O jogador português cabe no orçamento!

Cabeçalho Futebol NacionalA defesa do jogador português é bem-vinda e, sobretudo, necessária. Os clubes grandes são constantemente condenados por deixarem sair os produtos das suas formações e apostarem nos estrangeiros. Os clubes ‘’pequenos’’ e os seus treinadores apontam o dedo aos orçamentos díspares como causa da perda de competitividade e capacidade de atração do nosso campeonato.

Basta recuar no tempo e recordar as declarações de Manuel Machado, treinador do Moreirense FC, depois da derrota por 3-0 no estádio do Dragão, visando Fernando Gomes (FPF), Pedro Proença (Liga) e o secretário de Estado do Desporto: «Ou promovemos o equilíbrio ou então esta desigualdade acaba com o negócio (…). Isto não tem interesse nenhum, tirando os três grandes clubes, são todos carne para canhão.» (20.08.2017). O experiente técnico português não parece ter reservas em criticar tudo e todos e, uns dias mais tarde, depois das derrotas europeias do FC Porto e SL Benfica, atirou de novo ao mesmo alvo: «E, depois, vem um Besiktas, que nem é sequer um clube de ponta, e sobrepõe-se a um expoente nacional. E vem um CSKA e consegue ultrapassar o Benfica.» (22.09.2017). Subentende-se, portanto, que na opinião de Manuel Machado, os clubes portugueses que se superiorizam facilmente nas provas nacionais são só ‘’fogo de vista’’, visto que perderam a primeira jornada europeia. Uma dedução errada, não só desmentida pelo FC Porto na jornada europeia seguinte, mas também pelos próprios resultados dos ditos ‘’pequenos’’ e com baixo orçamento.

Ora, se FC Porto, Sporting CP e SL Benfica competem num campeonato à parte, com poucos portugueses nos seus plantéis, os demais competidores, recheados de jogadores nacionais, é que abrilhantam o nosso campeonato. Errado, também. Em vários aspetos. Nem os 3 grandes competem sem portugueses, nem os restantes apresentam plantéis quase totalmente nacionais.

Para se ter uma ideia exata da tão falada defesa do jogador português, saiba-se que não são os três grandes que contam com o menor número de jogadores nacionais no seu plantel. FC Porto e Sporting CP inscreveram na Liga 9 portugueses (33% dos seus plantéis), o SL Benfica inscreveu 11 (39% do seu plantel). Estes números não são motivo de satisfação, embora consigam ser melhores do que algumas épocas passadas. Mas há pior. Portimonense SC e Moreirense FC contam apenas com 7 portugueses (26%) no plantel… Em que ficamos? Os plantéis com menos orçamento afinal também compram lá fora? Era interessante obter uma justificação para este facto.

FC Porto B, vencedor Premier League International Cup  Fonte: instagram FC Porto
FC Porto B, vencedor Premier League International Cup
Fonte: instagram FC Porto

CS Marítimo, SC Braga, Rio Ave FC e Vitória SC conseguem constantemente boas classificações no campeonato e participações europeias e este ano, por exemplo, contam com 10, 13, 14 e 13 portugueses, respetivamente. O CD Tondela com 16, o FC Paços de Ferreira com 17 e o Vitória FC com 19, são os clubes mais ‘’portugueses’’ desta época. Fascinante. Afinal é possível; o interesse na valorização do jogador português é tão defensável quanto exequível. Em 2010/11, o SC Braga, com 13 portugueses no plantel, eliminou o SL Benfica (9 portugueses) nas meias-finais da Liga Europa e só perdeu na final para o FC Porto (13 portugueses). Estiveram presentes 26 portugueses nas meias-finais dessa prova europeia. É lindo.

Mais, o orçamento destes clubes não vai exclusivamente para os plantéis seniores de futebol. Existem modalidades, existem projetos paralelos, existem equipas ‘’B’’. São mesmo clubes grandes, sr. Manuel. O FC Porto B, já vencedor da II Liga e de uma prova europeia, conta esta época com 22 portugueses e ocupa o 4º lugar nessa divisão. No mesmo escalão, o SL Benfica B apresenta 21 portugueses, o Sporting CP B 23 portugueses, o SC Braga B 24 portugueses e o Vitória SC B 15 portugueses. O CS Marítimo B, no Campeonato de Portugal, conta com 15 portugueses. O jogador português exige parte do orçamento e é uma preocupação constante, como se vê. Aliás, vários outros clubes portugueses com baixo orçamento mostram interesse e dão os primeiros passos para também criarem as suas equipas secundárias.

O problema não está só no fraco orçamento, como parece querer dizer Manuel Machado. Claro que com mais recursos, o desnível entre as 18 equipas da I Liga era menor, mas são os resultados que ditam o sucesso. Já depois do 3-0 no Dragão, os Cónegos perderam em casa com o CD Tondela (0-3) e na deslocação a Chaves (3-0). Aqui, o orçamento nada desculpa. Mas também receberam e travaram o Sporting CP (1-1). E o orçamento ajudou ‘’zero’’. Na época passada, Manuel Machado comandou 2 equipas que foram despromovidas (CD Nacional e FC Arouca). Esta época, para já, ocupa o penúltimo lugar. Não basta querer mais orçamento para comprar lá fora e ignorar os talentos da II Liga e Campeonato de Portugal. Lá fora, compra quem pode. Cá dentro, vence quem sabe.

Foto de Capa: Francisco Paraíso/FPF

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Diogo Pires Gonçalves
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O Diogo ama futebol. Desde criança que se interessa por este mundo e ouve as clássicas reclamações de mãe: «Até parece que o futebol te alimenta!». Já chegou atrasado a todo o lado mas nunca a um treino. O seu interesse prolonga-se até ao ténis mas é o FC Porto que prende toda a sua atenção. Adepto incondicional, crítico quando necessário mas sempre lado a lado.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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