Fim dos Díaz de vertigem | FC Porto

Muito se tem dito e escrito sobre a saída de Luis Díaz para o Liverpool FC no mercado de Janeiro. Levantaram-se várias e variadas vozes críticas e os mesmos do costume apareceram a defender o indefensável. Para não me alongar muito sobre a matéria (porque creio que, neste momento, não trará qualquer benefício à equipa), deixo apenas uma breve apreciação.

Não consigo considerar um ato de sobrevivência, um mau ato de má gestão. É importante perceber que FC Porto precisava de vender o colombiano para fazer face a necessidades de tesouraria de curto prazo e, como tal, a administração da SAD fez o que lhe competia e justifica-se, também, por aí, o reduzido preço que os ingleses pagaram por um jogador que valia francamente mais.

Quanto aos (danosos) atos de gestão que tornaram a transferência de Luis Díaz um ato de sobrevivência, esses sim, devem ser analisados, criticados e condenados.

Foi, portanto, um duro golpe nas aspirações do FC Porto, nomeadamente, nos que à Liga Europa diz respeito, mas a agonia será tanto maior quanto mais duradouro for o período por que se estenda a discussão sobre essa saída. Como tal, este artigo, para além de um último desabafo de um portista amargurado, procura lançar a discussão sobre o futuro. Afinal de contas, há muito para ganhar esta época.

 

FC Porto Vitória SC SC Braga Díaz
Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

Sérgio Conceição tem procurado, invariavelmente, nas conferências de imprensa, fazer o mesmo e fechar o assunto. No entanto, lá vai sempre aparecendo mais uma e outra pergunta, de um jornalista mais ou menos insistente, a lembrar o universo portista de que perdeu uma das suas jóias da coroa.

E é verdade. A coroa está despida de uma jóia. Mais, diria que a coroa azul e branca se viu despida da mais cintilante jóia da que por cá passou, no mínimo, na última meia dúzia de anos. Luis Díaz tem tudo. Tem explosão, tem velocidade, tem agilidade, tem finta, tem remate e, portanto, golo.

No fundo, tem quase tudo. Falta-lhe melhorar o cruzamento, mas, na verdade, o estilo de jogo que Sérgio Conceição implementou esta época escondia essa debilidade e fazia sobressair as suas melhores qualidades. Luis Díaz não era chamado a municiar o ataque, era, sim, chamado a promover e provocar ruturas em diagonais da ala para o centro com o intuito de acabar a finalizar as jogadas do ataque portista.

Mas, agora, não há mais Luis Díaz. Foi e não volta. Foi, mas o clube fica. E fica um plantel que, embora órfão do seu melhor jogador, tem qualidade de sobra para fechar a época em glória. Ainda assim, o caminho para o sucesso terá, forçosamente, que ser diferente.

O colombiano chamava a si a responsabilidade de decidir, impunha a vertigem nos constantes movimentos de ataque à profundidade que fazia e camuflava as carências da equipa com a sua capacidade no momento da decisão.

Haverá no plantel quem consiga assumir o protagonismo de Luis Díaz?

E quem é, então, o substituto de Luis Díaz na equipa? A resposta não é óbvia e pode, à primeira vista, fazer pouco sentido. Vitinha. Com a saída de Luis Díaz, o papel de Vítor Ferreira na equipa portista ganha ainda mais preponderância.

Sim, serão Pepê, Fábio Vieira, Galeno ou, até, Taremi (também por lá já passou) a pisar os terrenos que o colombiano pisava, mas será Vitinha a ter o papel de camuflar debilidades e a ditar o estilo. Nomes como os acima mencionados aportam qualidade, cada um à sua maneira, mas está claro que nenhum (Galeno é o mais parecido) partilha as mesmas características do avançado colombiano.

São jogadores mais cerebrais, menos velozes e que decidem muito melhor com bola no pé e menos na procura do espaço.

E é aqui que entra Vitinha. Sem Luis Díaz para queimar linhas e a tornar o jogo mais direto numa arma mortífera, o FC Porto terá que ter mais capacidade e qualidade na construção. Ora, essa é precisamente a maior lacuna do FC Porto desde que Sérgio Conceição chegou ao clube e é uma brecha que só Vitinha parece capaz de mascarar.

3 dragões Vitinha FC Porto Vitória SC Díaz
Vitinha tem estado em destaque pelas excelentes exibições que tem protagonizado
Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

Viu-se, na primeira metade do encontro com a SS Lazio da primeira mão da eliminatória, que a equipa estava com muitas dificuldades na primeira fase de construção. Os médios não mostraram capacidade para reter e fazer circular a bola.

Fábio Vieira, deslocado para o meio, surgia demasiado adiantado no terreno para conseguir pegar na batuta e os defesas viam-se, constantemente, obrigados a bater a bola na frente. E, sem a velocidade e capacidade física de Luis Díaz, o FC Porto tornou-se inofensivo.

Vitinha não é o único capaz de potenciar o jogo interior do FC Porto por ter boa técnica ou qualidade com a bola no pé. É verdade que tem qualidade de sobra, mas médios como Uribe ou Grujic não são propriamente jogadores sem perfume.

O que torna Vitinha único no plantel portista é a capacidade que tem na ocupação dos espaços e a inteligência que mostra ter no momento sem bola para se posicionar bem em campo de forma a receber a bola sempre nas melhores condições para fazer jogar a equipa.

Pepe FC Porto Rio Ave FC Díaz
Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

E, aí, com Vitinha a assumir o papel de municiador, que estão criadas as condições para que Pepê, Otávio, Fábio Vieira ou Taremi possam fazer a diferença, potenciando as características que têm e a qualidade que possuem para assumir um jogo mais associativo e de bola no pé.

Em suma, com a partida de Luis Díaz, partiu, também, a vertigem, que de constante passou a ocasional, e a equipa terá que assumir um estilo de jogo mais condizente com o que melhor têm para oferecer os jogadores que por cá ficam. E é Vitinha quem tem a chave desse novo FC Porto.

Nota final: Um jogo de pé para pé, não pressupõe, necessariamente, um jogo mais pausado. Os passes poderão ser mais curtos, mas a bola deverá andar mais rápido.

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Bernardo Lobo Xavier
Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.

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