. «Ninguém falava de amor como ele…» dizia numa entrevista ao programa Assim é Portugal. A idolatria por Júlio viria depois, com coincidência à mistura: nasceria no mesmo ano em que o cantor espanhol tem o trágico acidente que o impede de sonhar com a carreira enquanto… guarda-redes.

    Era júnior do Real Madrid e a partir desse dia, tornar-se-ia cantor. Neno seguiu-lhe o trajecto, porém sem percalços – e assim conjugou as duas vertentes de forma harmoniosa. Conhecer-se-iam em 1996, numa tour de Julio em Portugal. Neno, que lhe sabia o repertório do avesso, foi desafiado por amigo em comum. Apresentou-se nos camarins do artista, assustou-se com o ambiente boémio mas não com a responsabilidade e combinaram partilhar palco. Aconteceu, sonho cumprido.

    Dele lhe tirou a ginga, que os preceitos de gentleman já vinham de nascença. Fez carreira, tornou-se figura desejada em todos os festejos e ocasiões pelas qualidades de entertainer. Contangiante pelo trato gentil e alegre, será assim que deixará legado, aspecto humano que se sobrepõe avassaladoramente ás suas qualidades enquanto atleta que, em momentos como este, pouco importam. Daí nasceria a admiração de todo o país: os mais extremistas, inspirados pela boa disposição crónica de Adelino, organizariam movimento de culto ao antigo guarda-redes.

    Os «Devotos de Neno» como se denominavam, um grupo de fãs do Ribatejo que todos os anos se reuniam por alturas do aniversário do ídolo (27 de Janeiro) para celebrar o… Nenatal. «A ideia começou a desenvolver-se na célebre vitória do Benfica frente ao Sporting por 6-3. As pessoas começaram a dizer que Neno era como um Deus. Fomos desenvolvendo essa ideia e achámos justo fazer-lhe uma homenagem. Em conversas de café, com benfiquistas mas até com adeptos do Sporting, o projecto foi-se espalhando e o primeiro Nenatal realizou-se em 2001», explicava Gonçalo Veiga, um dos mentores da iniciativa, em 2013, ao Maisfutebol. A «igreja» era o Restaurante Famitel, ponto de encontro para veneração e homenagem à figura. O sorriso pronto dos fiéis a provocar, seguramente, outro igual a Neno.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.