Académica OAF 1-2 FC Porto B: Série mais negra que a capa

A CRÓNICA: DRAGÕES VOAM NAS ASAS DA EFICÁCIA

Já falta leito ao Mondego para conter tantas lágrimas derramadas. A Académica OAF deu seguimento à péssima época que vai fazendo e somou ante o FC Porto B a sexta derrota consecutiva (a quinta para a Segunda Liga). Por seu turno, os jovens Dragões passam a somar 15 pontos e levam já oito de vantagem para o Varzim SC (primeira equipa em zona de descida direta).

Os dez minutos iniciais foram jogados em “banho-maria”, mas culminaram com o primeiro lance de perigo da partida. Tudo começou com um bom pontapé de Mika, na reposição da bola em jogo, e tudo terminou com um mau pontapé de João Carlos. O “50” da Briosa foi servido por um cruzamento decente pela direita do ataque academista, não tendo todavia sido capaz de finalizar da melhor forma perante a pressão de um defensor adversário.

A resposta azul-e-branca surgiu pelo mesmo método e com a mesma eficácia. Levi Faustino, na ala direita portista, puxou do cruzamento para colocar o esférico nos pés de Bernardo Folha. O médio de 19 anos agradeceu e rematou, fazendo a bola sobrevoar a trave da baliza de Mika.

Teria sido um bom ensaio caso ainda se mantivessem no relvado do Cidade de Coimbra as balizas de rugby do Portugal x Japão. Infelizmente, de um fim-de-semana para o outro só se mantiveram umas quantas linhas do terreno de rugby e uma quanta areia nesse jogo levantada no tapete auriverde da Académica-OAF. Foi, ainda assim, um bom ensaio para o que se seguiria.

Aos 18 minutos, Bernardo Folha apareceu ainda em maior estilo e atirou às portas da área com o pé esquerdo. Mika, batido, acompanhou com o olhar o trajeto da bola e com o ouvido esquerdo o baque da mesma no poste. A turma de negro mantinha a “Folha” limpa, mas estavam deixados os dois avisos portistas.

O FC Porto B viria, aos 29 minutos, a vestir a pele de companhia de eletricidade. Já haviam deixado dois avisos, à terceira foi mesmo para cortar a luz. Mor Ndiaye olhou para a bola, mediu os 25/30 metros que a separavam da linha de golo, encolheu os ombros e disse para si mesmo: “Cá vai disto”. E foi. Que golo de pé esquerdo do “64” forasteiro.

A reação caseira foi quase imediata e altamente eficaz. Aos 35 minutos, Mimito, Toro e João Carlos formaram uma task force com o intuito de distribuir o golo do empate e conseguiram-no. Foi o ponta-de-lança brasileiro quem “a meteu lá dentro” – nem outra hipótese tinha, a baliza estava à sua mercê -, mas o mérito foi repartido em partes iguais.

A Académica-OAF espevitou-se nos restantes 10 minutos e entusiasmou as bancadas. Ainda assim, o intervalo chegaria com um empate a um golo ainda no marcador. O entusiamo academista não esmoreceu no quarto de hora de descanso e Ricardo Silva foi o primeiro a descobri-lo.

O guardião azul-e-branco foi posto à prova – e correspondeu – logo no segundo minuto do segundo tempo, após remate de Fatai. O entusiasmo caseiro não esmoreceu ao intervalo… mas diluiu-se logo aos 50 minutos. Silvestre Varela foi o feliz contemplado do sorteio “Quem quer uma bola cruzada por Léo Borges?” e fez o 2-1, num remate prensado precedido de uma receção orientada de alguma classe.

A reação da Briosa foi muito singela. Foi preciso aguardar um quarto de hora para que as bancadas se levantassem em uníssono na previsão coletiva de golo academista. João Carlo, todavia, não conseguiu desfeitear Ricardo Silva no um para um e aumentou o desespero dos adeptos presentes no Cidade de Coimbra. Até final, os momentos de maior ebulição nas bancadas foram apenas aqueles em que os adeptos da casa sentiam haver ações de anti-jogo dos jovens Dragões.

 

A FIGURA

Bernardo Folha o seu posicionamento foi suficiente para desequilibrar. A atuar entre linhas, não deu referências aos defesas para que o pudesse controlar. Procurou muitas vezes o remate, mas não conseguiu chegar ao golo que coroaria a bela exibição que assinalou.

