Para além das questões táticas, Mourinho destacava-se pelo seu rigor na preparação dos jogos. Não se pode dizer que foi o primeiro treinador a preocupar-se seriamente com a mesma, mas seguramente foi o primeiro a conseguir faze-lo com sistematização e por via de um estudo aprofundado do jogo. Em termos comunicacionais, José Mourinho era também brilhante e, nesse particular, pode bem dizer-se que marcou uma forma de estar com a imprensa desportiva. As suas conferências de imprensa eram marcadas por frases fortes, por mind games com impacto significativo nos seus jogadores e no adversário, e por uma atitude ímpar ao nível da liderança do grupo: sempre que a equipa não ganhava Mourinho assumia a responsabilidade; sempre que a equipa ganhava, Mourinho atribuía integralmente os créditos da vitória aos seus jogadores.
E foi assim, assente nestas premissas, que o FC Porto conquistou duas Ligas Portuguesas, uma Taça de Portugal, uma Supertaça Cândido de Oliveira, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões. Como consequência José Mourinho foi considerado, em dois anos consecutivos, o melhor treinador do ano pela UEFA. Daí em diante, e após a saída do FC Porto, o palmarés do técnico português fala por si e dispensa apresentações. Se por um lado Mourinho não será lembrado como um treinador que criou um novo estilo de jogo (como Johan Cruyff ou Pep Guardiola), este ficará para sempre na história do futebol como alguém com uma capacidade ímpar de adaptar as suas equipas ao contexto competitivo no qual estão inseridas, tendo como objetivo único a vitória até porque, como em tempos afirmou o “Special One”, “o segundo é o primeiro dos últimos”.
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Foto de Capa: FC Porto