SC Lusitânia | História escrita a dourado pelos sub-19

O SC Lusitânia venceu ontem, na ilha Terceira, o SC Beira-Mar, em jogo a contar para a última jornada da Série Sul – Fase da Subida à 1.ª Divisão Nacional. Com este resultado, a formação açoriana coloca-se, à condição, no primeiro lugar do grupo com 19 pontos (mais um jogo que o Farense). O Beira-Mar e o SC Farense são precisamente as equipas que se juntam ao conjunto açoriano e que na próxima época disputarão a primeira divisão nacional de juniores.

Esta subida do SC Lusitânia constitui-se como algo inédito, não só na história do clube como também na história do futebol açoriano, visto que os Açores nunca tiveram uma equipa de juniores na 1.ª Divisão Nacional.

RESUMO DA TEMPORADA

SC Lusitânia jogadores sub-19
Fonte: SC Lusitânia

Para além da inédita e espetacular subida de divisão, a equipa de juniores do SC Lusitânia já venceu duas competições nesta época desportiva. Estes são os números da temporada:

Campeonato Sub-19 da Terceira: 12 jogos, 11 vitórias, um empate e zero derrotas; 69 golos marcados e 5 sofridos. 

Campeonato Regional Sub-19 dos Açores: 4 jogos, 4 vitórias; 15 golos marcados e um sofrido.

Campeonato Nacional Sub-19  II Divisão: 10 jogos , 6 vitórias, 1 empate e 3 derrotas; 24 golos marcados e 14 sofridos.

O PROJETO (INTERNACIONAL)

Apesar de nunca ter estado numa das principais divisões do futebol nacional, o Sport Club Lusitânia é um dos clubes mais titulados na história do futebol açoriano. Fundado em 1922, o clube verde e branco realizou na temporada de 1963/1964 uma das maiores proezas da sua história: a chegada às meias-finais da Taça de Portugal. Pese embora o feito, a formação açoriana acabaria por desistir da competição, resultando na passagem automática do FC Porto à final.

Já neste século, por volta de 2009, o Lusitânia dos Açores (como é popularmente conhecido) esteve perto de fechar devido a uma grave crise financeira, mas acabou por resistir. Atualmente, “o clube mais campeão dos campeões açorianos” parece bem mais saudável e virado para o futuro.

Nos últimos anos, a formação tem sido um dos pilares do clube, tendo iniciado em 2020/2021 um projeto assente no recrutamento de jovens jogadores estrangeiros com principal foco nos continentes sul e norte americanos. É importante referir que nem todos os jogadores que chegam à ilha Terceira vêm para reforçar a equipa júnior; o projeto estende-se também ao plantel sénior. Em 2022, o Lusitânia conseguiu estabelecer parcerias no Canadá e na Nigéria com vista à deteção de talentos para o futebol. Para além disso, os açorianos receberam ainda a visita de um scouter representante de uma empresa da Estónia, o qual marcou a abertura de portas ao norte da Europa para a entrada e saída de jogadores. Apesar de recente, o projeto parece estar a revelar-se um verdadeiro sucesso. Para além do feito extraordinário protagonizado pelos juniores e do iminente regresso da equipa sénior aos campeonatos nacionais, alguns jogadores têm saído valorizados da estadia na ilha Terceira, dando o salto para patamares superiores. São os casos de Malcolm Simmons (atualmente na equipa Sub-23 do SL Benfica), Juan Nazarit (saiu para representar os Sub-23 do Estoril, mas voltou esta temporada aos Açores) e Juan Perea (deu o salto para o SC Covilhã, e atualmente representa a Académica OAF).

Este ano, o plantel júnior é composto por 27 jogadores (13 portugueses, nove brasileiros, três colombianos, um canadiano e um panamiano). Rafael Castro começou a temporada no comando técnico da equipa, acumulando a função de treinador-adjunto do plantel principal, mas foi Nuno Cristiano Brás quem terminou como treinador dos jovens verdes e brancos. 

O FUTURO

Infelizmente, não tenho comigo uma bola de cristal para prever o futuro, mas pelo sucesso desta fase inicial as perspetivas são bastante boas. Luís Carneiro, presidente do clube terceirense, já salientou os aspetos positivos deste novo projeto, afirmando que este não só contribui para a evolução do clube como também para a promoção da própria região. 

Ainda que possam surgir questões acerca da promoção (ou falta dela) do jogador açoriano, tendo em conta a quantidade de jovens estrangeiros no plantel, aquilo que o SC Lusitânia tem feito é promover, de uma forma extraordinária, o futebol de formação dos Açores. Uma equipa de juniores dos Açores a competir numa primeira divisão nacional era, há poucos anos, algo completamente inimaginável. E a verdade é que se me dissessem, em 2020, altura em que se iniciou o projeto, que os Açores, passados 3 anos, teriam uma equipa Sub-19 a competir na principal divisão nacional, eu acharia um perfeito disparate.  O contexto só por si será um forte contributo para a evolução do jogador açoriano. É necessário, também, deixar claro que qualidade nunca faltou; aquilo que tem faltado é sobretudo um contexto mais exigente. Contexto esse que aparece agora.

29 de abril de 2023 marca um dia histórico para o futebol dos Açores, esperando que seja o primeiro dia de um futebol açoriano mais presente no panorama nacional: com mais clubes e mais jogadores a competirem ao mais alto nível. Ainda para mais num ano que será muito provavelmente marcado pela descida de divisão do Santa Clara.

O futebol por cá, nesta região ultraperiférica constituída por nove ilhas dispersas, precisa de mais momentos como este. Bravo, Sport Club Lusitânia!

Artigo redigido por Carlos Pedro.

Redação BnR
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