Braga 2024/25: época ideal para ultrapassar, sem ter a preocupação de olhar para o retrovisor?

O Braga entrou em 2024/25 com um terramoto. Apesar de ainda não ter perdido um único jogo oficial, a turma do Minho viu Daniel Sousa (e restante equipa técnica) ser despedido, após um empate frente ao Estrela da Amadora. Entrou um nome bem conhecido para os adeptos. Carlos Carvalhal viverá a sua terceira oportunidade como técnico da sua equipa do coração, beneficiando da sua boa reputação na zona e a ótima relação que tem com António Salvador. Mesmo com os trabalhos pobres realizados no Celta de Vigo e no Olympiacos, o timoneiro conseguiu um bom posto.

A saída de Daniel Sousa condiciona um pouco a ideia deste texto, que trata de abordar as possibilidades do Braga em conseguir um lugar no top 3, tentando inclusivamente disputar o acesso à Champions League. Para que isto aconteça, é necessária estabilidade e confiança. O despedimento do ex-Arouca levou a uma suspeita que estes dois pontos não existem pelo lado arsenalista do Minho. António Salvador não tem a paciência como virtude e deseja ter influência no que acontece no balneário. São estilos, mas necessitará sempre de um yes man para que tudo aconteça como quer. Carlos Carvalhal encaixa no perfil, Daniel Sousa não. Com isto não se quer afirmar que António Salvador é um mau dirigente. Trata-se do melhor da história do emblema bracarense, que cresceu exponencialmente nas duas primeiras décadas do séc. XXI. Não sendo o jogo frente ao Servette uma amostra suficiente, é credível que Carlos Carvalhal seja capaz de atingir o sucesso.

Com isto fica a pergunta que se queria fazer logo no arranque deste texto? É o Braga capaz de atingir algo mais em 2024/25? Na minha opinião, sim. Para isto, temos que analisar dois fatores fundamentais. O mercado (e plantel) dos guerreiros e a situação dos rivais. Um deles, António Salvador pode definir, o outro, nem por isso.

O Braga esteve muito bem no mercado de transferências. O balanço indica-nos um saldo positivo de praticamente 30 milhões de euros (28,75). Há uma perda notória: Álvaro Djaló, que rumou ao Athletic por 15 milhões de euros e é um desiquilibrador como poucos. Abel Ruiz rendeu nove milhões de euros, numa fase em que já não estava a brilhar no Minho (além do passe de Gabri Martínez). Al Musrati já tinha saído por empréstimo, sendo a execução da opção de compra obrigatória uma mera formalidade. Rodrigo Gomes rendeu 15 milhões de euros, depois de uma cedência com sucesso ao Estoril Praia. Tiago Esgaio, Cristián Borja, Lucas Piazón, Pizzi, José Fonte, Rony Lopes e Cher Ndour (fim de empréstimo) foram saídas menores, já que eram componentes que não seriam capazes de entregar o suficiente em 2024/25. Quiçá José Fonte e Pizzi talvez conseguissem oferecer a sua experiência, mas a percentagem que ocupariam na folha salarial não seria curta.

O Braga sabia que teria várias posições a reforçar neste mercado, por necessidade e para se aproximar ainda mais do topo da tabela. António Salvador (e restante estrutura) não foi ‘poupado’ e conseguiu ter a visão que poucos têm. Não houve medo de contratar Arrey-Mbi por mais de seis milhões de euros. Com 21 anos, era um dos centrais mais promissores da Bundesliga 2 e no Minho pode dar o passo seguinte. Robson Bambu esteve seguro no Arouca e foi claramente uma oportunidade de mercado e possivelmente um pedido de Daniel Sousa. Igualmente na defesa, Bartlomiej Wdowik chega para dar concorrência a Adrián Marín. O seu cariz ofensivo e o seu preço acessível podem fazer dele um dos reforços do ano.

O meio campo da turma de Carlos Carvalhal não precisava de grandes mexidas. O regresso de Gorby era dado como feito, mas aproveitou-se para contratar mais um projeto: Thiago Helguera, de somente 18 anos de idade. Com um custo de três milhões e setecentos e cinquenta mil euros tem que ser aposta gradual, obrigatoriamente.