 

O FORA DE JOGO

João Carlos teve um conjunto de más definições que inibiram a Académica de criar um maior número de oportunidades de golo. Desperdiçou uma série de ocasiões e apenas marcou num lance em que o difícil era não o fazer.

 

ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

A versatilidade da Académica torna difícil encontrar uma sequência de números adequada, daquelas com que normalmente caracterizamos os sistemas táticos das equipas, para definir a maneira como os estudantes se apresentaram em campo. Ainda assim, será o 3-4-3 a configuração mais representativa.

Com três laterais-esquerdos de origem no onze, João Carlos Pereira deu a Fábio Vianna e a David Sualehe o papel de, no flanco canhoto, adaptarem a forma como a equipa defendia ao que era apresentado pelo adversário. Em caso de necessidade, mas não como principal prioridade, Sualehe baixava para formar uma linha de cinco elementos atrás. Nessa situação, Fábio Vianna somava-se a Michael Douglas e Ricardo Dias como terceiro central. Na hora da pressão, Sualehe saltava no lateral contrário e era Vianna quem se responsabilizava pela defesa ao extremo. Do outro lado, Traquina fez todo o flanco.

No meio-campo, Mimito e João Lucas (o outro lateral-esquerdo de raiz do onze) articularam-se. João Lucas geriu mais a posse, enquanto Mimito anotou bons pormenores na condução de bola e na execução de movimentos de rutura. Ainda assim, não se pode dizer que tenha existido um meio-campo a dois, dado que Toro e Fatai, falsos extremos, estiveram constantemente no corredor central.

 

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Mika (5)

Traquina (6)

Michael Douglas (4)

Ricardo Dias (5)

Fábio Vianna (4)

David Sualehe (5)

João Lucas (5)

Mimito (5)

Toro (6)

Fatai (6)

João Carlos (4)

SUBS UTILIZADOS

Michel Lima (4)

Costinha (5)

Fábio Fortes (4)

Reko (-)

João Pedro (-)

 

ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO B

O Porto B dispôs-se taticamente em 4-4-2. Muito daquilo que os dragões demonstraram bem que pode ser comparado ao que faz habitualmente a equipa A.

Mor Ndiaye e Rodrigo Fernandes operaram no meio-campo. Nos corredores, atuaram jogadores com características bastante distintas. Bernardo Folha, a partir da esquerda, transformava-se, a atacar, num terceiro médio, demonstrando encontrar no miolo conforto para combinar e até finalizar jogadas. Ao invés, Peglow, dono da faixa direita, posicionou-se bem perto da linha lateral de modo a obrigar a defesa adversária a estender-se. Na frente, Danny Loader foi-se movimentando por onde pressentia que existia espaço para tal, bem complementado por um Varela mais fixo.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Ricardo Silva (5)

Levi Faustino (5)

João Marcelo (5)

Romain Correia (6)

Leonardo Borges (5)

Mor Ndiaye (6)

Rodrigo Fernandes (5)

Peglow (5)

Bernardo Folha (7)

Varela (5)

Danny Loader (6)

SUBS UTILIZADOS

Zé Pedro (-)

Vasco Sousa (-)

Rodrigo Ferreira (-)

BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

 

ACADÉMICA OAF

Bola na Rede: A Académica-OAF fez alinhar no onze inicial, num sistema de três centrais, um central, um médio-defensivo e um lateral-esquerdo, além de fazer alinhar outros dois laterais esquerdos (um em cada ala). O que é que os jogadores que jogaram fora de posição dão à equipa que os dois centrais e o lateral-direito que ficaram no banco não dão?

João Carlos Pereira: É o trabalho do treinador: arranjar soluções. Quando procuramos dotar a equipa de equilíbrio para ter competência e se bater com certo tipo de adversários, temos que encontrar soluções. Em termos de rendimento, acho que estivemos bem.

 

FC PORTO B

Bola na Rede: O que é a presença de dois extremos com características tão distintas como o Peglow e o Bernardo trouxe ao jogo do Porto B?

António Folha: Alterámos um pouco aquilo que é o nosso sistema habitual devido a algumas baixas que temos tido. Hoje, jogámos em 4-4-2. Com tanta gente a jogar por dentro, conseguíamos ter superioridade no meio e rodar facilmente a bola de um lado ao outro, uma vez que a Académica joga com uma linha de cinco atrás e apenas dois elementos no meio. O Varela e o Danny tinham liberdade para atacarem a profundidade e, de vez em quando, um vir em apoio.

 

Rescaldo da opinião de Francisco Martins e Márcio Francisco Paiva.

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