A verdade de verdade, e as verdades do futebol português

    Ainda sobre a verdade de alguns que parecem viver em realidades paralelas ou nos querem fazer parecer uma coisa que nunca o foi, há pouco mais de duas semanas (curiosamente mais ou menos no mesmo período em que circularam umas escutas a um badalado blogger) surgiu um novo blog que, segundo os mesmos, defende a verdade desportiva, chegando mesmo à arrogância de usarem esse termo para se auto-intitularem.  E qual é essa verdade?  Uma muito própria que somente admite que existem maus exemplos e maus actos no Sporting. E uma vez que também condena que uma claque seja comandada por dois portugueses (e para os que vierem dizer que a claque de portugueses insultou outros portugueses, devem também recordar um grupo de portugueses que tentou agredir um português), a quem a liberdade permite ser do clube que bem lhes apetecer, facilmente conseguiremos perceber a que cor clubística deste “novo” blog se associa. Um blog com uma verdade muito própria, a sua, que não consegue vislumbrar as verdades que acontecem em outros estádios em Portugal, como por exemplo os que desintegram quando surge uma qualquer brisa, senão no Sporting.

    Esta é mais uma prova de que a verdade diária de determinados clubes não é a imagem (bem conseguida) de uma campanha solidária (dizem que foi copiada, não sei se é, mas se for também não seria a primeira, e a mensagem é excelente, o que só mostra inteligência, por se copiar algo bem feito) em que fomenta a igualdade, e o respeito por escolhas e crenças diferentes. Para que isso fosse a sua verdade teria também que a praticar, regendo-se de tão elevados e respeitados valores, mas não é isso que acontece semanalmente nos programas desportivos e restantes meios de comunicação por pessoas que estão ou estiveram ligados a esse mesmo clube.

    O presidente do Sporting ainda tem muito obstáculo por morder neste mandato Fonte: Sporting CP
    O presidente do Sporting ainda tem muito obstáculo por morder neste mandato
    Fonte: Sporting CP

    Mas há mentiras que passam a ser verdades por tantas vezes serem repetidas.  E uma destas manhãs estava a ver um canal desportivo que convidou dois humoristas para o rescaldo do clássico. A certa altura percebo que o afecto ao clube do Seixal respondia a todas as questões falando do Sporting,  Bruno de Carvalho ou Jorge Jesus.  Percebi que a táctica daquele clube está a resultar, e a sua verdade a passar para os seus seguidores.  É já uma doutrina, até porque este, com tal discurso, parecia um verdadeiro adepto dos sermões de um “pequeno” sacerdote que todas as segundas-feiras à noite prega num programa de debate desportivo. Esperem, desculpem, com essas características existem vários e é efectivamente difícil distingui-los uns dos outros, tanto pela baixeza, como pelo discurso. De qualquer forma, todos eles encaixariam perfeitamente neste perfil, pelo que não precisarei de ser muito mais específico para entenderem a doutrina seguida.

    A verdade de verdade, essa, continua a ser manipulada por quem quer desviar atenções dos reais problemas do futebol em Portugal, e das artimanhas de bastidores que todos admitem existir, mas chutam para canto, ou assobiam para o lado com a desculpa de não se poder fazer muito, ou de que há justiça para investigar esses assuntos. Mas qual justiça? A que todos os dias criticamos pelas injustiças praticadas? Estamos efectivamente bem entregues. Enquanto isso, continuemos alegres a viver na verdadeira mentira.

    Entretanto o homem que levou os 113 dias de castigo, esse. continua a defender medidas que minimizam a margem de erro nos intervenientes do futebol, estando algumas, agora, a ser aceites e implementadas. Talvez seja por não se querer tanta verdade no futebol que surjam este tipo de castigos.

    Foto de capa: Sporting Clube de Portugal

    Artigo revisto por: Diana Martins

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.