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«A transição no meio-campo»

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Pronúncia do Norte

Paulo Fonseca chegou ao FC Porto numa época que coincidirá – até que desenvolvimentos futuros em sentido contrário venham a ser públicos – com o último ano de contrato de Fernando, Lucho e Helton. Estes três – os três capitães -, são, de todos os jogadores do plantel, os que mais épocas cumpriram no Dragão. Além de Fucile, aparentemente de saída, são os únicos do grupo que neste momento disputam, no mínimo, a sexta época pelo FC Porto.

Helton, 35 anos, está na nona temporada consecutiva no FC Porto (leva sete campeonatos nacionais em oito épocas concluídas). Lucho González, 32 anos, chegou no mesmo ano que o guarda-redes, mas fez uma pausa de duas épocas e meia em França, no Marselha – El Comandante terá, assim, cumprido seis épocas e meia pelo FC Porto quando terminar o contrato (para já, leva mais campeonatos nacionais do que épocas completas). Fernando, 26 anos, após curta passagem pelo Estrela da Amadora por empréstimo dos azuis e brancos, assumiu a titularidade aos 20 anos e vai a caminho das seis épocas no clube onde ganhou a alcunha de “Polvo”. Só por curiosidade, se nenhum dos três renovar, Varela e Maicon (agora na quinta época no clube) serão os jogadores mais antigos do balneário, superando Otamendi (na quarta época).

Lucho acaba contrato no fim da época e não se fala em renovação Fonte: http://relvado.sapo.pt/
Lucho acaba contrato no fim da época e não se fala em renovação
Fonte: http://relvado.sapo.pt/

A substituição do lendário Helton dará, por certo, pano para mangas quando nos estivermos a aproximar de Julho. Até ver, Fabiano está na pole position. Porém, mais interessante é analisar como Paulo Fonseca vai lidar com as substituições de Lucho e Fernando. Neste momento, ambos são indiscutíveis no meio-campo; para o ano não deverão estar a jogar em Portugal. Sobram Defour, à procura da sua época de afirmação; Josué, Herrera, Carlos Eduardo e Quintero, jovens talentosos que chegaram este Verão ao Dragão. Esta é, por isso, uma época de transição no seio do meio-campo portista.

Como conjugar, então, a necessidade de usar duas das maiores figuras da equipa (Lucho e Fernando) com a necessidade de criar rotinas entre os que são o futuro do meio-campo portista? Deve construir-se um modelo que privilegie os dois médios mais preponderantes no presente (Lucho e Fernando) ou um modelo que exponencie as potencialidades daqueles que comporão o meio-campo do FC Porto da próxima época?
Comecemos por tentar conceber o sistema que mais favorece os actuais jogadores do FC Porto.

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Tendo Fernando, não há como não colocá-lo como único pivot defensivo. Foi nesta posição que se destacou, foi nesta posição que sempre jogou desde que assumiu a titularidade na equipa e é esta a posição que melhor se adequa às suas características – é sozinho à frente dos centrais que mais rende. Pese embora tenha ganho alguns predicados essenciais para jogar mais à frente (foi melhorando progressivamente nos capítulos do passe e da condução de bola), as suas grandes qualidades são defensivas – é no posicionamento e no desarme que é forte. Assim sendo, faria sentido jogar com dois médios centro à sua frente, ficando ele a cobrir as subidas dos médios e dos laterais, como acontece há anos. Lucho-Meireles, Moutinho-Meireles, Moutinho-Belluschi, Moutinho-Guarín ou Lucho-Moutinho são algumas das duplas que se foram notabilizando a jogar à frente do (em breve) luso-brasileiro.

Tomando igualmente como garantida a titularidade de Lucho, só falta perceber quem pode jogar a seu lado. À partida, um box-to-box como Moutinho ou Meireles favorece as características do astro argentino. Defour e Herrera são os jogadores do plantel que encaixam nesse perfil. No entanto, não será estranho para Lucho jogar ligeiramente mais recuado do que o seu parceiro na “posição 8” e fazer parelha com um jogador mais criativo como Josué, Carlos Eduardo ou até mesmo Quintero (conquanto tenha dificuldades em imaginar o colombiano a trabalhar defensivamente tanto quanto necessário nesta posição do terreno). A solução ideal depende das circunstâncias – do jogo, do momento do jogo em particular, do adversário em questão ou de quem esteja a jogar como extremo.

