
Clubes tendem a perder pontos pelas ausências dos habituais “homens golo”.
É certo que o AVS SAD goleou na deslocação à Capital do Móvel. Mesmo sem Nenê, melhor marcador da equipa e, também, do campeonato, a formação de Vila das Aves demonstrou que não precisa de depender de um goleador para conseguir chegar ao golo.
Talles foi titular no lugar de Nenê e abriu o marcador, seguido por Mercado, que bisou, e Yair Mena. Fica a dúvida, será que é mesmo preciso uma equipa depender de um homem para marcar?

A resposta é simples. Cada treinador monta a equipa consoante a sua ideologia tática. Contudo, são necessárias alternativas para quando há uma contrariedade e o atleta que faz mais golos não pode ir a jogo.
Jorge Costa, treinador do AVS SAD, não mudou as dinâmicas e optou por colocar a equipa a jogar da mesma maneira quando tem Nenê em campo. Com os extremos bem projetados e os médios a procurar sempre a bola nas costas para aproveitar a corrida de Mercado e Stênio, de modo a que os extremos encontrassem o caminho da baliza ou a melhor maneira de servir o avançado Talles, este mais posicional. Estratégia bem-sucedida, uma vez que, mesmo com uma ou outra desatenção da equipa adversária, os golos surgiram todos dessa mesma forma.
Em muitos casos a equipa, quando há uma lesão ou expulsão do goleador, não consegue chegar ao golo. Isto acontece porque as dinâmicas estão muito viradas para aquela ideia, que tende a correr bem. Mas, e quando não corre?

Temos o exemplo do clássico entre o FC Porto e o Sporting CP da última jornada da primeira liga portuguesa. Os leões conseguiram chegar ao empate, mas até à entrada de Viktor Gyokeres não havia sinal de perigo na baliza defendida pelo guarda-redes portista. Paulinho não conseguia fazer os habituais movimentos de rotura, caraterísticos do sueco, e o Sporting não conseguia desmanchar a defesa azul e branca.
O Manchester City, de Pep Guardiola, conseguiu ser campeão na temporada 2021/2022, sem que nenhum jogador se destacasse pelo número de golos marcados e, mesmo assim, terminou como melhor ataque da prova, com 99 golos marcados. Kevin De Bruyne foi o melhor marcador da equipa com 15 golos, seguido por Sterling (13) e Mahrez (11).
O segredo está na preparação da época e no fio de jogo que cada treinador implanta na equipa. Marcar e golear sem um goleador é possível, sim. Basta as ideias estarem bem vincadas e o coletivo superiorizar-se ao individual.