📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Para lá do senhor do apito

- Advertisement -

Com o final da época terminam competições, contratos e até carreiras. Foi assim com João Capela. O lisboeta de 44 anos terminou a sua carreira na arbitragem de futebol na temporada anterior e, numa rara rotina de entrevistas, abriu o jogo acerca do estado da profissão.

Com particular ênfase na dimensão psicológica, Capela relembra que o árbitro é a entidade que balança a partida e nada mais; procura puxar pelos atletas quando o ambiente é pobre ou descontraído, mas tenta pôr gelo quando os estádios rebentam pelas costuras e os jogadores se descontrolam à mínima alteração.

Confessa-se distante da polémica proveniente da divulgação dos e-mails e revela que esse é um assunto que não faz parte da conversa diária entre os árbitros. Explica isso com a exposição a que esta entidade reguladora do jogo está submetida; com o VAR, mais de uma dezena de câmaras e uma mão cheia de programas de comentário pós-jogo, Capela acha impossível alguém sequer tentar algum favorecimento encoberto.

Com a perfeita noção da imagem que o árbitro tem, Capela não esquece o dérbi da capital, na Luz, em que lhe são apontados numerosos erros por ambas as partes. Os tempos que se seguiram foram difíceis, com ameaças à família, mas quando ganhou coragem para rever a partida, o árbitro português mantém a sua posição e afirma que no seu campo de visão, sem apoio do VAR na altura, não podia ter tomado outras decisões.

João Capela trocou o relvado pelo pavilhão e hoje é árbitro de basquetebol
Fonte: AF Viseu

Olhando para o futebol português na atualidade, são inegáveis as problemáticas existentes e, pior que isso, a sua profundidade. No país campeão da Europa, que leva equipas constantemente a fases avançadas da Liga dos Campeões, ainda é impossível levar crianças a um clássico ou dérbi. Ou melhor, é impossível levá-las sem que se tema pela sua segurança.

Mas como são apenas seis jogos num campeonato inteiro, pouco importa discutir isso. E é esta mentalidade que leva, jogo após jogo, a culpar as derrotas da equipa com a atuação do árbitro. Nada interessa se o fio de jogo da equipa é inexistente e se a tática habitual se baseia na “bola na frente e fé em Deus”, o que realmente importa e pauta os comentários televisivos e entre adeptos são os erros do árbitro. E se a sua equipa vencer, mesmo que seja com um golo com a mão para lá dos descontos, tanto melhor.

Contudo, esta classe não está acima de qualquer interveniente da partida e, como tal, tem direito a errar e o dever de se retratar ou evitar repeti-lo. Não é por acaso que a arbitragem portuguesa não teve nenhum representante principal no Mundial de 2018, na Rússia. Há, claramente, um caminho de alterações e melhorias a ser percorrido.

A última temporada foi negra no que à suspeição da arbitragem diz respeito. O regime de nomeações foi alterado e mesmo assim assistimos a fugas e denúncias quando supostamente seria um procedimento vedado a externos. No entanto, há quem ainda consiga culpar os árbitros por tudo isto e optar por ilibar dirigentes máximos das suas responsabilidades e atos, no mínimo, questionáveis. Não vejo que caminho seja este em que o futebol português se encontra, mas qualquer dia não há volta a dar.

Foto de Capa: FPF

Diogo Pires Gonçalves
Diogo Pires Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
O Diogo ama futebol. Desde criança que se interessa por este mundo e ouve as clássicas reclamações de mãe: «Até parece que o futebol te alimenta!». Já chegou atrasado a todo o lado mas nunca a um treino. O seu interesse prolonga-se até ao ténis mas é o FC Porto que prende toda a sua atenção. Adepto incondicional, crítico quando necessário mas sempre lado a lado.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Sporting leva jogador da equipa B para os Açores: defesa é opção para o Santa Clara

O Sporting enfrenta durante esta quinta-feira o Santa Clara, em jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal. Rômulo Júnior faz parte das escolhas.

Davide Ancelotti sai do Botafogo e tem destino praticamente definido

Davide Ancelotti deixou de ser treinador do Botafogo. O técnico deverá voltar a trabalhar com o seu pai na seleção do Brasil.

Já jogou frente ao Benfica em 2025/26 e promete ser uma das novelas do mercado de janeiro

Claudio Echeverri está cedido pelo Manchester City ao Bayer Leverkusen, mas deve rumar ao Girona durante o mês de janeiro.

Arsenal continua a ‘vigiar’ com muita atenção jovem do Real Madrid

O Arsenal está a seguir com muita atenção um jogador do Real Madrid nas últimas semanas. Víctor Valdepeñas é alvo dos londrinos.

PUB

Mais Artigos Populares

Mundial 2030: decisão sobre onde será a final está prestes a ser tomada (e Portugal está fora da corrida)

O Mundial 2030 será organizado por Portugal, Espanha e Marrocos. A final deverá ser realizada no Estádio Santiago Bernabéu.

Atenção, Benfica: alvo das águias com pretendente na Serie A

Lorenzo Lucca tem sido apontado ao Benfica, mas pode manter-se na Serie A. O avançado do Nápoles interessa ao Cagliari.

Benfica continua a estrear jovens que estiveram no Mundial Sub-17: foi a vez de Daniel Banjaqui

Daniel Banjaqui foi suplente utilizado na vitória do Benfica sobre o Farense, encontro válido pelos oitavos de final da Taça de Portugal.