Se o FC Porto não contratar nenhum extremo, a solução de adaptar um dos médios criativos (os esquerdinos Josué e Quintero) a esse lugar parece consistente. Em jogos mais difíceis, será útil para criar superioridade numérica no meio-campo. Em suma, parece-me que o melhor seria jogar no 4-3-3 de sempre, com um trinco, dois box-to-box e dois extremos abertos (ou um extremo aberto e um falso ala). No fundo, o sistema que o FC Porto já utiliza desde Jesualdo Ferreira, que atingiu o seu auge com Villas-Boas e que Vítor Pereira transformou à sua imagem, com uma filosofia de posse.
Façamos, agora, o exercício oposto: excluamos Fernando e Lucho da equação e pensemos no que seria o meio-campo do FC Porto sem eles.

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Sem Fernando, o panorama inverte-se drasticamente. Se ao “Polvo” não faz sentido impingir um companheiro no mesmo raio de acção, sem ele não é possível jogar com um único homem cá atrás. Nenhum dos que fazem parte do grupo tem a capacidade de segurar todo o meio-campo sozinho. Na verdade, poucos são capazes disso. Não há, no mercado, muitos médios defensivos “destruidores” do nível de Fernando. O ideal é, portanto, jogar com o triângulo invertido e obrigar Defour e Herrera a formar um duplo pivot que liberte um “número 10”. Tiago Rodrigues ou Castro, actualmente emprestados pelos dragões, serão potenciais substitutos do belga e do mexicano. Para a função de médio ofensivo já há várias soluções: é nessa posição que Josué, Quintero e Carlos Eduardo se sentem mais confortáveis. Sem mexidas no meio-campo, não haverá alternativa ao 4-2-3-1.
Qual foi, então, a solução apresentada por Paulo Fonseca para esta época?

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Como temos visto, o jovem treinador azul e branco optou por começar a trabalhar, desde já, o 4-2-3-1. Não só porque, provavelmente, será assim que será “forçado” a jogar para o ano, mas também porque este é o seu sistema favorito (e aquele que sempre implementou nas suas equipas). À velha questão sobre se o treinador deve adaptar o seu sistema aos jogadores ou adaptar os jogadores ao seu sistema, Paulo Fonseca respondeu claramente com a última opção.

O resultado está à vista: um meio-campo sem grande química e com todos os jogadores fora do seu habitat. Defour joga demasiado atrás, preocupado em dobrar Fernando, Danilo e Alex Sandro e imprimindo pouca profundidade ao jogo do FC Porto. Ao contrário do que sucede na selecção belga ou do acontecia com Vítor Pereira, não tem grande liberdade para se lançar no ataque. Por outro lado, Fernando joga demasiado à frente, sendo inúmeras vezes responsável pelo transporte de bola. Apesar de estar cada vez melhor do ponto de vista ofensivo, não consegue fazer a diferença no último terço. Para cumprir essa tarefa, há vários jogadores mais valiosos no plantel. Por fim, Lucho, o médio mais inteligente, mais experiente e com mais classe na equipa, vê-se obrigado a ocupar uma posição excessivamente adiantada. Tem a dupla missão de ligar os sectores no momento do ataque e de pressionar bem à frente quando a equipa não tem bola. Jogando assim, aparece poucas vezes de frente para o jogo e tira a possibilidade à equipa de usar um jovem mais repentista nas costas de Jackson (como Josué ou Quintero).

Concluindo, na minha perspectiva não se está a retirar o máximo rendimento de nenhum dos três. Não tem a ver com os jogadores, tem a ver com a dinâmica: os mesmos jogadores a jogar no sistema que propus inicialmente teriam, suponho eu, mais sucesso.
Já que é para usar este sistema, gostaria que se experimentasse actuar com Fernando e Lucho lado a lado e um dos miúdos à frente (Josué, Quintero ou até mesmo Carlos Eduardo). Todavia, isso implicaria dar pouca utilização a Defour (o único com anos de casa, dos que vão ficar) e a Herrera (a contratação mais cara deste defeso), por isso não acredito que esse cenário venha materializar-se com frequência.

Paulo Fonseca escolheu, no presente, olhar para o futuro. Acredito que a equipa possa apresentar um rendimento consideravelmente mais alto num futuro mais ou menos próximo, fruto do entrosamento que se vai gerando, da qualidade e do tempo de trabalho com o grupo. Resta saber quanto tempo falta para chegar a esse futuro. Entretanto, o tempo vai passando…

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