Académico Viseu FC 3-1 CF Os Belenenses: Sem espinhas

Juntou-se a fome com a vontade de comer. Trata-se de uma expressão que se pode aplicar a este jogo. Entre duas equipas a desiludirem no início da Segunda Liga. Por um lado, um Académico de Viseu FC com recursos e ambições altas à partida de 2023/2024, mas muito mais perto dos lugares de descida do que subida.

Por outro, o histórico CF Os Belenenses que vem numa ascensão meteórica desde os campeonatos distritais da AF Lisboa e que está a apresentar muitas dificuldades no regresso aos escalões profissionais de futebol.

A verdade é que os viseenses mostraram desde o início uma maior superioridade e, logo aos cinco minutos, chegou o primeiro, num autogolo caricato de cabeça de Tiago Manso, depois de um cruzamento de Quizera para a grande área.

A facilidade de penetração dos viseenses na grande área, pelos flancos, foi algo que ainda não se tinha visto esta temporada e não foi de estranhar que o segundo tento chegasse aos 14´. Do lado contrário ao primeiro, Labila assistiu Clovis e permitiu gerir com serenidade o jogo a partir daí.

Com controlo do jogo em posse, não era necessário que a equipa de Viseu pusesse um ritmo elevado à partida e ainda para mais, quando Rui Correia foi expulso por acumulação de amarelos, já perto do intervalo. Um lance que também deu motivo de queixas do lado do Académico porque o árbitro interrompeu o jogo, quando Gautier Ott seguia isolado para a baliza.

Se a primeira parte não conseguiu aquecer muito o ambiente gélido no Estádio do Fontelo, o segundo tempo ainda diminuiu mais a velocidade. Com uma troca de bola, muitas vezes a meio-campo, parecia ser um treino com bola da formação beirã. Aos 69´, Clóvis bisou e ainda deu mais motivos para o ritmo abrandar.

Os Belenenses só agitaram um pouco com as substituições e a desconcentração final da formação da casa, com André Almeida a salvar um golo em cima da linha de golo. Contudo, numa jogada entre atletas que saíram do banco, Clé assistiu Keita, depois dos defesas viseenses estarem ausentes da grande área, talvez a debater formas de se aquecer.

BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

CF Os Belenenses

BnR: Foi pelas laterais defensivas que os Belenenses sentiram maior dificuldade e levou ao desequilíbrio do jogo até à expulsão de Rui Correia?

Vasco Faísca: Não foi até à expulsão. Até nos primeiros minutos, isso aconteceu, é verdade, porque, do ponto de vista estratégico, acreditámos que o Viseu, fruto dos jogadores que apresentou, parecia que ia jogar numa estrutura com três centrais e nós adequámos.

Mas depois verificámos que não era isso que se estava a passar e eles tiveram essa vantagem porque nós tínhamos montado uma estratégia e alterámos. Depois rapidamente ajustámos e conseguimos controlar melhor, mas lá está com 2-0 e uma expulsão, tudo fica mais difícil, essencialmente do ponto de vista emocional para os jogadores. O acreditarem que é possível.

Mas ajustámos, viemos ao balneário e conseguimos ajustar melhor porque no futebol não time out e é o único momento do jogo e em que conseguimos um bocadinho para reajustar a equipa.

Volto a frisar: penso que, na segunda parte, a minha equipa foi digna, foi lá para dentro, com vontade, com profissionalismo, foi trás e conseguimos marcar um golo. É verdade que o Académico também marcou um, mas deixamos a imagem de uma equipa que quer, de uma equipa que vai atrás e com certeza irá crescer no futuro.

BnR: Depois da expulsão, qual foi a sua principal preocupação que teve para a equipa?

Vasco Faísca: Não levar quatro ou cinco porque é o que podia ter acontecido. Eu sei que uma derrota é sempre uma derrota, mas não acredito que perder por cinco ou seis é igual a perder por dois ou três. Penso que sair daqui com uma derrota muito pesada poderia ter animicamente, para a minha equipa, uma consequência.

Perder por 3-1 não é bom, não estamos de todo satisfeitos, mas é diferente. Portanto, sabendo do poderio do plantel do Académico e a jogar com dez jogadores a perder por 2-0, foi limitar, de alguma forma, aquilo que poderia ser uma avalanche ofensiva por parte do Académico, mas sempre acreditando que poderíamos reduzir a vantagem e quiçá até empatar.

Esta foi claramente a mensagem, mas também sabíamos que, se nos desequilibrássemos excessivamente, o resultado poderia ser muito mais dilatado e penso que a minha equipa conseguiu aguentar e bem.

Académico de Viseu FC

BnR: É este Académico a controlar e a dominar o jogo em posse que idealiza como ideia de jogo para esta equipa?

Jorge Simão: Eu penso idealizar muitas coisas, mas depois, se os jogadores dentro do campo não o conseguirem fazer, a coisa não resulta, não é?

Eu posso idealizar muitas coisas e idealizo, atenção. Acho que é o meu papel enquanto treinador, mas quando eu digo que a vitória é dos jogadores e volto a dizer, não é porque fique bem na fotografia. É porque, na verdade, são eles que jogam. Por muito que eu pense no jogo que queria jogar, nas coisas que eu gostava de fazer, como todos os treinadores o fazer, nós temos de adequar a nossa vontade, as nossas ideias, as nossas intenções com aquilo que os jogadores fazem com sucesso. Obviamente o que nós procuramos é ganhar jogos.

BnR: O mister disse, na antevisão a este encontro, que “a equipa tinha de ser mais rigorosa nalguns aspetos do jogo. Para além do golo sofrido, o que ficou por melhorar nesta partida?

Jorge Simão: Nós fomos muito rigorosos. Mesmo com o 3-0 e a jogar contra uma equipa com dez jogadores, acho que fomos muito rigorosos. Lá está, se excluirmos, do filme do jogo, o golo sofrido, acho que fomos muito rigorosos durante o percurso do tempo todo, tirando esse lance.

Estamos com os “ses” novamente. Eu fico satisfeito porque vi hoje uma equipa consistente nos comportamentos e consistente ao longo do tempo. Fizemos os mesmos comportamentos que devíamos fazer, treinámos e treinámos e fizemos no decurso de todo o jogo. Por isso, obviamente fiquei contente. Temos de conseguir fazer numa próxima.

Pedro Filipe Silva
Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.

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