A CRÓNICA: VITINHA ESCAPA À MONOTONIA, À DUREZA E AO QUASE SUSTO
O embate que se deslindou no Estádio Joaquim de Almeida Freitas, nos primeiros 20 minutos, assemelhou-se à percussão de uma orquestra oriunda de uns bombeiros voluntários: o Moreirense respeitava a tática erigida por Sá Pinto e urdia uma modorra à volta do portador da bola. Nem a grafite possui tamanha dureza.
No relvado, sem que ninguém se apercebesse antes da partida, existia uma zona onde abundava aderência. Artur Jorge (39’) não observou o sinal de “piso escorregadio”, patinou na maionese como se diz na gíria e perdeu a posição para Mehdi Taremi: o iraniano, aproveitando a prenda de anos adiantada, abriu caminho para a baliza, tocou ao lado e Evanilson matou a jogada. 0-1!
O intervalo trouxe para a quadra uma redução no tom de agressividade competitiva e o jogo tornou-se quase tão feio como uma cabeça rachada e a esvair-se em sangue.
Grujic (80’) contribuiu, em larga escala, para o caráter hediondo do duelo de domingo à noite: foi admoestado com dois cartões amarelos em apenas sete minutos. Na conversão da falta, André Luís quis perfumar a partida com emoção e um golo de belo efeito, mas o poste da baliza à guarda de Diogo Costa negou-lhe essa possibilidade.
Steven Vitória (84’) após uma disputa com Otávio, consegue a proeza de ser expulso da partida, batendo o recorde do camisola 16 portista.
Derik, para lá do período de compensação, ainda tentou dar seguimento a um passe rasgado de Pablo, mas a tentativa embateu na muralha de Diogo Costa.
O FC Porto conquista mais três pontos e mantém a vantagem para o segundo classificado, enquanto o Moreirense FC permanece em posição de descida.
A FIGURA

Vitinha – Não marcou, não assistiu, nem se quer participou na jogada que erigiu o triunfo do FC Porto. Mas jogou, uma vez mais, de pantufas no meio do lamaçal que hoje se edificou. É verdadeiramente impressionante a sua capacidade de posicionamento, de transporte de bola e de saber fazer a gestão de todos os momentos de jogo.
O FORA DE JOGO

Grujic – o médio esteve cerca de 14 minutos em campo, quando a equipa mais precisava dele. Grujic entrou para ter bola e para estancar as investidas adversárias no meio-campo dos dragões e nem essa tarefa se limitou a cumprir. Por acaso, fruto da inaptidão do Moreirense, a vantagem portista não foi comprometida…
ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC
Sá Pinto alterou algumas peças no embate defronte do FC Porto. Paulinho, Rosic e Fábio Pacheco foram relegados para o banco de suplentes em detrimento de S. Vitória, Matheus Silva e Jefferson. Contudo, manteve a disposição tática que caracteriza a formação cónega: um 3-4-3 desdobrável em 5-2-3 aquando do momento defensivo.
Nos primeiros 45 minutos, pode dizer-se que o Moreirense cumpriu as expectativas do tradicional adepto: não cometer erros defensivos e atacar, sempre que possível, a baliza adversária através da velocidade de Yan e do controlo de posse de André Luís; o primeiro solavanco defensivo que teve resultou no golo adversário. Os alas (Pedro Amador e Matheus Silva) exerceram de modo exímio o controlo da profundidade.
Na segunda metade, com o movimento dos ponteiros do relógio, o Moreirense FC subiu as linhas de pressão e adiantou-se no terreno com a pretensão de procurar o golo da igualdade: a insistência na profundidade e a ausência de jogador criativo deitaram por terra a aspiração cónega.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Pasinato (6)
Vitória (4)
Jorge (4)
Pablo (7)
Silva (6)
Jefferson (6)
Camará (7)
Amador (6)
Yan (6)
André Luís (7)
Martins (6)
SUBS UTILIZADAS
Paulinho (6)
Galego (5)
Derik (5)
Frimpong (4)
Franco (4)
ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO
O FC Porto, após algumas experiências certeiras na UEFA Europa League, regressou ao sistema desenhado por Sérgio Conceição: um 4-4-2, com Otávio e Fábio Vieira a ocuparem os flancos nas transições defensivas e ofensiva e com Vitinha e Uribe a constituírem os pêndulos do centro do terreno.
Na primeira parte, o FC Porto entrou pressionante, com dois jogadores envoltos no portador da bola. Apesar de estar em vantagem, era uma equipa pouco acutilante no que às investidas ofensivas concernia. Os pés de Fábio Vieira escreviam poesia sempre que tocavam na bola, Vitinha escrevia prosa no que tocava ao posicionamento e à construção de jogo a partir do primeiro terço do terreno. Nota de destaque para Evanilson que demonstrava trabalho coletivo por dois ou três.
Os segundos 45 minutos traduziram uma das piores exibições do FC Porto ao longo de toda a época. A gestão da partida e o controlo da mesma foram ameaçados pela crença do Moreirense FC que só não fez mais por não deter os recursos necessários. As substituições originaram o decair da exibição portista e a expulsão de Grujic provocou um calafrio a Sérgio Conceição.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Costa (7)
João Mário (7)
Mbemba (6)
Cardoso (5)
Sanusi (6)
Otávio (7)
Uribe (6)
Vitinha (8)
Fábio Vieira (7)
Evanilson (7)
M.Taremi (7)
SUBS UTILIZADAS
Galeno (5)
Grujic (0)
Martinez (4)
Conceição (4)
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Moreirense FC
Não foi possível colocar questão ao técnico do Moreirense, Rui Mota.
FC Porto
BnR: Boa noite, mister! Antes de mais, parabéns pelo triunfo! Hoje pode dizer-se que foi uma piores segundas partes do FC Porto durante o campeonato, mas também se pode dizer que um coletivo tão forte resiste a jogos menos conseguidos. Concorda?
Sérgio Conceição: Nós temos um grupo fantástico. Os jogadores trabalham bem e são incríveis. Têm um espírito fantástico. Isso do fazer melhor ou fazer pior é importante, mas não é o mais importante. Os nossos jogadores estão sempre preparados e estão habituados a estar ao mais alto nível. Temos jogadores que podem ocupar diferentes posições no terreno. Mas todo o grupo está ciente daquilo por que lutamos e ciente das suas capacidades enquanto coletivo. Nós lutamos por títulos e estas vitórias não valem nada se não os conquistarmos.