
Andoni Zubizarreta foi uma das figuras de destaque na candidatura de André Villas-Boas à presidência do FC Porto. O antigo treinador garantira a contratação do espanhol para a posição de diretor desportivo, caso fosse eleito presidente do emblema do Dragão.
Já todos sabemos o que sucedeu em seguida. André Villas-Boas ‘esmagou’ Pinto da Costa (e Nuno Lobo) e chegou ao seu lugar de sonho. Com isto, o FC Porto passou a ter uma nova estrutura, com duas figuras de proa: Andoni Zubizarreta e Jorge Costa.
O espanhol nunca foi um nome associado ao futebol nacional, mas é mundialmente conhecido, o que entusiasmou nessa fase os adeptos dos dragões. Depois de passagens de sucesso por Athletic, Barcelona e Marselha (onde trabalhou com André Villas-Boas), o antigo guarda-redes chegou ao FC Porto com a missão de modificar um plantel que necessitava de ajustes claros. O antigo guarda-redes tinha provas dadas no posto, embora fosse acusado por alguns de investir em demasia.
Em 2024/25 o FC Porto gastou no total 68 milhões de euros (já com a verba total de Samu Aghehowa e com a inclusão de Francisco Conceição, que estava apalavrada desde a temporada anterior) para terminar a época bem longe do título. Nem todos os reforços foram um sucesso. Se Francisco Moura e Samu Aghehowa foram mais valias claras, o mesmo não se pode dizer de Deniz Gul, Nehuén Pérez, Tiago Djaló, William Gomes, Fábio Vieira ou Tomás Pérez (imposição de Martín Anselmi). A nota é negativa.
Ainda assim, esperava-se mais dos próprios jogadores. Fábio Vieira já tinha brilhado de azul e branco e Nehuén Pérez foi um destaque na Primeira Liga, quando representou o Famalicão. Em setembro de 2024, poucos eram os que criticavam a janela de transferências de verão.
A última contratação com a mão de Andoni Zubizarreta foi Gabri Veiga, chegado do Al Ahli antes do Mundial de Clubes 2025, por 15 milhões de euros. O dirigente apareceu nas fotos e falou inclusivamente na apresentação do compatriota, algo habitual pelos lados do Dragão. A partir daí, o silêncio ganhou o seu espaço.
A prestação do FC Porto no Mundial de Clubes 2025 foi uma desilusão, com os dragões a não conseguirem sequer passar a fase de grupos. Martín Anselmi acabou por dar lugar a Francesco Farioli e os rumores sobre uma saída de Andoni Zubizarreta foram-se adensando durante o começo do mês de julho. Contudo, do lado da instituição nenhuma palavra foi dita até ao momento, o que leva a algumas dúvidas.
Jorge Costa assumiu o protagonismo de Andoni Zubizarreta nas apresentações dos jogadores, embora tenha a missão de ser o diretor para o futebol. O antigo defesa nunca foi diretor desportivo de nenhuma equipa, mas pode vir mesmo a ser o seu novo rol, algo que somente André Villas-Boas poderá confirmar.
Os sócios do FC Porto estão entusiasmados com o mercado realizado, mas deviam pedir explicações sobre este tema. Andoni Zubizarreta é um funcionário do clube, que certamente terá o seu salário ao final do mês (que não deverá ser curto). Não é normal que um elemento com tal grau de importância numa instituição saia do cenário praticamente de um dia para o outro, sem que qualquer explicação tenha sido dada. O antigo guarda-redes não estará de férias e se está bem longe do Dragão, é porque foi afastado pela direção, que não informou os seus associados de um ponto que tem uma importância elevada. Não falamos de um cargo qualquer.
O Benfica, que vive um período distinto ao nível institucional, com eleições marcadas para outubro, informou que Rui Pedro Braz sairia depois do mercado de transferências deste verão, mas o antigo jornalista continua a ir negociar os jogadores e a aparecer com os mesmos no aeroporto. Rui Costa explicou toda a situação, trazendo inclusivamente Mário Branco para o posto de diretor geral que era de Lourenço Coelho. Foi tudo feito às claras. Alguns podem referir que se trata de uma manobra eleitoral. Claro que sim, mas não se escondeu nada dos sócios. Certamente vários candidatos às presidenciais vão apresentar nomes que irão integrar as suas estruturas e está tudo ótimo com isso, já que assim os seus projetos ganham uma coluna vertebral.
O próprio Sporting divulgou a saída de Hugo Viana para o Manchester City alguns meses antes da mesma acontecer e revelou que a figura do diretor desportivo iria desaparecer, passando as suas tarefas a serem divididas por Bernardo Palmeiro (oficializado na altura como diretor para o futebol) e Flávio Costa, chefe do recrutamento e diretor técnico.
A estrutura do FC Porto era confusa antes da chegada de André Villas-Boas à presidência do FC Porto. O clube estava um caos e a nova direção tem muito mérito na recuperação da instituição. Apresentou um modelo claro, com pessoas em lugares fixos e com as funções totalmente clarificadas. A hipotética saída de Andoni Zubizarreta foge a esta regra. É necessário que algum membro da direção venha esclarecer a situação, já que não será agradável para os sócios e adeptos dos azuis e brancos contarem com esta dúvida no ar, já que falamos inclusivamente de um trunfo eleitoral e não de um mero colaborador.