Os números (para além das estatísticas) que ilustram o jogo| CF Estrela da Amadora 0-1 FC Porto

Dos três centrais do FC Porto, à concentração de jogadores por dentro e à pressão do CF Estrela da Amadora foram muitos os atrativos no Estádio José Gomes.

O futebol não é definido por números, nunca o foi e (esperemos nós), nunca será. Ainda assim, estes podem ajudar a compreender tendências, objetivos e estratégias para o jogo e o encontro entre o Estrela da Amadora e o FC Porto foi muito rico nesse aspeto.

Sérgio Conceição lançou três centrais (Pepe, David Carmo e Iván Marcano) e nem a lesão do espanhol, substituído por Wendell, fez o técnico do Porto abdicar do sistema tático. O FC Porto entrou num 3-5-2 com Galeno e Gonçalo Borges, extremos de raiz, como alas e com Alan Varela a ter a companhia de Iván Jaime e de André Franco no meio-campo.

Adiantando André Franco no terreno, o FC Porto tentou pressionar em cima o Estrela da Amadora e, com a deslocação do médio interior direito para a linha dos avançados, espelhou a saída de bola do Estrela da Amadora com marcações homem a homem a todo o campo. Era um momento em que ambas as equipas se alinhavam em 3-4-3.

Porém, o Estrela da Amadora foi inteligente e atraiu os alas do Porto, abrindo autênticas crateras atrás. O Porto arriscou na pressão, subiu linhas e criou situações de igualdade numérica atrás. Os três avançados do clube da casa lutavam diretamente com os três defesas azuis e brancos o que criou desafios. Com Ronaldo Tavares muito forte como referência no jogo direto e com os dois extremos (Léo Jabá e Ronald) muito velozes e ativos, procurando criar espaços e acelerar, o Estrela da Amadora criou várias situações de perigo.

O Estrela da Amadora fartou-se de ganhar duelos, especialmente na primeira parte, com Ronaldo Tavares a ganhar várias bolas contra David Carmo (demonstrou alguma intranquilidade, mas fez um jogo em crescendo) e Jabá e Ronald muito ativos a procurar constantemente atacar as costas dos defesas do Porto. Se Pepe conseguiu fazer uma boa exibição nas coberturas defensivas e nos duelos, Wendell sentiu muitas dificuldades no papel de defesa central exterior, tanto na saída de bola como nas ações defensivas.

Se o 3X3 na última linha causou calafrios ao Porto em algumas situações, o 6X5 (ou 7X5 porque Diogo Costa apresenta qualidade e oferece soluções na saída de bola) não foi suficiente para os dragões apresentarem vantagens na construção. Os dragões tinham vantagem numérica com o guarda-redes, os três centrais e os três médios, mas o Estrela foi recompensado pela ousadia e conseguiu por diversas vezes causar problemas, recuperar bolas em zonas altas e obrigar os jogadores do Porto a optar por uma saída mais direta.

Com os três avançados a pressionar os três centrais, o Estrela da Amadora pressionou o Porto em todo o campo. Ronaldo Tavares aproximava-se frequentemente dos dois extremos e deixava Alan Varela solto nas costas, mas a pressão dos dragões era tão asfixiante que o argentino raramente foi acionado. Quando entrou em jogo (a meio da primeira parte, sensivelmente), foi o melhor período dos dragões.

E, com Ronaldo Tavares tão em cima (foi alternando com uma marcação mais híbrida com o avançar dos minutos), os médios do Estrela da Amadora encontraram-se em desvantagem numérica frequentemente. Com Alan Varela, André Franco e Iván Jaime para controlar, Aloíso Souza e Léo Cordeiro podiam ter tido um dia para esquecer, com coberturas constantes para fazer e sendo superados facilmente.

No entanto, nada disso aconteceu. Ambos os jogadores, enquadrados num coletivo que cumpriu taticamente, conseguiram controlar as ações dos médios do Porto, definido as alturas para pressionar e condicionar, os timings para procurar os duelos e ajustando constantemente posicionamentos. E isso permitiu ao Estrela da Amadora ser superior durante grande parte do jogo.

Mesmo sendo um jogo de números, estes de pouco importaram. Foi, aliás, isso que Sérgio Vieira disse ao Bola na Rede na conferência de imprensa. «Não é o facto de terem superioridade numérica em qualquer setor que lhes permite serem mais eficazes. A questão da inferioridade numérica no meio-campo ou no setor defensivo não é importante para nós porque resolvemos esses problemas com um processo coletivo muito rigoroso. Somos compactos a defender e condicionámos muitas vezes o Porto. Independentemente do adversário, somos uma equipa que pressiona e que não espera por este», afirmou o técnico do Estrela da Amadora no final do jogo.

Porque o futebol não é feito de números e nem mesmo aqueles tão importantes para a sua análise comportam são capazes de traduzir de forma 100% fiel o jogo. Porque este é dinâmico, com ajustes constantes e determinado pelos jogadores. E esses (leia-se Pepe com um grande passe e Mehdi Taremi com um belo remate para golo do FC Porto), resolveram-no mais uma vez. A qualidade individual é a melhor arma deste Porto que, mesmo inferior, venceu o Estrela da Amadora que, além da boa réplica, deixou pormenores de qualidade.

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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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