Moreirense FC 1-2 Boavista FC: Ai, a minha Ma(e)nutenção

A CRÓNICA: DIA DE MUITAS COISAS E… DE GORRÉ TAMBÉM

A crónica desta partida enceta com um juízo depreciativo dirigido à população portuguesa. Tenho alguma comiseração em tecê-la a um povo tão (ajustem consoante o sentido que entenderem dar); contudo, se de vergonha ou pudor falarmos, esqueçam. Nem um bocadinho. Cá vai!

Nos feriados nacionais, os portugueses/as possuem um recato excelso em sair de casa. Dia do Trabalhador, Dia da Mãe, Dia do Riso e mais alguma celebração da qual não me recordo e o Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas não atingiu a superlotação? Que motivos faltaram para fazer dos espectadores personificações de ovos a serem estrelados?

Da percentagem que assistiu pela televisão, aposto que uma parte quis arregalar as vistas com o primeiro lance passível de golo no primeiro minuto: Paulinho, numa corrida desenfreada pelo corredor direito, dispôs em Rafael Martins que – na passada – cabeceou para defesa apertada de Bracali.

O Dia do Trabalhador está diretamente associado à revolução de abril e à conquista de “regalias” até aí aniquiladas e silenciadas, mas Jefferson Júnior esqueceu-se de o estudar para o teste: após uma disputa (e posterior perda) de bola displicente a meio-campo, Gorré roubou o esférico ao camisola 35, correu em direção à baliza de Pasinato, driblou Rosic e inaugurou o marcador (19’). 0-1!

Gorré ainda quis relembrar a massa adepta boavisteira que se celebrava o Dia do Sorriso quando engendrou um cabeceamento a rasar o poste da baliza de Pasinato (25’). Por sua vez, Rafael Martins era dos mais combativos e inconformados da equipa do Moreirense FC e, em cima do apito para o descanso, desferiu um remate rumo… à emoção do que restava da partida e ao cessar da aflição de umas centenas de adeptos (45’).

A palestra, o chá e a revisão da matéria pareciam ter surtido efeito para o Moreirense FC (52’): primeiro, desenhou-se uma triangulação a meio-campo entre Franco, Paulinho e Matheus Silva; depois, o camisola 13 progrediu no terreno, enviou uma bola tensa para a área que encontrou a cabeça perdulária de Rafael Martins.

Rodrigo Conceição perdeu o esférico. Contudo, mal avistou a presença do pai na bancada, recuperou o esférico e dispôs em Sori Mané. O guineense flanqueou o jogo, Frimpong ajeitou, de primeira, para Rafael Martins e o avançado concretizou (88’). 1-1!

A pantera foi golpeada perto do fim, mas foi novamente seduzida por (uma inspiradora) Musa: após ludibriar um adversário, rematou colocado junto ao canto esquerdo e fixou o resultado. 1-2!

Final eletrizante em Moreira de Cónegos: o Boavista FC garantiu matematicamente a permanência, enquanto o Moreirense FC cavou mais um buraco nas aspirações da manutenção.

 

A FIGURA

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Gorré – foi o rosto do inconformismo da pantera até ser substituído. Poder de explosão, velocidade, investidas individuais, sentido de oportunidade, golo que ajudou a construir o triunfo. Hoje, Gorré foi tudo isto. Colocou em sentido o quarteto defensivo do Moreirense FC, deu água pela barba a Matheus Silva e fugia-lhe regularmente à marcação. O Boavista FC deve-lhe parte da permanência.

 

O FORA DE JOGO

Jefferson – A perda de bola infantil que originou o golo inaugural da partida é apenas uma das razões para Jefferson receber a medalha de lata. Se nos jogos anteriores a sua resistência, a sua devoção e a sua visão de jogo tinham sido fatores preponderantes para que o Moreirense FC almejasse vitórias, hoje nada disto aconteceu. Entrou nervoso na partida, não estabilizou e a equipa ressentiu-se.

 

ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC

Para o embate defronte do Boavista FC, Ricardo Sá Pinto orquestrou o habitual 4-2-3-1: Jefferson e Sori Mané (em detrimento de Fábio Pacheco) compunham a dupla de médios todo-o-terreno; Matheus Silva (substituindo Derik Lacerda) e Pedro Amador (no lugar de Franco) encarregavam-se de dar guarida ao homem mais avançado do terreno com a batuta de Kevin Mirallas. Destaque, ainda, para o regresso do defesa central Pablo à competição.

