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Na passada semana assistimos a mais um episódio rocambolesco no futebol português. Em vez de desistir da queixa contra Rúben Amorim, a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) manteve-se firme numa luta cega contra um dos técnicos mais talentosos e mais bem-sucedidos da atualidade.
“Enquanto estiver em processo que está a ser apreciado, ou será, não vou tecer qualquer tipo de consideração relativamente a esse assunto. É a nossa posição”. As palavras são de José Pereira, presidente da ANTF, na reação ao processo aberto pela Federação Portuguesa de Futebol ao treinador Rúben Amorim. Um processo que foi desencadeado após uma queixa por parte desta Associação em março do ano passado, defendendo a falta de habilitações do treinador.
Estas palavras foram proferidas no passado dia 8 de março. E foi precisamente nesse dia e nesse momento que o Sr. José Pereira perdeu uma grandíssima oportunidade de limpar a grande mancha que deixou no nome da ANTF. Talvez a maior mancha nos 35 anos de história da mesma.
Live com Vítor Maçãs, membro ligado à ANTF (1h27 – pronuncia-se sobre o caso “Rúben Amorim/ANT”)
É caso para se afirmar que a ANTF está na vanguarda do ridículo. E para justificar isso mesmo dei-me ao trabalho de ler o Projeto de Candidatura do Sr. José Pereira.
Ora vejamos:
“Defender, intransigentemente, os direitos e os interesses dos associados, aproximando a associação dos seus filiados, independentemente dos escalões, prova que disputam ou região onde exercem a sua atividade”;
“Promover a atualização e a formação contínua dos Treinadores não só em matérias específicas como em áreas complementares fundamentais à gestão de recursos humanos, através da realização de Ações de Formação (Colóquios, Reciclagens) para os vários níveis de qualificação dos Treinadores”;
“Participar na definição das linhas orientadoras dos Cursos de Treinadores, prevista pelo Estado, defendendo a adequação dos novos perfis de formação aos interesses da classe”.
São logo os três primeiros pontos do separador “O que queremos para o Futuro?”.
E não é preciso ser-se muito inteligente para se perceber claramente que ANTF está a fazer exatamente o contrário daquilo que se comprometeu a fazer.
Em vez de se preocupar em ajudar Rúben Amorim e outros treinadores que não têm acesso a cursos, ataca os próprios associados e toda a sua classe e ainda se vangloria disso nos corredores do futebol português.
Rúben Amorim é acusado de ter sido inscrito sem ter habilitação para exercer a função de treinador Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Para que serve então a ANTF? Duvido de que alguém saiba. Se uma Associação de classe não defende a sua classe então está completamente a mais na sociedade. Enquanto a ANTF se desgasta com um processo absolutamente patético, os seus associados treinadores aguardam por mais cursos, mais vagas e mais oportunidades para progredirem na sua formação profissional.
Mas, atenção, importante ressalva. Percebo que os treinadores tenham de ter a devida formação. Não consigo é conceber que a ANTF use isso para atacar a sua classe. Devia defendê-la e lutar por ela.
Ou alguém imagina por exemplo a CGTP e a UGT a fazerem uma ação de luta pelas ruas a criticarem presidentes de multinacionais que não tenham completado a escolaridade obrigatória? Imaginem os cartazes: “Vai estudar, malandro”, “Presidentes só com Mestrado”, “Abaixo os trabalhadores sem cursos técnicos especializados”. Nem o melhor realizador de cinema conseguiria fazer uma cena com isto.
Absolutamente inimaginável. Absolutamente surreal. Absolutamente estúpido. Tal como a postura da ANTF.
Espero, com a máxima sinceridade, que muitos dos sócios da ANTF já tenham entregado o cartão de sócio por não se reverem naquilo em que a Associação se tornou. Estou em crer que a ANTF envergonha ao dia de hoje muito mais treinadores do que aqueles que orgulha.
Artigo de opinião de Marco Ferreira diretor-executivo CF Estrela Amadora SAD
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