Chover no molhado!

A contagem para os festejos continua a decrescer e, num primeiro balanço àquela que se pode apelidar como a época do resgate, os elogios vão-se multiplicando um pouco por toda a estrutura azul e branca. Há, no entanto, um principal responsável e, de todos os que merecem a nossa admiração, sobressai o nome do costume: Sérgio Conceição.

Não se trata de sobranceria, mas sim de uma evidência. O FC Porto será o novo campeão da Primeira Liga. Em nenhum outro momento da história do futebol português houve registo de uma equipa que, nas mesmas condições do FC Porto, deixasse escapar o título. Título esse que se reveste de importância máxima, não só porque faz reerguer um campeão adormecido e descaracterizado há mais de quatro anos e, por outro lado, impede que o maior rival faça desaparecer o título de único penta campeão português.

Julen Lopetegui, José Peseiro e Nuno Espírito Santo. O que têm em comum três treinadores tão diferentes? Nenhum deles, com as mesmas ou até melhores condições que Sérgio Conceição, conseguiram levar o Porto a bom porto. Poder-se-á até reconhecer que o atual técnico dos azuis e brancos viu o seu trabalho condicionado pelas muitas restrições financeiras que vêm assolando o Dragão nos últimos tempos. Problema? Nenhum.

Lopetegui começou por dispor do plantel mais caro da história do clube com jogadores de nível mundial, que teriam a obrigação de traduzir a superioridade teórica em resultados práticos. Falhou redondamente, não só no objetivo de conquistar títulos como também na extração das melhores qualidades de um coletivo que devia e tinha de ter dado muito mais. A seu favor jogou o facto de ter realizado uma campanha respeitável na Champions, mas que rapidamente ficou esquecida com a tragédia de Munique.

José Peseiro, por ironia do destino, acabou por ser, dos três, o que mais perto esteve de devolver os títulos aos portistas, mas a final da Taça de Portugal, perdida para o SC Braga nas grandes penalidades, foi mais um soco no estômago, difícil de suportar.

Com a chegada de NES, renovam-se as esperanças, já que na memória de todos estava o célebre discurso do ‘Somos Porto’. Podendo-se reconhecer que a equipa lutou e esteve envolvida na discussão pelo título até ao fim, apesar de variadíssimas arbitragens controversas, a verdade é que os momentos chave revelaram sempre uma equipa sem a chamada ‘estaleca’. A postura do treinador acabou por ser, também, alvo de críticas, atendendo ao discurso monocórdico que mantinha em praticamente todas as aparições públicas.

Sérgio Conceição devolveu as alegrias aos adeptos do FC Porto
Fonte: FC Porto

Eis que, após uma novela que se prolongou no tempo, chega à cadeira de sonho Sérgio Conceição. Mais um homem da casa, mas que se distinguiu por ser bem melhor e mais eficaz em todos os pontos em que o antecessor havia falhado. Liderança, comunicação, transmissão dos valores “à Porto”, valorização e potenciação dos atletas e implementação de uma cultura de campeão. À parte de tudo isto, conseguiu uma comunhão com a massa adepta como há muito não se via no Dragão. Começou por prometer, na apresentação, que o penta do rival não ia acontecer e que, em maio, os portistas iriam estar felizes. Vinha para ensinar e não para aprender. De um plantel em “cacos” e sem hipóteses de movimentações no mercado no sentido de o dotar de armas que o colocassem ao nível dos rivais, viu-se obrigado a resgatar nomes que nunca serviram para os antecessores. Realizou um trabalho psicológico formidável, essencialmente com Diego Reyes, Moussa Marega e Vincent Aboubakar. Vai, muito provavelmente, proporcionar ao clube um dos maiores encaixes de sempre com os milhões da Liga dos Campeões, precisamente num ano em que Portugal viu as suas vagas reduzidas e as receitas da UEFA duplicaram. Encarou os jogos com os rivais, em casa e fora, com a plena consciência de que poderia até nem ter o melhor plantel, mas tinha certamente a melhor equipa e, apoiado nos princípios que sempre implementou desde o primeiro dia, fez surgir um campeão que liderou o campeonato durante dois terços do mesmo.

Sérgio Conceição pode até nem ser o melhor treinador do mundo (e não é, certamente) mas foi a melhor opção que o FC Porto poderia ter tido no preciso momento em que atravessava uma das piores crises da sua história. Sérgio reergueu o clube das cinzas e, não contente com isso, ofereceu-lhe a oportunidade de ter um futuro ainda mais azul.

Foto de Capa: FC Porto

artigo revisto por: Ana Ferreira

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O azul e o branco é parte fundamental da vida do Ricardo. O amor pelo FC Porto faz dele um adepto ferrenho dos 'dragões'. Tem na escrita um amor quase tão grande como o que tem pelo clube, sendo sobre futebol que incide a maior parte das suas escrituras. No futuro, espera encontrar no jornalismo a sua ocupação profissional.                                                                                                                                                 O Ricardo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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