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Adeus, velhinho. Foi um prazer!

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Bem-vindos ao Estádio Mário Duarte, ou melhor, ao velhinho Mário Duarte, como é carinhosamente conhecido no espaço futebolístico português. Construído em 1935, o seu nome surge como forma de homenagem a um dos maiores impulsionadores do desporto aveirense e nacional.

Passados 84 anos, a antiga casa do SC Beira-Mar encontra-se a viver os seus últimos dias, estando prestes a deixar-nos. Desde há muito com os dias contados, o histórico recinto vai dar lugar à ampliação do Hospital Infante D. Pedro que se encontra mesmo ao lado, e deixar bastantes saudades àqueles que por ali viveram grandes tardes e noites de futebol.

A sua demolição está anunciada e restam-nos as memórias de um dos estádios mais icónicos do âmbito nacional. Aquele relvado que foi pisado diversas vezes por grandes figuras do futebol português que envergaram a camisola auri-negra, como Eusébio e tantos outros, vai deixar de existir e com isso perde-se um pouco a mística e a história de um clube que ali viveu os seus melhores tempos. Apesar de ter deixado de jogar neste palco na altura do Euro 2004, mais recentemente foi forçado a regressar ao seu lugar de origem, em 2015, mas esse regresso durou pouco tempo e o clube voltou a instalar-se em definitivo no EMA – Estádio Municipal de Aveiro, onde compete atualmente.

Com uma forte marca registada como um dos recintos mais populares e carinhosos cá do burgo, o Mário Duarte abrigava uma equipa tradicionalmente humilde e aguerrida que era apoiada incessantemente pelas gentes da Ria. Situado bem dentro da cidade, era hábito assistir-se a diversas romarias para ver o SC Beira-Mar jogar.

Os próprios adeptos costumavam ir a pé para o futebol, num tempo em que o domingo era o verdadeiro dia sagrado. Quem também se foi tornado sagrado foi o Mário Duarte, que se habituou a conviver entre os grandes a partir dos anos 70. Foi um Estádio que assegurou vários “carimbos de primeira’’ e que albergou o estatuto de ser um recinto bastante complicado para os adversários. A turma de amarelo e preto raramente se podia queixar da falta de apoio, não obstante alguns desempenhos intermitentes que resultaram em descidas e subidas de divisão ao longo do tempo.

Um dos míticos palcos nacionais prepara-se para nos deixar em definitivo
Fonte: SC Beira-Mar

O mar de guarda-chuvas empoleirados nas bancadas nos dias mais cinzentos assim como os capacetes das motorizadas que serviam para bater nos painéis publicitários aquando de um golo dos locais, provocando um enorme barulho, faziam empolgar ainda mais o ambiente numa realidade bem diferente e distante dos dias de hoje. Com as bancadas praticamente ‘’coladas’’ ao relvado – fazendo lembrar o estilo inglês –, era possível observar as constantes interações dos adeptos mais fervorosos para dentro do terreno de jogo, que muitas vezes se insurgiam contra os adversários ou a equipa de arbitragem, num ambiente português muito típico. Esta proximidade fazia com que os intervenientes do jogo sentissem de perto as emoções vividas pelas pessoas, o que era normalmente uma mais-valia para a equipa da casa.

De facto, foi durante a década de 70 que o SC Beira-Mar foi ganhando estatuto de “clube de primeira’’. Suportado pelo mítico Mário Duarte, o clube apenas falhou três edições da principal prova neste período e quando descia voltava logo a subir. A Primeira Liga começava então a ver um novo “inquilino’’, muito inspirado pelos seus jogos caseiros. Estes jogos tornaram-se fulcrais para as temporadas do SC Beira-Mar, já que era em casa que grande parte das vitórias eram conquistadas, muito por culpa do sujeito deste texto.

Muitos diziam que era uma equipa difícil de bater em Aveiro e a década de 90 confirmou essa realidade. Mesmo os grandes quando venciam era maioritariamente pela margem mínima. Não é por acaso que esta década trouxe o melhor desempenho de sempre dos auri-negros na Primeira Liga. Quem não se lembra do sexto lugar obtido na temporada 1990/1991? Os adeptos mais fervorosos daqueles tempos lembrar-se-ão com certeza. Estávamos perante o melhor “Beira’’ de sempre, altura em que o clube conseguiu sete presenças consecutivas no escalão máximo. E, claro, 1999 – o ano da conquista da Taça de Portugal que, tendo sido ganha no Jamor, teve no Mário Duarte um contributo fundamental na chegada à final. Apesar de terem descido nesse mesmo ano, os aveirenses voltaram a subir logo a seguir e mantiveram-se mais cinco épocas seguidas no principal escalão.

Já com a entrada no novo século, o SC Beira-Mar apenas realizou as primeiras quatro épocas deste período no velhinho recinto até ingressar no novíssimo Municipal, que, como se sabe, não transborda a mística auri-negra e deixou de cativar os adeptos.

A ti, Mário Duarte, agradeço-te o facto de ter tido a oportunidade de presenciar grandes jogos ao vivo e de proporcionares as mais belas memórias de um jovem adepto, que, contigo, se habituou a ir aos jogos. Neste momento, aguardas apenas que se desliguem as máquinas, mas com a certeza de que entras diretamente no “Olimpo’’ do futebol português. A ligação emocional criada com os beiramarenses é demasiado forte para seres esquecido, mas também com aqueles que, não sendo do SC Beira-Mar, gostavam de o ver jogar.

Ainda não partiste, mas ao que parece, está para breve. Até sempre, velhinho.

Foto de capa: SC Beira-Mar

Revisto por: Jorge Neves

 

 

André da Silva Amado
André da Silva Amadohttp://www.bolanarede.pt
O desporto em geral atrai este jovem aveirense mas é o futebol a sua maior paixão. As conversas com amigos e familiares costumam ir dar ao futebol, hábito que preserva desde sempre. Poder escrever sobre esta vertente é o que o satisfaz, com o intuito de poder acrescentar algo de positivo ao ambiente em torno do futebol nacional.                                                                                                                                                 O André escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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