SC Braga 0-1 FC Porto: Ganhar três pontos e perder o melhor

dosaliadosaodragao

No regresso à Pedreira, depois do jogo a contar para a Taça da Liga, Lopetegui foi grato aos onze principais responsáveis pela inequívoca vitória diante do Sporting, e, por isso, repetiu a equipa titular do último Domingo. Do outro lado, um Braga com o plantel na máxima força e que vinha de cinco vitórias consecutivas no campeonato (apenas sofrendo um golo nessas mesmas partidas).

O quarto-de-hora inicial foi bastante repartido, ainda que o Braga se tenha apresentado corajoso e ameaçando chegar à baliza de Fabiano, mormente através das bolas paradas – foi, aliás, na conversão de um destes lances que dispôs da melhor oportunidade em todo o jogo, com um remate de Zé Luís salvo em cima da linha por Danilo. Do lado dos dragões, Herrera e Evandro assumiram o meio-campo mas não conseguiram fazer com que o jogo portista assentasse, muito por culpa de maus arranques de Brahimi (já lá vamos) e Tello. A partir dos 20’, os dragões tomaram conta da partida – nesta fase, o Braga sobrevivia na dúvida entre fazer alguma contenção e jogar na expectativa ou tentar uma pressão mais efectiva, a campo inteiro. Mesmo perante esta indecisão, o FC Porto não soube ser suficientemente inteligente: em dois pares de lances, havendo espaço, os dragões soltaram-se bem da pressão inicial minhota mas a definição dos lances nunca ocorreu da forma desejada, ora por timings errados, ora por movimentos desarticulados. Tello foi vítima e réu nesta fase; mas soube também ser protagonista, assinando os três lances mais perigosos da primeira parte dos portistas, aos 19’, 44’ e 45’.

Se, com bola, o FC Porto não soube escolher os melhores caminhos para a baliza – a ausência de suficiente jogo interior e a baixa taxa de sucesso nos cruzamentos foram evidências nos primeiros 45’ –, a verdade é que a equipa de Lopetegui também não deu qualquer hipótese aos Guerreiros do Minho de aplicar a sua mais forte arma: a transição ofensiva rápida e agressiva. Os dragões, apesar de se exporem em determinados momentos da partida, recuperaram sempre a bola com alguma tranquilidade – a equipa tem evoluído neste prisma e os louros terão de ser colhidos por Lopetegui – e, em consequência disso, terminaram a primeira parte com 71% de posse de bola. Mesmo que, muitas vezes, não lhe tenham dado o melhor dos tratamentos.

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Tello voltou a ser decisivo na vitória portista
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

O segundo tempo arrancou na mesma toada: Aderlan Santos salvou o golo do FC Porto, com um corte providencial, e, quando não foi necessário nenhuma intervenção milagrosa, eram os próprios dragões que, na hora do remate, não eram suficientemente expeditos. Além do mais, Jackson apareceu sempre muito sozinho por entre a muralha construída por Aderlan, André Pinto e Danilo (o do Braga, claro).

Perante um cenário que não interessava, de todo, aos portistas, a dança das substituições arrancou com a saída de Evandro por troca com Quaresma (Brahimi derivou para o meio). Antes que qualquer ideia de Lopetegui tivesse materialização, o coração do jogo do dragão sofreu a verdadeira taquicardia – ver Jackson Martinez aparecer caído no chão, agarrado à coxa, é como ver traída e violentada a maior das presunções: a do golo. Perder-me em considerações sobre a importância do colombiano na manobra ofensiva (e não só) dos portistas será sempre redutor e, portanto, fiquemo-nos pela constatação de que, a partir de então, era menos provável e possível que o FC Porto vencesse a partida. Só que (também) há Aboubakar … e Tello.

Ainda que perdendo o seu farol, a equipa continuou lúcida e a carregar em cima de um Braga que fez jus ao epíteto de “Arsenal do Minho” – à boa maneira do outro Arsenal, foi sempre inconsequente, limitando-se a tentar fechar os espaços para a baliza de Matheus tão competentemente quanto possível. Aos 77’, Aboubakar mostrou que os treinos no Olival têm sido uma boa aprendizagem: à boa maneira de ‘Cha Cha Cha’, soube recuar ligeiramente, rodar sobre si mesmo e endossar a bola a Tello, descobrindo uma avenida na defesa minhota, tal como Jackson diante do Sporting. O espanhol voltou a fazer a diferença e, mais uma vez, redimiu-se das inúmeras vezes em que não toma a melhor das decisões.

Com a chegada a vantagem, Lopetegui tratou, de imediato, de trancar o meio-campo, retirando Brahimi e colocando em jogo Rúben Neves, um simplificador de processos. A equipa portista baixou as linhas (e talvez em demasia), abdicando da pressão a todo o terreno, o que teve como consequência alguns lançamentos longos a apelar ao jogo aéreo dos homens mais adiantados do Braga (sobretudo Éder) – e que foram quase sempre bem travados pela retaguarda portista (Marcano esteve imperial!). Nesta fase, com outro discernimento, os dragões poderiam ter aproveitado o espaço concedido pelo Braga para matar a partida, aproveitando o bom entendimento do momento e contexto do jogo por parte, essencialmente, de Herrera e Aboubakar (excelente o pontapé de bicicleta que ensaiou naquele que foi o último remate dos dragões).

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O domínio portista expresso em números

Mesmo sem a desejada tranquilidade, os dragões preservaram a vantagem mínima e souberam sofrer o indispensável (Fabiano não fez uma única defesa) para levar da Pedreira três preciosos pontos na luta por um campeonato que se adivinha disputado ao milímetro. Mas que se tornará tão mais duro quanto mais tempo esteja Jackson de fora. Segue-se o Basileia, naquela que é a última etapa do ciclo infernal de jogos que os dragões têm tudo para ultrapassar de forma incontestável.

 

A Figura
Tello – Não fez uma exibição brilhante mas esteve em todos os lances de perigo do FC Porto e voltou a ser decisivo, não falhando no momento em que lhe surgiu Matheus pela frente. Tem condições físicas e técnicas para ser um elemento decisivo nos dragões, assim queira (continuar a) evoluir no entendimento do jogo.

O Fora-de-Jogo
Brahimi – Quem o viu e quem o vê! A magia está lá mas agora anda sempre acompanhada de complicação, individualismo e ausência de discernimento. Agarra-se em demasia a bola e prejudica todo o jogo da equipa. Querer resolver sozinho os problemas colectivos nunca será uma boa solução. Nem para um pequeno geniozinho, como já provou ser o argelino.

Foto de capa: fcporto.pt

Filipe Coelho
Filipe Coelho
Ao ritmo do Penta e enquanto via Jardel subir entre os centrais, o Filipe desenvolvia o gosto pela escrita. Apaixonou-se pelo Porto e ainda mais pelo jogo. Quando os três se juntam é artigo pela certa.                                                                                                                                                 O Filipe não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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