Terminado o período aberto a transferências, é importante fazer um balanço e tentar antever quais os ganhos e as perdas dos clubes da Primeira Liga.
Existiram várias estratégias de mercado, desde equipas que se limitaram a dispensar jogadores pouco utilizados e a equilibrar o plantel com alguns elementos de qualidade, a clubes que perderam alguns dos seus principais ativos e que tentaram colmatar essas baixas da melhor forma possível. Este foi o caso, por exemplo, do Vitória de Guimarães, que perdeu dois jogadores que eram bastante influentes na manobra da equipa: Hernâni e Adama Traoré. O lateral esquerdo voou até Basileia, onde vai ser treinado por Paulo Sousa, e Hernâni foi contratado pelo FC Porto no último dia do mercado, por mais de quatro milhões de euros. Este negócio envolveu ainda as idas de Ivo Rodrigues, Otávio e Sami para o D. Afonso Henriques. A nível financeiro, o negócio é excelente para os vimaranenses. Penso que apenas peca por nenhum dos jogadores cedidos pelo FC Porto ser um lateral esquerdo, posição onde a equipa de Rui Vitória ficou claramente deficitária. Olhando para este Vitória, há ainda um reforço que pegou de estaca: Ricardo Valente, vindo do Leixões, e que já marcou dois golos em cinco jogos disputados.

Fonte: Facebook do Vitória Sport Clube
Mas existem mais equipas que saem, quanto a mim, penalizadas nesta janela de transferências. O Estoril perdeu Kuca para o campeonato turco, e Tijane, jogador contratado para essa posição, não parece ter capacidade para se afirmar desde já no plantel às ordens de José Couceiro. Já o Marítimo perdeu a sua grande referência ofensiva, Maazou, e contratou para o seu lugar Moussa Marega, um jogador desconhecido do nosso campeonato e que terá a difícil tarefa de fazer esquecer o nigerino, que marcou 11 golos na primeira metade da temporada. Em Moreira de Cónegos, os adeptos também devem estar a lamentar as perdas de Filipe Melo e Vítor Gomes, jogadores fundamentais para o técnico Miguel Leal. Os dois médios emigraram e deixaram algum vazio no meio campo do Moreirense, onde parece que Lucas Souza, médio vindo do Parma e que já alinhou no Olhanense, terá capacidade para confirmar os bons apontamentos que deixou enquanto jogou nos algarvios.
Em Belém também se verificaram várias mudanças. As saídas de Fredy, para Angola, e Deyverson, para os alemães do Colónia, foram penosas para Lito Vidigal, mas este pôde contar com alguns reforços que podem ser importantes, como o central Tikito, o sobejamente conhecido Carlos Martins e ainda Rui Fonte, avançado emprestado pelo Benfica. O Paços de Ferreira também teve um mercado com boas e más notícias. Pelo lado positivo, as chegadas de Ruben Pinto, Fábio Cardoso e Diogo Rosado, jovens que vêm transmitir algum sangue novo à turma de Paulo Fonseca; pelo lado negativo, a saída de Urreta para o Peñarol. O uruguaio estava a ser dos melhores elementos pacenses até agora.

Fonte: Facebook Vitória Futebol Clube
Mas como o mercado não dá apenas más notícias, existem clubes que podem encarar o futuro com mais confiança, depois da aquisição de reforços bastante importantes e que vão encaixar facilmente. O Vitória de Setúbal, por exemplo, parece ter ganhado uma nova alma. Além da mudança de treinador, com a entrada de Bruno Ribeiro para o lugar de Domingos Paciência, os sadinos reforçaram o seu plantel com Suk, Rambé e Joao Rodriguez, três pontas de lança, e Ulises Dávila, médio ofensivo cedido pelo Chelsea. Os verde e brancos, que acabaram de se apurar para as meias finais da Taça da Liga, podem olhar assim para o que resta da temporada com mais confiança, depois de um mês de janeiro proveitoso, quer em termos de reforços, quer em termos de resultados desportivos. Mais duas equipas que não se podem queixar são o Nacional da Madeira e o Arouca. Os madeirenses ficaram mais fortes após as chegadas de três médios: Luís Aurélio, que se juntou ao seu irmão gémeo João, o brasileiro Chrystian e Tiago Rodrigues, que vem emprestado pelo FC Porto. Já a equipa orientada por Pedro Emanuel foi buscar quatro jogadores às equipas “bês”: Hugo Basto veio a título definitivo do SC Braga, Kayembe, Fokobo e Iuri Medeiros vieram a título de empréstimo. O primeiro tem contrato com o FC Porto, os últimos dois vieram de Alvalade.
As equipas que estão na luta pela manutenção tiveram mesmo de reforçar os seus plantéis. Na Académica destacam-se as chegadas de Ricardo Esgaio e Salim Cissé, dois atletas cedidos pelo Sporting e que poderão dar uma importante ajuda ao treinador Paulo Sérgio. O Boavista reforçou-se com o conhecido Marek Cech e Aaron Appindangoye, central gabonês que participou nesta CAN. O Gil Vicente, que tinha um centro da defesa deplorável, parece estar mais fortalecido com as chegadas de Cadú e Markus Berger, dois jogadores experientes, que vão combater pelo técnico José Mota na segunda metade da época. Ruben Ribeiro, médio vindo de Paços de Ferreira, e o avançado Yazalde também parecem ser reforços importantes. Em Penafiel, Rui Quinta também deve ter ficado contente com as chegadas de jogadores experientes como o central Tiago Valente ou o médio ofensivo Bruno Braga, que foi muito importante no Rio Ave da época passada.
Rio Ave e Sporting de Braga tiveram mercados calmos, com Pape Sow a ser o único reforço vilacondense e Dolly Menga e Pedro Monteiro os reforços bracarenses. Quanto a saídas, estes clubes limitaram-se a dispensar elementos que não eram primeiras escolhas.
Vamos ver o que nos reserva a segunda metade da época, mas com a certeza de que as equipas que estão pior classificadas têm agora melhores soluções. Assim, esperemos que o campeonato fique mais equilibrado e que proporcione melhores e mais emotivos espetáculos até à última jornada, no mês de maio.
Foto de capa: Facebook da Associação Académica de Coimbra/OAF