No ataque, o Braga mostrou toda a sua inteligência. João Marques, totalmente capaz de atuar também no meio campo, chega com provas dadas do Estoril Praia, tendo sido um dos melhores jogadores fora do top 4, na Primeira Liga 2023/24. Gabri Martínez foi inserido no negócio de Abel Ruiz e se continuar o bom trabalho que realizou na cedência ao Mirandés na última época, pode chegar longe. Foi fundamental para Alessio Lisci e poderia ter sido aposta de Míchel no Girona, mas a sua vinda para Braga foi uma boa notícia para o nosso campeonato. Para o posto de ponta de lança, quis-se precaver a saída de Simon Banza, que ainda não aconteceu, e compraram-se dois elementos. Amine El Ouazzani tem assumido o posto de titular e continua a mostrar as valências que exibiu no Guingamp. Roberto Fernández chegou do Málaga, depois de ter sido um dos craques da Primera RFEF e inclusivamente associado ao Atlético de Madrid. Com um histórico de quilate, poderá ser importante para Carlos Carvalhal, após uma fase de adaptação.

Em suma, o plantel do Braga melhorou, embora tenha um valor de mercado inferior. Contratou jogadores do futebol internacional, todos eles promissores e alguns com provas dadas em escalões secundários ou ligas periféricas. Ao mesmo tempo manteve certas peças fundamentais como Ricardo Horta, Matheus, Rodrigo Zalazar e Sikou Niakaté (que ainda pode sair). Deixou de ter jogadores mais experientes como Pizzi ou José Fonte, para apostar em elementos com margem de crescimento, num campeonato que tem mostrado ser o ideal para este tipo de atletas (como Rafa Mujica, Essende, Bozeník ou Edwards, na sua fase de Vitória SC).

Contudo, quando falamos no campeonato português, já sabemos que o pódio está ‘reservado’ para três equipas. Para que o Braga possa sonhar com uma vaga no mesmo, uma delas terá que se encontrar num momento menos positivo. Até nisto estão com sorte. O FC Porto colocou um ponto final na sua ligação com Sérgio Conceição, vivendo uma crise financeira que poucas vezes se viu anteriormente, levando a que tenha um plantel incompleto e a correr o risco de perder ainda mais peças (Evanilson já saiu, Francisco Conceição e Galeno podem abandonar o Dragão). Claro que os azuis e brancos poderão fazer um ótimo ano, até porque há jogadores a brilhar com Nico González ou Alan Varela, mas a ideia do ‘ano zero’ parece a mais aceitável. Quem se assume ser candidato ao título é o Benfica, onde o ambiente é tóxico. Roger Schmidt perdeu o balneário, dentro das quatro linhas o futebol praticado não é o melhor. A saída do alemão parece ser a única solução para Rui Costa, mas perdeu o timing.

Com isto não se quer afirmar que o Braga tem mais capacidades que o FC Porto ou o Benfica. Os dois emblemas continuam a partir com vantagem em relação aos minhotos, mas as fragilidades existentes podem levar a que os bracarenses consigam dar um passo em frente, pelo menos em 2024/25. É legítimo que o ambicionem. Já não é tão legítimo que António Salvador pense que é algo possível todos os anos, equiparando-se aos designados de ‘Três Grandes’.

O Braga é assumidamente a quarta força da Primeira Liga. A questão de ‘olhar para trás’ nem se coloca, embora se reconheça que há projetos de qualidade, como o do Vitória SC e o do Famalicão. Geralmente estas equipas não conseguem viver fases positivas de grande longevidade. Não alcançam ter a estabilidade que o Braga detém, mesmo com um treinador despedido na primeira ronda.

A Primeira Liga 2024/25 pode viver o fenómeno de ver o Braga de regresso ao top 3, algo que aconteceu por quatro vezes nos últimos 19 anos. Os minhotos têm pelo menos uma ótima época para atingirem tal objetivo, que não deixa de ser uma das maiores ambições (e obsessões) do seu líder máximo.

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