Durante a primeira metade, a formação cónega entrou acutilante na partida muito por “culpa” do flanco direito liderado por Paulinho, mas foi esvaindo o seu ímpeto após sofrer o tento inaugural na partida. Sem grandes soluções ofensivas e com um fio de jogo repleto de previsibilidade, assustou apenas através de remates de longa distância. Defensivamente, tem acertado nas marcações e no posicionamento em quase todos os momentos de jogo; contudo, no lance do golo, ficou aquém no parâmetro da agressividade.

Nos segundos 45 minutos, o Moreirense FC tomou as rédeas do encontro. Ofensivamente, exibiu uma extensa quantidade de oportunidades, mesmo que grande parte das mesmas reunisse pouco ou nenhum critério. As substituições, apesar de serem com o intuito de furarem a muralha boavisteira, não foram capazes de criar perigo junto da baliza de Bracali, com a exceção do golo. Defensivamente, uma desconcentração fatal ditou a desdita (i)merecida: solidez defensiva rasa.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Pasinato (5)

Rosic (6)

Matheus Silva (5)

Sori Mané (5)

Pedro Amador (5)

Frimpong (6)

Pablo (6)

Jefferson (4)

Paulinho (6)

Mirallas (4)

Rafael Martins (6)

SUBS UTILIZADOS

Franco (6)

Conceição (5)

André Luís (4)

Galego (4)

Ismael (4)

 

ANÁLISE TÁTICA – BOAVISTA FC

Contrariamente ao ocorrido diante do Sporting CP, Petit atracou em Moreira de Cónegos com ideias distintas e fez alinhar as suas peças num 3-5-2, desdobrável em 5-3-2 aquando dos momentos defensivos: Musa regressou ao ataque da pantera e foi a companhia de Gorré; Perez. Vukotic e Makouta perfilhavam o músculo e a superioridade numérica no meio-campo enquanto Malheiro e Filipe Ferreira se ocupavam das transições nos flancos.

Os pupilos de Petit entraram nos primeiros 45 minutos de forma cautelosa, mas rapidamente impuseram o seu ritmo e o carimbo da sua identidade: trazer a partida para o meio-campo pelo conforto manifestado em forma de superioridade numérica, disputar a bola no limiar da falta e obrigar o Moreirense a deter a posse de bola antes do seu reduto setorial. Fez da eficácia ofensiva e da concentração do seu quinteto defensivo as razões para sair vitorioso ao intervalo.

Após o intervalo, a equipa de Petit baixou as linhas de pressão e recuou os seus jogadores, tendo a linha de meio-campo constituído a primeira de saída ao portador da bola. Ofensivamente, as investidas da pantera diminuíram em larga escala pelo facto de ter adotado a estratégia de ferir o adversário através de contra-ataques. Defensivamente, foram colocados à prova: o golo sofrido demonstrou pouco acerto e concentração no último terço.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Bracali (7)

Cannon (6)

Gorré (7)

Musa (7)

Vukotic (6)

Ferreira (6)

Porozo (6)

Perez (6)

Abascal (6)

Makouta (6)

Malheiro (6)

SUBS UTILIZADOS

Hamache (5)

Nathan (4)

Javi García (4)

 

BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

Moreirense FC

Não foi possível colocar questões ao treinador do Moreirense FC, Ricardo Sá Pinto.

 

Boavista FC

BnR: Boa noite, mister! Considera o resultado justo face ao que se passou em campo? Pergunto isto dado que o Boavista recuou as linhas de pressão na segunda metade e atacou menos do que na primeira metade.

Nuno Pereira: No cômputo geral, considero a vitória justa. Na primeira, fomos melhores do que o Moreirense FC. Na segunda, houve uma clara reação do Moreirense FC. Conseguimos controlar quase todos os momentos da partida. Mesmo na segunda metade, tivemos uma ou duas situações claras de golo. Penso que o resultado se ajusta ao que se passou em campo.

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Romão Rodrigues
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